Choque

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Quando acordei o pequenino ainda estava a dormir. Fui tomar banho e vesti-me. Olhei para o relógio e eram sete e meia, ainda tinha imenso tempo, então fui à cozinha, fiz quatro torradas e levei uma taça com leite um copo com sumo de laranja para mim. Assim que abri a porta o Ruca acorda, eu coloquei-o na casa de banho, em cima do plástico para ver se ele se habituava a fazer as necessidades ali, o que até agora está a resultar. Meti a taça com leite no chão, juntamente com duas torradas partidas aos bocados para ser mais fácil ele comer, e comecei a tomar o meu pequeno almoço. Eu precisava de ir a uma loja de animais urgentemente para comprar a ração, uma trela e uma bola porque não tarda nada ele começa a morder as coisas que eu tenho no meu quarto. Quando acabei de comer, peguei no Ruca ao colo e meti-o na casa de banho, juntamente com uma tigela com água visto que ele ia passar a manhã ali fechado. Peguei no meu skate e na mochila e fui para a escola. Quando cheguei eram oito horas em ponto e eles, para variar já estavam lá à minha espera.
- Olá, tudo bem? - perguntei cumprimentando cada um.
- Está tudo fixe e contigo? - respondeu o Simão.
- Ya, comigo também... - respondi. - Nem sabem o que me aconteceu...
- Conta, conta! - disse a Madalena curiosa.
- Ontem, quando sai da tua casa - disse apontando para o Simão - encontrei um cão bebé, muito querido e fiquei com ele, chama-se Ruca.
- A sério? Quero vê-lo - disse a Mada entusiasmada.
- Eu também o quero ver... - informou o Simão.
- Ok, depois das aulas eu vou buscá-lo... Agora eu tenho de ir para as aulas. Até já pessoal!
- Adeus - despediram-se.
Quando entrei dirigi-me para o meu lugar, abri o meu caderno e abri a lição. Como já tinha tocado, mas o professor ainda não tinha entrado na sala estava toda a gente sentada em cima das mesas a falar alto, reparei que o Diogo não estava presente, enquanto isso, eu estava perdida nos meus pensamentos, quando de repente senti tocarem-se no ombro, olhei para trás e era a Luísa com outra rapariga que eu não sei o nome.
- Olá gaiatinha, olha nós felizmente não nos conhecemos, mas eu ando a ver-te demasiado próxima do meu namorado, o Vasco... Mas para que conste, ele é meu, e não és tu que me vais roubar ouviste bem?
- Hahahaha miúda tu és ridícula, eu não estou minimamente interessada no Vasco, e agora é melhor dares o bazo antes que a gaiatinha se passe.
- Mas quem é que pensas que és?! Tu não falas assim comigo.
Antes de eu poder dizer outra coisa, o professor entrou e ela foi para o lugar.
Que miúda irritante e mimada. A meio da aula notei que estava a ser observada, olhei discretamente para os lados e para trás e notei num par de olhos castanhos a olhar para mim, era o Vasco que olhava para mim com um olhar estranho. Voltei a virar-me para a frente e como estava a sentir-me desconfortável, pedi:
- Professor, posso ir à casa de banho, por favor?
Ele olhou para mim e disse:
- Sim, vá lá.
- Obrigada. - agradeci.
Levantei-me e sai da sala. Dirigi-me à casa de banho, onde lavei a cara. Quando estava a voltar para a sala, ouvi umas vozes que me eram familiares. Escondi-me atrás de um poste e espreitei, vendo o Diogo a falar com uma rapariga ruiva com olhos castanhos, eles pareciam estar a discutir, mas ao mesmo tempo pareciam ser bem íntimos, eu, infelizmente não conseguia ouvir a conversa. Quando estava mesmo quase a ir-me embora à um movimento que me chama a atenção e quando eu olho para eles, vejo que afinal eram bem mais que simples amigos, eram namorados, estavam a dar um beijo. Eu comecei a correr em direção à casa de banho, sem querer acreditar no que tinha visto. Mas porque é que eu estava a chorar? Eu mal o conheço? Porque é que eu me importei? De certeza que não estou a chorar por ele, devo estar mais frágil, de certeza que o período está quase a aparecer, não há outro motivo para eu reagir assim, claro que é isso Teresa, é o período, afinal de contas à imenso tempo que eu não choro, ainda mais por causa de um rapaz. Recompus-me e voltei para a sala. Não sei porquê mas a imagem daquela rapariga a beijar o Diogo não saia da minha cabeça, e parecia que me estava a destruir... Deve ser impressão, só pode ser isso! Hahaha eu chorar por um rapaz? Eu? Teresa? A chorar por um rapaz? Isso é impossível. Então se é assim tão impossível porque é que eu estava assim?

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