Capítulo 28

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-Ele vem com a gente. -sussurra. -Estamos sem tempo.

-Vai levar um guarda com a gente?! -sussurra, tomando cuidado pra não gritar.

-Vamos sair logo daqui. -manda.

       A agente foi a primeira a passar pelo buraco, já que com uma troca de olhares ela e Carnegie resolveram que uma precisava abrir o caminho, e a outra ficar na retaguarda e não deixar ninguém ficar para atrás. Eram mais pessoas do que Elisabeth esperava que fosse, inclusive tinha desistido de contar quando passou dos quinze, e só descidiu deixar nas mãos de Carnegie e torcer pra que Michael enviasse um "socorro" rápido e grande.
   Com armas em punho Julie liderou a saída daquela prisão, tendo consciência de que certamente ela e Rostova tinham derrubado metade dos guardas daquele lugar, o que significa que a outra metade deveria estar lá fora lutando contra Richard.
     Ela parou na bifurcação que as duas tinham usado como refugiu minutos atrás, olhou para os dois lados, e somente depois empurrou a porta para sair daquele lugar. Foi instantâneo, o som de tiros do lado de fora atingiu imediatamente os seus ouvidos e assuntou as pessoas que estavam sendo resgatadas. Becker retirou mais uma arma da cintura com habilidade e usou as duas mãos para atirar em dois guardas que surgiram perto da cerca.
    
-Protejam as cabeças! -escutou o grito em russo da criminosa.

     Os homens que apareciam no seu caminho mal tinham tempo de pensar antes de ser derrubados por um tiro certeiro da Francesa, que continuava andando em direção ao portão principal. Eram tiros limpos, um atrás do outro, e havia somente um pensamento insistindo na sua mente naquele momento:

-Onde merda está o Morgan?! -grita irritada.

    Olhou ao redor, tentando não desviar seu foco da troca de tiros que havia naquele pátio e se ferir no processo. Mordeu o lábio inferior por não conseguir encontrar nem a sombra do seu parceiro, e decretou que primeiro deveria tirar aquelas pessoas do fogo cruzado, e depois voltaria por ele.
   Atirou nas coxas de um grupo de guardas que saiu das torres, e ergueu o rosto para ver se não havia ninguém no alto que pudesse feri-los. Sorriu de lado. Richard tinha feito um bom trabalho.

-Becker!-grita Carnegie.

     Ela despertou do transe, virou e atirou contra mais dois inimigos. Não havia muito tempo para verificar se  a equipe toda tinha feito como ela mandara, precisava manter todos ali vivos, então voltou ao modo automático e mecânico de apertar o gatilho conforme seus reflexos indicavam, e aumentou as passadas. Estavam chegando ao portão, mas essa não era inteiramente uma notícia boa, porque logo adiante conseguiu avistar a barreira que os guardas faziam em frente a única saida viavel e ainda não tinha certeza de como passaria por eles.

-Algum plano - questiona, vendo Carnegie atingir dois homens.

-O meu papel é atirar, e o seu é pensar. Não misture as coisas. -responde ofegante.

-Obrigada pela ajuda. -ironiza.

-Sempre a disposição. - Responde no mesmo tom.

   A verdade foi que Elisabeth nem precisou pensar em alguma coisa, até porque quando voltou a se consentrar no problema que tinha em mãos, pode ver os corpos despencando como uma trilha de dominós contra o chão do local. Franziu a testa surpresa, e ergueu os rosto para entender o que exatamente estava acontecendo naquele, seus olhos nunca analisaram um cenario tão rapido na sua vida, e foi como se houvesse um imã a atraindo exatamente na direção certa. Richard estava literalmente em cima do muro, atirando contra os soldados enquanto se equilibrava pra não ser cortado pelos arames farpados. Elisabeth se perguntou o que aquele imbecil estaria fazendo ali, sabendo do risco de escorregar e se ferir gravemente. Mas não ficou muito tempo observado a falta de cuidado do parceiro, tinha que aproveitar a brecha e tirar as pessoas dali.
   Ergueu a arma em punho e eliminou os últimos que insistiam em permanecer em pé, tomando o cuidado de atirar somente em partes que garantiam a sobrevivência deles depois, pois não queria deixar nenhuma das criança que conhecera órfã.
   Os portões se abriram, e um suspiro de alivio saiu dos seus lábios quando viu um caminhão militar parado bem na porta, prontinho pra levar eles pra longe. Deixou que Carnegie assumisse a liderança e se pôs a ajudar o parceiro a descer daquele muro.

Agent Becker 2Onde as histórias ganham vida. Descobre agora