Capítulo Treze

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Victor Decker:

À medida que seguimos o som da água corrente, o túnel se alargou gradualmente, revelando uma caverna subterrânea vasta e impressionante. A luz mágica que emanava das paredes revelou estalactites e estalagmites que brilhavam como diamantes, criando um espetáculo digno de um conto de fadas.

Nosso caminho nos levou até a margem do rio subterrâneo, cujas águas eram cristalinas e pareciam radiar uma energia calma e misteriosa. A correnteza fluía com suavidade, sua origem e destino ocultos nas profundezas do mundo subterrâneo.

— A parte do cetro deve estar em algum lugar ao longo deste rio. — murmurei para Puck enquanto observávamos a cena deslumbrante diante de nós.

Puck acenou com a cabeça em concordância, seus olhos brilhando com uma determinação resoluta. Estávamos aqui para uma missão, e nada nos deteria.

Nosso próximo passo era claro. Precisávamos encontrar uma maneira de atravessar o rio e continuar nossa busca. Olhei para as paredes da caverna e notei uma série de raízes grossas e retorcidas que pendiam das estalactites, algumas delas alcançando até a superfície da água.

— Talvez possamos usar as raízes para cruzar o rio. — sugeri.

Puck examinou as raízes, avaliando a ideia. Ele assentiu, concordando com meu plano.

Com cuidado, começamos a nos aproximar das raízes pendentes e testamos sua força, certificando-nos de que elas aguentariam nosso peso. Uma vez confiantes, começamos a nos balançar nas raízes, usando-as como cordas de liana em uma selva subterrânea.

Enquanto cruzávamos o rio, as águas límpidas sussurravam segredos ancestrais, e a luz mágica fazia com que as gotas de água cintilassem como estrelas. Era uma jornada que nos levava mais fundo nas entranhas do mundo feérico, e nossos corações se enchiam de expectativa e ansiedade.

Do outro lado do rio, a paisagem subterrânea se estendia como um labirinto de maravilhas e perigos desconhecidos. Mas estávamos determinados a continuar nossa busca, pois a parte perdida do cetro era nossa única esperança de reverter o curso sombrio do destino que se desenrolava diante de nós. Este era apenas o começo de um novo capítulo de nossa aventura, um capítulo repleto de enigmas, desafios e magia feérica.

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Arrastei Puck pelo corredor estreito, que parecia se contrair à medida que avançávamos, com o frasco de líquido marrom firmemente em minha mão. Minhas percepções se retorciam e desdobravam como as camadas de um quebra-cabeça complicado, enquanto o gosto amargo do líquido atingia meus lábios.

Meus músculos pareciam encolher, e meus ossos estalavam, como se meu corpo estivesse sendo comprimido por forças invisíveis. Uma sensação de sufocamento se apoderou de mim enquanto o corredor parecia se expandir e contrair, brincando com minha percepção de espaço.

Puck seguiu o meu exemplo, bebendo do frasco, e em segundos ele estava ao meu lado, com um grande sorriso de alívio no rosto.

— Isso foi terrível — ele disse, sua voz carregada de desagrado.

Finalmente, encontramos uma porta cuja fechadura coincidia com a chave que eu tinha em meu bolso. Com um movimento rápido, destranquei a porta e adentramos o que parecia ser um novo mundo.

Ao emergir, escalamos um monte de terra e olhamos em volta. Um jardim de flores se estendia adiante, erguendo-se em altas colunas de cores vivas que projetavam sombras hipnotizantes. Entre as aberturas entre os talos das flores, que mais se assemelhavam a troncos de árvores, uma praia se estendia ao longo do horizonte, e pude ver Rabido correndo com suas pequenas pernas em direção ao mar.

Puck travou seu olhar em mim e piscou os olhos antes de me observar atentamente.

— Parece que temos visitantes — uma voz áspera de bruxa ecoou repentinamente, como um vento inesperado varrendo o jardim. — Há quanto tempo não recebemos visitantes tão deliciosos?

— Em nossos anos passados ou nos anos vindouros deles? — Puck respondeu com uma pitada de sarcasmo.

— Na verdade, não importa. Estava apenas enfatizando a raridade da ocasião.

Várias flores-dente-de-leão começaram a sacudir suas pétalas, que mais pareciam flocos de algodão, emitindo sons que lembravam resmungos. Pequenos globos oculares saltavam das sementes felpudas das flores, como antenas de caracóis. Mais adiante, um gerânio se inclinou no meio de seu caule e abriu um balde que estava no chão. As palavras "Pulgões" estavam escritas em vermelho brilhante. A flor capturou um inseto azulado do tamanho de um rato, cutucando-o com sua extremidade e devorando-o, com a saliva escorrendo por suas pétalas que se assemelhavam a um queixo. Suas pálpebras se fecharam sobre a presa.

— Puck, temos que correr! — Eu o puxei, alarmado.

As flores começaram a gemer e a cortar seus caules do solo, suas bocas se abrindo com dentes longos e pontiagudos, claros e escorrendo uma baba viscosa, como pingentes de gelo. O primeiro dente-de-leão careca se soltou do solo, revelando braços e pernas humanos. Usando suas raízes como serpentes, ele se impulsionou em nossa direção. Ainda segurando um galho de hera como chicote, ele o enroscou no pescoço de Puck, que tentou cortá-lo, mas o puxão veio com força, derrubando-o.

— Puck! — Peguei seus pulsos e iniciei uma luta desesperada contra a flor sibilante.

— Você é uma vergonha para este mundo, associando-se a criaturas assim — outra flor rosnou, se contorcendo em sua cova de terra a alguns metros de distância. Foi então que percebi que essas não eram flores de verdade. Quando se desprendiam do solo, braços e pernas humanos surgiam. Eram seres híbridos, parte humanoides, parte plantas, com múltiplos olhos fixos em nós.

Uma sensação de sufocação me dominou enquanto observava Puck lutar em vão contra o controle dessas criaturas vegetais.

— Venha — murmurei, mostrando minha espada e apontando para as flores. — Não vou fugir.

As flores-zumbis uivaram e lançaram seus ramos em nossa direção, enroscando-se ao redor de nossos tornozelos. Serpentes de hera tentavam subir por nossas pernas, mas eu as cortei com a espada, ouvindo os lamentos das flores quando as ataquei.

Meu colar começou a brilhar intensamente, e em questão de segundos, uma explosão de magia se desencadeou. Puck foi libertado do domínio das plantas e caiu de bruços no chão, enquanto as flores tremiam sob o impacto da magia. Algumas delas estavam queimadas e desintegradas pelo poder da explosão.

— Por favor, não nos machuque mais — elas disseram, em choque e confusão, enquanto seus olhos múltiplos se fixavam em nós com uma expressão de medo.

A luz mágica que havia emanado do meu colar começou a se dissipar, revelando o cenário caótico que restou após a explosão de magia. Puck se levantou lentamente, sacudindo-se para se livrar dos resquícios de hera que ainda estavam agarrados a ele.

As flores híbridas, agora feridas e assustadas, recuaram um pouco, suas pétalas trêmulas e dentes afiados diminuindo a agressividade. Elas não pareciam mais tão ameaçadoras como antes.

Respirei fundo, tentando recuperar o fôlego depois da luta contra as plantas zumbis. Meus olhos continuavam fixos nas criaturas, uma mistura bizarra de seres humanos e vegetação.

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Até a próxima 😘







Anjo das sombras | Livro 3: O País Das MaravilhasWhere stories live. Discover now