The Powerless Girls

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O som absurdamente alto faz parecer que meu cérebro está sendo triturado com pedras, o cheiro de bebida está impregnado no ar quente que serpenteia pelos corpos que se agitam no meio da multidão

Pego uma garrafa de algo alcoólico - que não me dou o trabalho de ver qual é - e viro de uma vez, o álcool queima minha garganta e meus olhos lacrimejam. Provavelmente não é uma boa ideia me embebedar no estado furioso em que me encontro

As palavras daquela maldita ainda estão vagando na minha cabeça, quase posso sentir elas em meu organismo, me infectando como um maldito vírus. Viro a garrafa mais uma vez, dessa vez com um pouco mais de força e o impacto faz meus lábios se chocarem com meus dentes, o gosto metálico invade minha boca e eu me xingo mentalmente.

Sinto meu celular vibrar no meu bolso de trás e me controlo ao máximo para não joga-lo do outro lado do cômodo.

- Você aqui? - Freddy aparece ao meu lado gritando um pouco por conta da música absurdamente alta, usando a mesma roupa de hoje cedo, como sempre apesar de estar com um copo vermelho nas mãos e os cabelos completamente desgrenhados, parece completamente sóbrio. - Não achei que viria, problemas no paraíso?

Eu estou prestes a mandar ele ir ao inferno quando sinto todo o ambiente mudar, meu corpo pegar chamas e subitamente todo o oxigênio parece sumir do ambiente caótico e fechado em que estamos

Cada nervo do meu corpo parece arder e meu sangue parece lava me derretendo de dentro para fora

E eu já sei quem é que está atrás de mim muito antes de Freddy deslocar os olhos de mim com um sorriso no rosto para a pessoa e dizer

- Damon, parece que a Dothy resolveu aparecer.

2 horas antes

É a primeira vez que vejo meu pai tão nervoso assim, andando de um lado para o outro conferindo o relógio a cada 5 segundos, esse jantar deve ser realmente importante para ele, apesar de eu não entender muito bem o porquê.

Se ele quer casar com alguém vá e se case, não precisa da nossa aprovação nem nada do tipo.

Lindsey dá um último grito avisando que logo logo vai descer e eu escuto Blossom suspirar impaciente, continuo analisando nossas fotos que estão espalhadas pela sala, não dando muita atenção a toda a comoção que está acontecendo no centro dela.

Meus olhos repousam em um quadro em especial e sinto algo dentro de mim parar, e então eu não escuto mais nada

Pego o quadro em específico em minhas mãos e meus dedos modelam o rosto de minha mãe, como se pudesse toca-la de alguma forma, seu cabelo ruivos estão presos de em um coque desajeitado e vários cachos escapam, uma mancha de tinta vermelha está em sua bochecha e em todo o seu macacão, ela claramente não está prestando atenção na foto porque está ocupada demais gargalhando por algum motivo enquanto segura Lindsey, que também segura um pincel e está igualmente suja e gargalhando.

Eu me lembro desse dia, nós estávamos pintando o laboratório do professor, minha mãe sempre teve um talento para a pintura. Costumava nos incentivar a pintar mas nenhuma de nós nunca se interessou realmente, e ela não nos forçou a continuar com nada.

Um dos momentos em que eu a via mais feliz era com o pincel em mãos, o outro era quando estava nos braços do professor, e o último era quando ia nos ver em alguma apresentação idiota na escolinha, eu podia jurar que via seus olhos brilharem em nos ver usando aquelas fantasias ridículas falando tudo embolado e atuando de uma forma péssima.

Há coisas que eu nunca serei capaz de esquecer, como a forma em que seus cabelos nunca pareciam arrumados não importava o quando ela os arrumava, o jeito que seus olhos brilhavam toda vez que olhava para o meu pai com a mais pura admiração e amor.