A única pessoa capaz de aturar meu humor de shitposter e meu jeito ranzinza de velho é Naruto Uzumaki, que, vejam bem, é a atual causa dos meus tremores, hiperventilação e unhas roídas. Ah, karma, se eu te encontro por aí eu te moo no soco. Te afofo na porrada, seu filho da p**a.

E quem diabos é Naruto Uzumaki? vocês devem estar se perguntando. Bem, Naruto Uzumaki é ninguém mais ninguém menos do que o meu (suposto) melhor e único amigo, e também quem vem me dado pesadelos pela última semana inteira. Ele é o tipo de moleque que nunca tira o sorriso do rosto, que quer sempre ajudar o próximo, faz o bem sem olhar a quem, que nunca desiste, está sempre animado, é compreensivo, como um ajo hiperativo. O meu completo oposto.

E eu, como o ser brilhante que sou, me afastei completamente dele e dei o meu melhor para ignorar sua existência nos últimos quatro anos. Só que agora eu estou de volta, e é mais do que óbvio que ele nunca mais vai olhar para a minha cara linda, porque eu fui um tremendo vacilão. Mesmo que eu tenha consciência disso, pedir desculpas é uma coisa que eu não sei fazer. Não só isso, claro; como diabos ele vai me perdoar depois do que eu fiz? Qual é, eu não tenho chances. Além de que, nesse meio tempo, ele com certeza deve ter mudado. É muita ignorância da minha parte achar que ele continua o mesmo Naruto compreensivo de sempre.

De qualquer forma, Naruto já devia saber que eu estava voltando àquela altura do campeonato. Comentei com Neji, que, por mais que fosse um conselheiro excelente e bom em guardar segredos, sempre foi fã de uma boa fofoca. E eu não pedi para ele manter segredo, então provavelmente a cidade inteira já sabia. É osso, viu?

Considerando a situação como um todo, só havia uma saída possível: cafeína. E sim, tomar café quando você está ansioso é uma péssima ideia, eu sei, mas já se tornou um hábito por aqui. É uma tradição da linhagem Uchiha, passada de geração em geração. Um vício hereditário, por assim dizer, além de ser um código secreto para "socorro eu vou surtar".

Portanto, quando eu casualmente perguntei para o meu irmão se, por um acaso do destino, ele tinha café, tanto Itachi quanto Shisui se viraram para mim com uma sobrancelha erguida e um semblante expressando uma pequena preocupação.

— 'Tá nervoso? — Itachi me perguntou, sacando uma daquelas latinhas com café gelado.

— É difícil não ficar, né?

— Larga a mão de ser sarcástico, isso não vai te levar a lugar nenhum. — Shisui resmungou. — Ficar agindo como o maioral não vai esconder o gatinho medroso que você é, Sas.

— Cala a boca, Shisui. E tira esse sorriso do rosto, seu sádico.

— Okay, okay. — Falou, mas eu ainda conseguia ver aquele sorrisinho desgraçado. — Mas, qual é, Sas, são seus amigos. Eles não vão, sei lá, te odiar pelo resto da sua vida.

— É, claro, isso estaria muito correto se não houvesse um porém nessa história toda.

— Que seria? — Itachi decidiu se virar de uma vez para mim, e eu me senti extremamente julgado por ele, admito.

— Então, é que assim, né, eu não falei com ninguém antes de ir embora. E, tipo, eu meio que dei block em geral, menos no Neji. — Respondi, tentando ao máximo não transparecer o nervosismo que tomava conta de mim desde a semana anterior.

Eles ficaram quietos pelo que pareceu durar a eternidade, e nesse meio tempo eu quis apenas me afundar no banco e desaparecer de uma vez. Uma coisa era ser estúpido em silêncio — outra, bem diferente, era ser estúpido em voz alta. Estar sujeito aos julgamentos do meu irmão e, principalmente, aos de Shisui não era algo que eu queria. Mas fazer o quê? A merda já estava feita. Merda, não posso falar merda. Ah, caguei. Meu texto, minhas regras, eu faço o que eu quiser. Se alguém se incomodar, é só dar meia-volta e ir embora, a porta é logo ali, anjinho.

Um lance não verbalizadoWhere stories live. Discover now