Eu não me importei com as atitudes que ele tomou, perdoei quando me deixou sem maiores explicações, fiquei ao lado dele e dei apoio só para ser traída e humilhada.

Eu deveria ser sido menos ingênua.

Contos de fadas não existem, idiota.

Engulo meu orgulho ferido e acelero mais. Passo pelo hotel e paro na rua lateral, digitando uma mensagem para Mia. Demora um pouco, mas ela finalmente aparece puxando nossas malas enquanto se esquiva pelas sombras das árvores.

— Anastasia, o que está acontecendo? — ela pergunta apavorada, olhando para mim com olhos arregalados.

— Que horas é o vôo?

— Em duas horas no aeroporto de Catânia. Iremos até Roma, de lá para Nova York e finalmente Seattle. Desculpa a volta mas não consegui nada melhor.

— Não se preocupe, só precisamos sair da Itália.

— Está me assustando, o que diabos aconteceu?

— Você estava certa, a surpresa não foi uma boa ideia. — ela franze o cenho e se ajeita no banco.

— Como assim?

Sinto meu rosto esquentar, raiva e vergonha confitando no meu peito.

— Ele me traiu. — sussurro baixinho e quebro num soluço alto.

— É brincadeira, não é? — ela ri sem humor, balançando a cabeça negativamente. — Anastasia!

Minhas lágrimas aumentam, meu corpo tremendo violentamente. Mia soluça junto comigo e me abraça forte, esfregando meus cabelos delicadamente.

— Ai, Mia...

— Me deixa dirigir, você não está em condições.

Assinto sem forças para discutir e desço do carro, dando a volta e subindo no lado do carona.

— Eu não acredito nisso. — Mia rosna e dá um soco no volante, saindo para o trânsito ignorando os outros motoristas. — Filho da puta escroto. — ela grita e mete a mão na buzina, cortando uma caminhonete. — Eu entendo que você quer ir, é o certo, mas sabe que ele vai te encontrar em qualquer lugar, não é? Principalmente em Seattle.

— Eu sei, mas por enquanto é o que eu posso fazer, não tenho outro lugar para ir. Tenho algum dinheiro guardado e meus pais me ajudarão, não preciso me preocupar com o financeiro.

— Você é esposa dele, tem direito a tudo que ele têm. — estremeço e lanço um olhar cheio de raiva para Mia.

— Eu não quero nada do Christian, só distância. Vou procurar alguma clínica para retirar o maldito rastreador e sumir será mais fácil. Preciso fazer isso antes que ele perceba, tenho até amanhã no máximo. Vou me estabilizar, arrumar um emprego e sair de Seattle. Tenho o apartamento em Los Angeles ou talvez seja o caso de até sair do país.

— Eu tenho um amigo que mora em Toronto. Ele e o marido são pessoas maravilhosas. Eles podem nos ajudar por lá até o bebê nascer e nós duas conseguirmos nos estabilizar. 

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