Capítulo 42

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Eu ia postar esse capítulo ontem, mas acabei dormindo mais cedo por causa de febre e tals, aí eu vou liberar esse agora e o próximo entre 18:30 e 20:30.

Também quero avisar que esse capítulo ta um pouquinho emocionante demais, então preparem-se.

Capítulo 42 - Self-defense

|Sam|
|👑|

A casa sem Anna ficava terrivelmente assustadora. Eu me recusava a falar com Lucca e me sentia patética por não ter conseguido abrir a porta que tinha no porão quando ele disse que os capangas iam me trazer porque ele tinha que resolver um assunto importante. Ao escutar as palavras 'assunto' e 'importante' senti um frio na espinha, não podia ser boa coisa, mas quando eu escutei o barulho do carro tive que correr de volta pra cima da casa porque ele poderia desconfiar.

Notícia boa, eu consegui sair. Notícia ruim, ele me viu no quarto dele e quis saber o porquê de eu estar lá, tive que mentir dizendo que estava entediada por estar sozinha e resolvi fazer um tour pela casa, e agora ele quer que eu durma com ele 'pra me sentir menos sozinha'.

E, aqui estou eu, deitada na mesma cama que esse mau caráter e tentando não dormir com medo dele fazer alguma coisa. Foi assim nas últimas duas noites. Eu não dormia com medo e tinha que passar o dia todo acordada porque também estava com medo.

Eu estava exausta, tirava uns cochilos quando ele ia comprar pão e, por isso, mal tinha tempo e energia para tentar abrir a porta do porão. Mas eu iria conseguir fugir nem que eu passasse dias acordada para não correr risco de ser abusada ou andando no meio do mato completamente perdida com medo de ser encontrada pelo maníaco ao meu lado.

Pensei na possibilidade de sufocar ele com o meu travesseiro, mas acho que nunca conseguiria viver com a morte de uma pessoa pesando sobre os meus ombros, mesmo que a morte fosse de um lunático psicopata.

Me revirei na cama escutando o ronco baixo de Lucca e o encarei. Ele estava completamente indefeso, se eu ao menos soubesse aonde ele guarda as chaves da porta da frente, eu conseguiria fugir numa boa. Pensando nisso, me levantei com cuidado e acendi a luz, lembro que o sono de Lucca é um pouco pesado e não vai ser uma lâmpada que irá acordá-lo, eu só preciso me movimentar com cuidado e calma.

Me arrependi de não ter feito as aulas de balé que minha mãe tanto queria. 'Você vai deslizar que nem uma lesma' ela dizia, na época era um pensamento bem estranho, mas agora bem que eu gostaria de deslizar que nem uma lesma e não pisar que nem um elefante com medo.

Eu eu sabia que ele dormia com a chave, então teria que revistar ele com muito cuidado.

Estava pronta pra olhar o pescoço dele quando o mesmo segurou meu pulso e eu levei um susto tentando me afasta, mas em vão.

-Lucca! - Murmurei e ele abriu os olhos me dando um sorriso de lado, um sorriso que fez eu sentir um frio na espinha.

-O que você pensa que está fazendo? - Ele me puxou com força fazendo eu passar por cima dele e deitar na cama, ele rolou pra cima de mim prendendo meus braços e pernas. - Bom, tenho uma novidade pra você, eu tive que tornar meu sono mais leve porque eu sei que você tentaria algo. Tenho sido bem paciente com você, Samantha. Não te pedi nada! E olha que você me deve tudo.

-Você está me machucando! Para! - Ele apertou os dedos nos meus pulsos.

-Você não está no direito de pedir nada, minha paciência acabou de se esgotar! Você é minha, entendeu?! - Ele colocou a boca nojenta por cima da minha e eu me remexi loucamente. Eu não ia deixar que ele fizesse aquilo comigo. - Para de se mexer!

-Para de me tocar! - Dei um chute nele e o empurrei pro lado, saindo correndo logo em seguida. Escutei o grito furioso dele enquanto eu descia as escadas correndo, adentrei a cozinha e remexi nas gavetas enquanto procurava uma faca, eu sabia que não conseguiria matá-lo, mas machucá-lo era uma boa opção, ameaçar de matá-lo também.

Peguei a maior faca que tinha na gaveta e aguardei enquanto ele descia as escadas furioso.

Quando ele entrou na cozinha, parou por um momento. Ele estava atônito, olhando para a faca em minhas mãos. Vi um corte na testa dele, provavelmente bateu em algum lugar.

-Abaixa isso, Sam, vai se machucar. - Ele disse se aproximando devagar e tentando controlar a voz.

-Vai pra trás, você não vai tocar em mim! - Falei levantando mais a faca, minha mão tremia e ele percebeu isso. Na verdade, meu corpo todo tremia.

-Suas mãos estão tremendo, você não teria coragem de me machucar. - Engoli em seco tentando encontrar coragem dentro de mim.

-Você quer mesmo pagar pra ver? - Ele veio na minha direção, e sem nem pensar eu fiz um corte no ar com a faca. Pegou na mão dele que estava estendida na minha direção, dei um corte bem fundo na palma dele e o mesmo gritou. - Eu to avisando! Se afasta! - Minha voz estava bem mais firme agora e ele me olhou com um pouco mais de medo.

-Por que isso tudo, meu amor?

-Eu não sou seu amor! Eu nunca fui! Você é um imbecil que sempre teve tudo ao seu favor, que gostava de chamar atenção e quando me tinha não me valorizou, me deixou ser uma chacota na frente de todos os nossos amigos. Quando eu te deixei, e encontrei uma pessoa melhor, você achou que tinha percebido a burrada que tinha feito, mas na verdade a única coisa que você sentiu foi seu ego ferido por eu ter encontrado alguém muito melhor do que você, mas que você nunca iria encontrar alguém que sequer chegasse aos meus pés. - Todas as palavras jorravam de mim com fúria. Eu chorava, mas não era de medo, nem de pavor, nem de raiva, eu chorava porque finalmente me sentia livre, mesmo que ainda estivesse presa naquela casa. - Você não mereceu ser amado por mim, e nem mesmo pela Júlia, você não mereceu nada de bom que acontecesse na sua vida porque você é uma pessoa horrível. - Ele esticou a mão para pagar a faca e dessa vez eu fiz um corte no braço dele, nem tinha percebido que estava perto do mesmo. Ele deu dois passos para trás, eu estava agora com a faca perto do pescoço dele, um movimento e eu acabaria com ele de uma vez por todas.

-Você vai me matar? - O medo estava estampado nos olhos dele.

-Eu deveria, por ter tirado a minha filha de mim e tê-la usado como isca, mas a morte pra você seria fácil demais. Eu quero ver você sofrer na cadeia, sozinho e provavelmente apanhando porque eu sei que você não vai conseguir ficar longe de confusão, e eu vou estar feliz com a minha filha e o pai dela que foi a pessoa que me mostrou o que é amor de verdade, que você não passou de uma ilusão adolescente. Um pesadelo.

Eu me afastei dele, sem dar as costas. Eu não sei o que passou pela cabeça dele, mas a fúria nos olhos dele ao me ver mencionando Shawn, ele me atacou.

Por causa da posição da faca, e do meu susto, ele veio diretamente na direção do objeto, que entrou na barriga dele até o cabo impedir de entrar mais.

Ele arregalou os olhos e eu soltei um grito pelo susto, o corpo dele cambaleou para trás e o meu fez o mesmo, a diferença é que eu estava em pé e ele caído.

Eu tinha certeza de que o tinha matado, e se não o matei seria questão de tempo até que estivesse morto.

Procurei por algum celular nos bolsos dele e não encontrei, apenas as chaves da porta e do carro dele.

Eu não podia mexer nele, não sabia em quê isso iria influenciar na morte dele. Poderia piorar a situação.

Foi em legítima defesa. Repeti isso pra mim enquanto conseguia sair para tentar buscar ajuda. Foi em legítima defesa.

O dia estava amanhecendo, o céu estava alaranjado, era um dia bonito.

Mas eu tinha matado um homem. Minha vida acabou.

•••

O próximo sai hoje ainda, como eu disse lá em cima. Até depois ❤

Suddenly Us - Shawn MendesOnde as histórias ganham vida. Descobre agora