a certeza de estar incerto

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As ruas e calçadas daquela cidade se tornaram quatrocentas vezes maiores quando alguém corria em pura pressa, mas mais parecia se arrastar sobre seus próprios pecados.

Mingyu nunca foi um homem de correr muito, apesar de seu porte atlético. Não era bem seu hobby correr ou ter de fazer apenas uma simples caminhada. E se bem que sair adoidado por aí acabou se tornando uma rotina em sua vida após tantos acontecimentos um tanto quanto perturbadores que o assombravam. Kim tinha apenas um rumo naquele momento, um lugar que, apesar de tudo, queria estar, mesmo achando errado e perda de tempo, Kim Mingyu queria ajudar alguém a abrir os olhos, alertar um homem apaixonado antes que ele quebre a cara assim como aconteceu consigo.

— É por um bom motivo, aguente. - Pensou bem na hora em que seu corpo parecia desistir e querer dar meia-volta, até porque bem no fundo ele sabia que não era uma boa ideia, que voltaria para a casa com os olhos marejados e enclausurado àquela tormenta de não ter feito o certo quando pôde.

A casa de Wonwoo não ficava tão longe da sua, e ainda sim Kim Mingyu se sentia como se corresse até a cidade vizinha. Talvez o peso das palavras que carregava o deixavam cansado, toda aquela sujeirada de emoções ruins impregnada em sua pele. Ao conseguir chegar aos pés da porta da casa de Wonwoo, o garoto bateu três vezes no objeto de madeira de carvalho, agachou rapidamente, mal aguentava a própria respiração saindo e tentando entrar em seus pulmões novamente. Enquanto esperava alguma resposta do outro lado da porta, imaginava como tudo o que fez foi em vão, pois ele mesmo conseguiu estragar o que mal havia começado. Se imaginou afundando em gargalhadas no peito de Wonwoo, pensou como seria bom passar uma tarde inteira apenas fazendo bobeiras e conversando sobre qualquer coisa, tomando um chá ou comendo besteiradas gordurosas. O baque ao se assustar com a porta sendo aberta ignorantemente fez com que suas imaginações fossem movidas para a área de descarte de sua mente.

Mingyu estava ansioso, esperava qualquer pessoa saindo pela porta de Wonwoo; esperava Jeonghan; esperava a mãe ou o pai do garoto; esperava até Seokmin sair de lá, já que soube que os dois haviam interagido em algum momento no campus. Mingyu esperava qualquer pessoa menos o americano que saiu com a droga de uma toalha enrolada na cintura.
E de repente diversos pensamentos surgiram na cabeça de Mingyu, como: O QUE CARALHOS ELE FIZERA PARA MERECER AQUILO???? Ninguém sabia, talvez nem mesmo Deus, mas Kim sabia que aquilo teria um fim, e ele podia ser bom ou ruim, mas teria.

— Nossa, seu machucado na boca já tá melhor, né? - Jisoo iniciou a conversa. O sorriso implacável rasgava seu rosto inteiro enquanto Kim dava um jeito infeliz de tentar olhar para qualquer canto, desde que não tivesse um americano de 1,78 de altura e um físico de causar inveja em seu ponto de visão.

E para ser bem sincero, Hong Jisoo ainda se perguntava o porquê de odiar seu ex-namorado mesmo após tanto tempo.

— Sim, recebi tratamento VIP de um carinha aí. - A fim de ignorar aquela chuva de informações ruins e constatações piores ainda, rebateu com algo que sabia que atingiria em cheio o peito do mais velho.

— Ah, o Jeonghan, né? Ele parece ser um amor, mesmo. - Piscou, cruzando os braços. Teria de encontrar alguma forma de provocar os sentimentos alheios, mesmo que tivesse nojo de dizer algo como aquilo, depois do que aconteceu.

De qualquer forma, não era culpa de Kim Mingyu.

— Anda espionando minha vida, Hong Jisoo? - Se aproximou, as sobrancelhas arqueadas e o coração acelerado por conta da aproximação. Não era bem sua intenção, então resolveu culpar os impulsos. Seu olhar furioso queimava o rosto do americano. Observou bem seus olhos, as bochechas ainda com gotas de água, os cabelos molhados e o queixo perfeito. Pensou que não adiantaria muito sentir ódio de alguém com quem a pura química se fazia presente.

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