Ele se enrolou desesperado na toalha que cobria o assento da cadeira.
- Foi mal, meu. Caralho... Foi muito mal.
Eu realmente não sabia o que dizer. Busquei uma resposta padrão na minha mente.
- Tá tudo bem. Isso acontece...
Acontece da onde? As pessoas não andam por aí apertando as mãos e esporrando na cara dos outros ao se apresentarem... Prazer, eu sou Zé, ó minha leitada aí, manda a tua também... Que porra eu tava pensando? Que merda eu tava falando... Senti um comichão no canto da boca e esfreguei com o dedo. O maluco arregalou os olhos e tentou segurar uma gargalhada.
- Nooossa! - ele tampou o rosto com as mãos - Saltou até na tua boca...
- Ah, tá tranquilo... Porra, de novo Matheus? O que tá tranquilo? Ter o sêmen do piá na tua língua?
- Meu... bah, mil desculpas... Nem sei o que dizer... Na real nem sei como tu tá aqui no meu quarto... Na real... quem é tu? Vai dizer que é assalto e amarraram toda a galera da casa e só sobrou eu aqui?
O tal do Roberto falava merda num modo tão surreal que fui obrigado a rir.
- Não tem assalto nenhum, maluco. Sou o namorado da Carol que veio te buscar. A Bia não te avisou?
O cara deu um pulo em direção a cama e começou a estapear o lençol.
- Achei! - ergueu o celular pro alto, ao mesmo tempo em que deixava a toalha cair. A bunda morena e com uns pelos pretos saindo do rego ficou virada pra mim.
- Caralho! - ele voltou a se cobrir - Só tô fazendo merda hoje .
Fitou a tela do aparelho por uns instantes e falou:
- Sim... Sim, meu. Tu é o Matheus... a pegada da Carolzinha.
- É...
- Ah... agora entendi a bagaça toda...- disse rindo - Sou o Beto, firmeza? - e me estendeu a mão direita.
A mesma mão que minutos atrás ele tava amassando o bombril. Devia tá fedendo a porra, cheirão de saco. Eu não ia ter que encostar naquilo ali. Ele me encarava com aquele sorriso idiota.
- Prazer, sou o Matheus - eu disse apertando com força a mão do Beto. Eu não estava acreditando no que estava fazendo...
- Que loucurada isso tudo, meu - o Beto falava de um gesto teatral - Bah, muita loucura! Eu tenho que tomar um banho ainda... Tu aguenta uns minutos aqui?
Eu fiquei parado olhando aquele gurizão moreno, que era um pouco mais alto que eu - devia ter 1,80, por aí - magro, quase esquelético, com uma barba cerrada bem desenhada e tinha um topete estiloso que parecia se equilibrar para não cair da cabeça, catar umas peças de roupa no armário como se o mundo estivesse prestes a acabar. Ele parou e me encarou, de novo.
- Bah... eu fodi tua camiseta né?
Olhei pra minha roupa todo salpicada de esperma e concordei.
- Pega uma camiseta minha ali no armário, meu. E me dá essa que já ponho pra lavar.
- Ahn... - mais resmunguei do que falei - Não precisa...
- Capaz, meu. Eu que fiz o estrago - disse o Beto rindo - E mais como que tu vai explicar chegar com essa camisa assim lá nas gurias?
Nisso ele tinha razão. Seria constrangedor demais só de pensar em tentar explicação o que tinha acontecido naquele quarto. Eu fiz menção de tirar a roupa, mas meio que travei.
- Qual é, meu? Tá com vergonha de mim? Tu já me viu pelado, de pau duro e mais - ele gesticulou simulando uma punheta no ar.
O maluco era muito palhaço, eu tinha que admitir. Sem alternativa, tirei a blusa e entreguei a ele. O Beto foi pro banheiro e comecei a procurar algo que eu pudesse vestir no seu armário. Tommy, Lacoste, Benetton, Cavalera, Colcci... O piá não tinha nada que custasse menos que vários dólares ali. Vi na prateleira de cima umas peças dobradas e pensei que podia encontrar ali algo mais simples. Amarelo não, nem verde... Ah... essa preta pode ser... Quando puxei com mais determinação a pilha de roupas vi um cilindro de plástico surgindo. Que porra um copo está fazendo aqui? Não era um copo, eu não tô acreditando...
- Isso é uma buceta de borracha?!
Sem saber o que fazer com aquilo, empurrei com força contra o monte de roupas, ouvi um barulho, senti uma ferroada na nuca e apaguei.
DU LIEST GERADE
enCUrralados.com
JugendliteraturBeto e Matheus acabam se conhecendo por namorarem duas irmãs. A primeira vez que se esbarram é um desastre que só piora a cada minuto em que estão juntos, até que ficam literalmente enCUrralados (em todos os sentidos que eróticos e sórdidos que a pa...