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Fechamos um mês de namoro.
Um mês a mais para nós.
Um mês a menos para ele.
De qualquer forma, era uma data muito especial, e é claro que eu preparei algo especial também.

Jughead ia enfraquecendo aos poucos, sendo tomado pelo câncer, e cada vez era mais difícil vê-lo pálido, fraco, cansado, andando com muita dificuldade, mesmo com a ajuda da muleta, tendo que lutar para que seu pulmão continuasse com o seu trabalho. Eu o ajudava como podia.

Reggie, o cara que acompanhou Veronica em sua viajem de férias, agora se mudou para Riverdale, mais precisamente, para a casa de Veronica, o que significa que eu tive que voltar a tomar conta de Polly. Confesso que eu fiquei triste por não passar 24 horas por dia com Jughead, mas reconhecia que minha irmã também precisava de mim, então eu passava a noite com ela, e o dia com Jughead.

Brownie passava a maior parte do tempo comigo, já que ele não tinha muitas condições de cuidar dele.

Tentei sair do quarto de Polly silenciosamente para não acorda-la, sem dizer onde ia. Eram 03:00 da manhã. Coloquei Brownie na coleira. O plano de sair em silêncio foi por água a baixo quando ele começou a latir para literalmente nada, enquanto eu fechava a porta.

— Onde você vai? — Perguntou Polly

— Vou... — Pensei em alguma desculpa — Para a minha casa, preciso pegar algumas coisas.

— Tão cedo?

— Sim. Foi mal. — Eu disse, voltando a fechar a porta. — Até depois

— Até. — Polly murmorou, desconfiada. Ela sempre desconfiava.

Fiz cara feia para Brownie, mas ele pareceu não ligar, então começamos a andar em direção ao quarto de Jughead.

A porta estava trancada, mas eu tinha a chave.

Entramos, também silenciosamente, e eu rezava para que Brownie não latisse outra vez. Por sorte, ele não latiu.

— Feliz um mês para nós — Eu falei baixinho em seu ouvido. Queria muito ter gritado e feito ele dar um pulo de susto, mas isso não é muito romântico.

Ele esfregou o rosto, enquanto eu alisava seu cabelo. Tão lindo, tão perfeito... Eu sou a pessoa mais sortuda do mundo.

— Que horas são? — Ele parecia confuso e cansado. — E o que você está fazendo aqui?

Eu o beijei.

— Hoje fechamos um mês de namoro — Eu sorri. — Temos que comemorar!

— Significa que eu tenho... — Seu olhar entristeceu. — Dois meses.

— Não! — Exclamei. — Não temos certeza de nada. — Cada palavra doía tanto... — Vamos comemorar nosso primeiro mês de namoro.

Ele sorriu, ainda triste, mas sorriu.

— Ah, e são 03:20.

— O que é que você está aprontando Cooper?

Abri o guarda-roupas e escolhi algo para Jughead usar, depois o ajudei a se vestir. Ele tomou alguns analgésicos e se conectou ao cilindro de oxigênio.

Quando terminamos todo o processo, eram quase 04:00 horas da manhã, exatamente a hora que eu havia planejando sair.

Saímos do quarto em silêncio, eu ia carregando sua maletinha. Passamos pelo corredor mal iluminado até o elevador. Depois até o estacionamento, e depois até o carro dele.

O ajudei a sentar, coloquei a muleta no banco de trás, e Brownie em seu colo.

Discutimos um pouco sobre quem escolheria a música que ouviriamos durante a viagem de 40 minutos, e por fim, eu tive que ceder.
Ele colocou primeiro a nossa música favorita, e depois músicas de uma banda que eu não conhecia, mas as músicas eram boas.

Na metade do caminho, Jughead já adivinhou onde eu estava o levando: Ao meu lugar especial. Como da primeira vez.

Subimos a grande montanha de carro, bem devagar, mas era mais fácil que caminhar para Jughead.

Eu o ajudei a desembarcar, e estendi dois panos azuis com listras pretas na grama, de frente para o nascer do sol, que aconteceria logo.
Eu deitei, e fiz sinal para que ele deitasse ao meu lado. Brownie se deitou entre nós.
As estrelas tinham quase sumido completamente, o céu estava claro e estava frio, mas agradável.
Ficamos em silêncio por um tempo, admirando a vista.

— Eu te amo Elisabeth Cooper — Ele disse, repentinamente, me pegando despreparada.

— Eu te amo Jughead Jones — Sorrimos. — Feliz nosso dia. — Eu o abracei.

Aos poucos o sol começou a aparecer, dando uma cor amarelada ao céu, é a coisa mais linda — Depois de Jughead, e claro — Que eu conseguia lembrar de ter visto em toda a minha vida.

— Sabe... — Ele disse depois de um tempo — Eu estava errado quando disse que só estava vivo por causa disso aqui — Apontou para a cânula em seu rosto. — Eu estou vivo por causa de você.

Eu sorri, sem saber o que dizer. Era bem ao contrário. Jughead que havia me ensinado a viver, ele era o grande motivo da minha vida, como todos tem um, ele era o meu.
O abracei mais forte, e encostei minha cabeça em seu peito. De alguma forma escutar o coração dele batendo me acalmava.

Tudo que tinha ali era eu, Jughead e Brownie, como uma família. Sem doenças, sem problemas, apenas nós e o mundo, como deveria ser.

Brownie assistia o nascer do sol com muita atenção. E depois de algum tempo, começou a correr enlouquecidamente ao redor das poucas árvores que haviam ali.
Jughead e eu assistimos suas estripulias, e depois, quando o sol já estava completamente inteiro no céu, nós voltamos para o carro e fomos de volta para o hospital.

Dessa vez fui eu quem escolheu as músicas.
Na metade do caminho paramos em uma lanchonete, compramos café e dois sanduíches.
Brownie nos assistia comendo com aquele olhar de coitadinho, e novamente, eu não resisti e dei um pedaço do meu sanduíche a ele.

❥ Living for you ⭞ᴮᵘᵍʰᵉᵃᵈOnde as histórias ganham vida. Descobre agora