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Sexta feira

Dormimos juntos o resto da noite, e na manhã seguinte tive que voltar correndo ao quarto de Polly, antes que a enfermeira que cuida dos tratamentos de Jughead nos visse. Tenho certeza que seria bem constrangedor.

Então me vesti, me despedi de Jughead — que ainda dormia — e sai às pressas, rezando para que Polly também ainda estivesse dormindo.

— Ora, ora, ora... — Disse Polly assim que me viu entrando.

Ah... Merda!

Eu fiz uma careta sem que ela percebesse.

— Elisabeth Cooper dormindo com um garoto... Quem diria não é mesmo?

— Você está doida? Não é nada disso — tentei disfarçar

— Qual é, sua blusa está virada — ela riu — E além disso, sua cara ja diz tudo

Revirei os olhos

— Podemos falar de outra coisa?

— Claro — Polly piscou pra mim. As vezes ela me irritava

— E os resultados dos seus exames?

— Bom... O médico disse que a cirurgia a algumas semanas atrás resolveu o problema da infecção, mas pode deixar sequelas

— Sinto muito — Falei

— Ah não esquenta... Vai ver volte ao normal longo do tempo... Pelo menos eu já me contentaria com um "quase"

— Mal vejo a hora de ver você bem

— Mal vejo a hora de ver você livre

— Nem vem, eu não me importo de estar aqui com você

— Claro, mil vezes melhor estar em um hospital do que na faculdade com a Veronica — Ela Ironizou

Foi então que eu lembrei.

A faculdade!

MEU DEUS! Eu já devo ter perdido umas 20 aulas — Pulei da poltrona — Vou pra casa buscar o Notebook

Antes que Polly falasse algo, sai correndo.

Mas enfim, de que adiantaria as aulas? Jughead não saia da minha cabeça sequer um minuto. Eu costumava ser boa em me concentrar na faculdade e nos estudos. Que merda está acontecendo comigo?

Andei até meu prédio e peguei a chave com os vizinhos com os quais eu havia deixado para que cuidassem do meu apartamento.

Decidi que faria as aulas alí mesmo, pois com certeza eu não me concentraria no hospital, com Polly falando no meu ouvido.

Mas o atrapalhava minha concentração, bem como meu sono, meus pensamentos e outras coisas, de verdade era Jughead.

Ele estava em todo lugar... E a noite anterior tambem, eu não queria sair de lá nunca mais. Finalmente havíamos dado certo. Eu precisava repetir isso a todo momento, porque realmente parecia um sonho.

Abri o Notebook sobre uma escrivaninha do meu quarto e coloquei a videoaula.

Durante os 10 primeiros minutos, eu lutei para deixar Jughead de lado pelo menos um pouco, mas quanto mais eu tentava esquecer, mais eu lembrava.
Seus lábios nos meus... Seu abraço quente e confortante, a noite passada... O passeio... Ele... Ele... Jughead... Jughead... Jughead...

— BETTY! Foco! — Dei uma batida na cabeça, como uma criancinha — Você tem uma vida além dele — Murmurava para mim mesma

[...]

A aula inteira foi a mesma coisa. Eu precisava lutar a todo momento pra tirar ele da minha cabeça, até que percebi que era inútil tentar, então desliguei o notebook no meio da aula, e fiquei deitada na cama, pensando na única coisa que eu conseguia pensar: Jughead.

Ele ainda não havia respondido as mensagens que eu tinha mandado a alguns minutos, e nem retornado as ligações, o que é normal quando se trata dele, mas me deixava um tanto preocupada.

Por volta das 11:30 eu voltei para o hospital. Jughead não estava no pátio e nem nos corredores. Tenho quase certeza que ele estava no quarto.
Decidi não incomodá-lo, talvez ainda esteja dormindo, ou simplesmente esqueceu do celular.

Meio dia em ponto, Veronica trouxe comida pra mim, para que eu não comesse a sobra de Polly, que já era mais que o suficiente. Mas ela insistia em seguir aquela dieta idiota que um médico mais idiota ainda, havia passado.

Durante a tarde, fiquei olhando o celular de 5 em 5 minutos, para ver se Jughead não havia respondido ainda. A meia tarde tarde o celular finalmente tocou. Eu pulei e quase caí de cara no chão para atender, mas era só uma tia querendo saber como estava Polly. E assim, passei o resto da tarde sem nenhum sinal de Jughead.

De tardezinha, resolvi ir até o quarto de Jughead, só por precaução. Vai que ele passou mal de novo e não me contou.

Meu coração estava apertado, querendo sair pela boca, eu estava tomada pela preocupação, o que havia acontecido com ele?

Chegando em frente ao seu quarto, bati na porta, mas nenhuma enfermeira atendeu — Agora, isso era bom ou ruim?

Eu sabia que Jughead estava ali dentro, eu o ouvia escrevendo, depois amassando um papel violentamente e o jogando no chão.
Ele estava me ignorando, ou talvez não tinha me escutado ali.

Bati de novo.
— Jughead?

Nada.

— Jughead você está aí?

Nada de novo, ele apenas continuou escrevendo.

Meu estômago embrulhou, e repentinamente uma sensação horrível tomou conta de mim, assim como da última vez que ele me ignorou, mas agora era 10 vezes pior.

— Eu sei que você está ai — Falei, encostando a testa na porta. — Aconteceu alguma coisa?

Silêncio.

— Eu fiz alguma coisa?

Pude ouvir ele amassando mais uma folha.

— O que você tem? — Perguntei, e de novo, sem resposta. — PORRA JUGHEAD! Por que não responde?

Respirei fundo, e tentei abrir a porta, que obviamente estava trancada.

— Fala comigo, por favor! — Falei, bufando — O que foi que eu fiz de errado?

— Vai embora — Foi a única coisa que ele disse antes de colocar uma música no volume máximo, a qual cobria qualquer grito que eu desse.

Eu fiquei ali alguns minutos. Minha mente estava a milhão. Eu a vasculhava procurando qualquer indício de que eu havia dito ou feito alguma coisa errada.
Foi então que a pior das lembranças surgiu. O estupro.

Talvez ele tenha me julgado mal por isso. E era a única coisa que eu não conseguia mudar.
Imediatamente voltei aí quarto, prestes a chorar.
Agora eu me sentia sufocada.

❥ Living for you ⭞ᴮᵘᵍʰᵉᵃᵈOnde as histórias ganham vida. Descobre agora