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— Caralho Cooper — Jughead disse, analisando meu corpo. — Você não pode fazer isso comigo! — me encarou e abriu um sorriso malicioso. Senti meu rosto queimar
Jughead estava vestindo um terno azul escuro, — Jamais achei que o veria de terno, a não ser no nosso casamento, é claro —, o cabelo penteado para trás, e o cateter no rosto. Ele ultrapassava todos os limites da beleza. Poderia ficar olhando para aquele Deus grego na minha frente infinitamente.

— Oi pra você também — Me estiquei para um beijo. — Pronto?

— Acho que sim

Então fomos de mãos dadas até o corredor do elevador, mas tinha uma fila enorme de pessoas também com câncer, e outras doenças. Algumas delas com cadeiras de rodas. Eu não suportei olhar.

— Você consegue descer a escada?

— É claro — Disse frustrado. Eu sabia que não era fácil para ele.

Fomos até a escada, que era assustadoramente longa, até para mim, eu carreguei sua maletinha enquanto descíamos, andar por andar, devagar de forma que ele conseguisse recuperar seu fôlego. Ainda mancava um pouco.
Na metade da penúltima escada ele parou. Sua respiração estava instável, e alta, seus pulmões estavam desesperados atrás de oxigênio, não consigo nem imaginar o quão horrível era isso.

— Está tudo bem?

— Está — disse, ofegante — Só preciso... — ele riu. Ele ainda conseguia rir daquela situação. — Respirar?

— Qual é a graça?

— É engraçado que você faz isso sem nenhum esforço, já eu preciso de um cano no nariz para conseguir, e ainda não é o suficiente

Meu coração estava apertado. Ver Jughead daquele jeito, querendo com todas as forças ser alguém normal, mas não conseguir, acabava comigo.
Eu queria trocar de lugar com ele, queria saber o que dizer ou fazer, mas eu não sabia, então apenas o abracei.

— Eu sinto muito. Muito mesmo

Ele sorriu triste.

— Vamos lá — Disse em seguida.

O pátio do hospital estava todo enfeitado com luzes, havia mesas em volta de uma pequena pista de dança, e uma mesa ainda maior no canto direito, cheia de doces e a frente, um palco bem mais iluminado. Havia uma banda lá, tocando uma música calma, e algumas pessoas dançando.
Já tinham muitas ali. Algumas com perucas, cadeiras de roda, muletas, a maioria eram pacientes com câncer, de todas as idades, incluindo crianças, mas também tinham outras pessoas, como parentes dos pacientes do hospital, amigos, pacientes com outros tipos de doenças, o grupo da faculdade que organizou o evento... Todos estavam convidados.
Avistei Veronica e Polly em uma mesa, a frente da pista de dança, e Jughead e eu nos sentamos com elas.

— Oi Betts, oi embuste — Veronica sorriu

Jughead me olhou de lado, e segurou a risada.

Depois de algumas horas de músicas, o grupo da faculdade começou uma palestra sobre câncer — que era o principal assunto da noite — E Jughead parecia odiar.

— O que foi? — Cochichei para ele

— São idiotas! — Cochichou de volta — Só falam sobre o lado menos horrível desse inferno

Foi quando um garotinho que parecia ter uns 4 ou 5 anos, apareceu na nossa frente (estávamos os dois virados para o palco). Ele não aparentava ter câncer, nem nenhuma outra doença grave, usava um gorrinho vermelho, e sua fala era enrolada, mas fofinha.

— O que é isso no seu nariz? — ele apontou para o cateter de Jughead, que fez uma expressão de "graças a Deus eu não preciso escutar essa palestra idiota"

❥ Living for you ⭞ᴮᵘᵍʰᵉᵃᵈWhere stories live. Discover now