Capítulo único

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Era estranho se sentir assim de repente. Zen se lembrava de Jaehee sempre estar ali ao seu lado, o apoiando e ajudando em sua carreira — ela era sua fã número um, com certeza. Lembrava de todas as vezes que ela o defendeu no chat, que chamou MC para assistir alguma peça dele e que torceu para que tudo desse certo. Agora ele só não conseguia entender de onde vieram todos esses pensamentos sobre a amiga.

Quando acordava, verificava se ela já havia mandado mensagem no chat. Quando ia trabalhar, dava o seu máximo para que ela ficasse ainda mais orgulhosa — se é que era possível. De tarde, sempre arrumava um tempo para passar na cafeteria, sem faltas. E quando ia dormir, fazia questão de lhe dar um boa noite. E, claro, sempre mandar fotos suas, com comentários sobre como é difícil ser tão bonito, no meio de todo esse processo.

No começo, há algumas semanas, acreditava que não passava de uma pequena preocupação amigável, já que estava aflito com todo o trabalho de Jaehee na C&R. Aí depois ela começou uma nova carreira na cafeteria que abriu com a MC e, bem, ele se preocupava com o negócio delas e torcia muito para que desse certo... Mas depois de todo esse tempo, não entendia porque ainda se sentia assim. A cafeteria estava a cada dia melhor, Jaehee ainda trabalhava duro, mas tinha mais tempo para pensar em si e tinha até deixado o cabelo crescer, já passando um pouco dos ombros.

Chegou a pensar que poderia ser apenas uma preocupação com sua fã, afinal o que é uma celebridade sem seus fãs? Mas... ainda não parecia ser só isso. Parecia ter algo a mais. Olhando com mais cuidado, pôde perceber que seus sentimentos e pensamentos eram sempre mais intensos quando se tratavam da amiga.

E foi então que em uma noite chuvosa, deitado em sua cama e encarando o teto, Zen teve sua epifania. Arregalou os olhos e piscou freneticamente, pensando em quão fodido estava. Jaehee era uma amiga, uma de suas melhores amigas. Ela era sua fã, mas não achava que ela o via assim. Se apaixonar por ela era um erro. Talvez se ele só ignorasse, tudo iria embora.

Mas os dias foram se passando e logo se transformaram em semanas. Tudo que ele sentia não estava indo embora, como ele pensava. Suas idas à cafeteria só lhe serviam para ele desastrosamente elogiar como ela estava bonita e depois desviar o assunto, falando de si e sua carreira. E ele tinha certeza que havia visto MC o olhar estranho um dia desses.

MC [23:30]: Zen? Está acordado?

E pronto. Foi só lembrar do ocorrido que ela já lhe mandou uma mensagem no privado. Passou as mãos nervosamente no cabelo platinado antes de responder:

ZEN [23:31]: Tô sim.

MC [23:31]: Eu queria perguntar uma coisa...

ZEN [23:31]: Pode falar!

Minutos, que mais pareceram horas, foram se passando e tudo que Zen via era "MC está digitando...", mas nada chegava. Já estava começando a ficar preocupado.

ZEN [23:39]: MC, tá tudo bem?

MC [23:40]: Desculpe... Podemos conversar amanhã na cafeteria? A sós

ZEN [23:41]: Ahn... Claro! Tá tudo bem?

MC [23:42]: Tá sim! Eu só preciso falar com você. Desculpe mandar mensagem tão tarde. Até amanhã!

Com o cenho franzido, Zen se despediu e colocou o celular de lado. Estava ainda mais encucado com a MC agora.

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O ator mal pisou na cafeteria, no dia seguinte, e MC correu o pegar pelo braço e o arrastar pros fundos. Ele estranhou a atitude, mas se deixou levar, acabando por parar dentro do estoque.

EstoqueWhere stories live. Discover now