A Dura Verdade - Parte II

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Passamos das 300 Views? MESMO???

AAAAAAHHHHH GENTE!!!! VOCÊS SÃO DEMAIS!!!!

Muito obrigada pelo carinho, pelas estrelas (continuem dando mais e mais estrelas, por favor!!! Elas ajudam o Labirinto a atingir mais gente^^), pela divulgação, pelos coments, por tudo!

Vocês fizeram uma autora feliz!!! *.*

E um SUPER obrigada especial pra BrunaCLibar e pra MariRamos08, as leitoras mais fieis e mais fofas que ja tive! Sempre comentando, sempre ajudando a seguir...

Sem mais delongas...

-♣-

– Ela te entregou? – perguntou Diná, incrédula, a boca aberta em espanto – Te entregou como se você fosse qualquer pessoa?

– Ela estava com raiva de mim, pelo que fiz...  – baixou os olhos e tentou controlar a tristeza. Logo o sol cairia do firmamento e teriam de voltar a caminhar. – não a culpo.

– Mas e sua filha? – os olhinhos brilhavam de curiosidade – Ela ficou com eles, né?

– Até onde sei deve estar grande e bonita. – o sorriso era triste, mas existia. Pensar em sua menininha sempre a deixava assim, com um misto de sentimentos – Ou pelo menos espero que sim... Desde que cheguei aqui perdi a noção dos dias. O tempo é muito relativo aqui dentro, lembra?

Sentiu a delicada mãozinhaacariciando suas costas. Sorriu e abraçou aquela criança. O que ela tinha de tão especial? Não conseguia saber por que, mas se sentia muito bem perto dela. Como se finalmente algo estivesse completo dentro de si. Os primeiros tons de laranja apareceram no céu. Era hora de voltar a fugir. Estavam há dias nisso. Diná muitas vezes queria desistir, mas Ananda não permitia. Se aquela criança tinha alguma chance de sair viva de lá, iria! Nem que fosse a ultima coisa que fizesse na vida. Não permitiria que mais uma mãe tivesse de chorar a fria ausência de seu bebê nos braços por muito tempo.

Ainda tinha pesadelos com aquela coisa que vira noites antes... O que quer que fosse aquilo, não era humano, mas ao mesmo tempo não era completamente um monstro. Havia algo a mais. Tentava decifrar aquele olhar que trocaram por um milésimo de segundo. Se não soubesse que ele apenas se movia pela fome até poderia dizer que as tinha salvado do homem mau.

– Você nunca, sequer por um instante, conseguiu chegar perto do caminho certo? – a pequena perguntou. Sua voz era um misto de aborrecimento e dor.

– Não que eu saiba... – riu – mas acho que com você por perto, minha sorte irá mudar.

– Mesmo? O que te leva a pensar assim? – Diná deixou a cabeça cair de lado, olhando para Ananda, que sorriu.

– Desde que você chegou os dias tem sido mais bonitos. Ainda não choveu de verdade e nem está frio... Além do que, você tem alguém que te espera lá fora. Uma familia, e provavelmente muitos amigos, que estão rezando aos Deuses que te levem sã e salva para junto deles. E sei que isso vai acontecer!

Diná, com lágrimas nos olhos, enlaçou a cintura de Ananda com os bracinhos finos. Soluçava e a outra não compreendia o motivo, mas acariciava os cabelos da menina. Não sabia de nada a respeito daquela criança, mas ela não esquecia de onde viera. Não esquecia que em casa não era tudo tão bonito, que o carinho da mãe nunca parecera tão sincero quanto o que recebia agora dessa desconhecida, que só o pai demonstrava realmente algum afeto. Jamais havia dito a ninguém mas se sentia uma intrusa dentro de sua própria casa, e isso era muito mais do que uma garotinha tão pequena pode suportar. Tinham muito mais em comum do que qualquer uma das duas podia supor. E era isso que as unia cada dia mais. Se perguntava se fora dali continuariam tão amigas ou se Ananda encontraria sua própria filha e esqueceria dela. Não queria que isso acontecesse. Apertou o corpo com mais força contra o da companheira de desdita, desejando intimamente – em seu egoismo infantil – que ela jamais encontrasse sua filha se isso significasse perdê-la.

A rotina era sempre a mesma, nada mudava naquele emaranhado de plantas. Até o medo diminuía um pouquinho a cada trecho vencido – apenas para voltar tempos depois, com cada minimo barulho. O lugar era repleto de encruzilhadas e becos sem saída. Ananda e Diná faziam o possível para não se verem presas em um pois, apesar de não mais terem visto a criatura de perto, sabiam que seria sua sentença de morte. A maior sempre ia à frente, para assegurar-se de que nada estava errado, e por algum tempo conseguiram evitar a criatura que as farejava em meio às plantas. A ameaça de uma fera devoradora de homens, sempre com o hálito roçando suas nucas e as garras arranhando seus calcanhares, as mantinha sempre em movimento, mas quando o cansaço era demais e o tédio as impedia de dormir, se permitiam sentar à sombra de alguma das paredes e contar historias. Reais ou inventadas, não importava. Qualquer coisa para quebrar a monotonia dos tempos e distrair a cabeça, assim os dias ficavam mais fáceis de suportar.

A criança começava a se acostumar à vida noturna, despertando, por vezes, antes de Ananda. Uma determinada noite, que começara como qualquer outra, sem nada de especial, exceto por uma garoa fina que refrescava o calor de seus corpos, despertaram juntas de um pesadelo. Exatamente o mesmo sonho. Nele encontravam o monstro e não tinham tempo para fugir. Trocaram poucas palavras a respeito dele. Não tinham vontade de falar. O corpo, moído de dormir no chão, pedia por um alongamento e ambas atenderam prontamente.

– Estamos juntas há tanto tempo que começamos a ficar parecidas. – Ananda disse, bem humorada, não obtendo resposta de uma emburrada Diná – Vem, vamos comer...

Caminharam por horas a fio, observando cada esquina, até encontrar um ponto de parada. A comida estava ficando mais escassa, então procuravam levar mais comida e agua do que antes, sempre prontas para abandonar tudo em caso de precisar fugir com pressa. A atenção havia sido redobrada nos ultimos dias, pois a falta de comida poderia significar que estavam em alguma parte esquecida pelos criadores, um local onde ninguém pensou que pudessem chegar, mas também que outra pessoa já havia passado por ali. Não sabiam se mais alguém tinha conseguido sobreviver dentro daquele labirinto mágico, mas pensando que Ananda e o velho pedófilo estavam vivos quando Diná foi jogada la dentro, era bem possível que mais gente estivesse perdida. E não queriam ser surpreendidas por nenhuma delas.

Tempos depois, o que a menor acreditava ser por volta de três semanas, estavam comendo descansadas – já que há muito tempo não tinham noticias de ninguém além delas mesmas e o pesadelo já estava quase esquecido no fundo de suas mentes – quando voltaram a ouvir o som do animal se aproximando. Estavam perto do amanhecer, mas ainda não o suficiente para estar em segurança.  Isso poderia ser um problema. Lembraram-se do sonho e uma ideia terrivel se formou em suas cabeças... Podia ter sido uma premonição. Tinham de pensar rápido, e o fizeram. Deixaram para trás carne e tudo o que pudesse atrasá-las, menos água, e correram como loucas na direção oposta aos ganidos, mas era como se não adiantasse. Rapidamente eles foram aumentando em seus ouvidos até tornarem-se insuportáveis. As duas continuavam correndo, mas dessa vez não foram tão atentas e acabaram presas em um beco sem saída. Dessa vez não tinha buraco na cerca viva e nem nada que pudesse ajuda-las a escapar, como antes... E os passos às suas costas anunciavam: Aquilo estava próximo.

Reunindo toda a coragem que precisava, pois não queria morrer sem encarar seu algoz, Ananda virou-se para encarar os olhos do ser do qual faria parte em poucos minutos, e já conseguia imaginar a agonia de ser digerida viva, passando pelos sucos gástricos do estomago dele. Seria assim? Ou ele teria ao menos a misericórdia de matá-la primeiro? Foi quando seus olhos se fixaram na cena que se descortinava ante eles e seu corpo se retesou por completo, não conseguindo esboçar nenhuma outra reação a não ser dizer.

– Santa mãe dos céus... Diná... Não...

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