Enfrente seus Demônios (Romance Gay)

Capítulo 7 - Beijos e Surpresas

7. Beijos e Surpresas

Gustavo Liss ainda segurava o humano contra seus braços fortes. Estava mais do que ciente do calor do rapaz e de sua ereção que, mesmo comprimida contra a toalha, ainda era perceptível, causando o mesmo efeito em si mesmo.  Seu coração ainda batia mais rápido que o comum, reagindo ao beijo que ele tão inconsequentemente havia dado em Bruno. Ainda não sabia por que havia feito aquilo, mas essa era só mais uma das questões que ele não sabia responder.

Quando ficou sabendo que o outro havia recebido alta do hospital por meio de Vitor, seguiu para a casa da família Laux sem pressa. Queria conversar com o humano, saber como ele estava, agradecer pelo gesto na floresta – que, apesar de desastroso, salvara a vida dos dois – e explicar por que não o havia visitado durante o tempo em que estivera acamado. Por fim, iria finalizar dando uma dura nele, ralhando para que ele não se colocasse em perigo e respeitasse sua condição de humano.

Mas não teve a mínima chance de fazer nada do que havia planejado. Quando notou que o garoto estava em seu quarto, abandonou seu carro e, saltando o longo portão, passou a escalar o emaranhado de hera que crescia contra uma das paredes daquela residência. Para a casa de um policial, Gustavo esperava um pouco mais de cuidado na hora da decoração, visto que a hera, apesar de bonita, permitia que a escalada até o quarto de Bruno fosse incrivelmente fácil.

Depois que conseguiu abrir a janela e adentrar o quarto dele, não pôde deixar de se sentir levemente culpado por invadir um espaço tão íntimo do garoto. Todo o quarto mostravam detalhes da personalidade dele, desde os bonequinhos de super-herói na estante, até os livros de romance policial impecavelmente organizados. A cama de casal onde ele dormia emanava seu doce aroma, uma mistura inebriante de sabonete de baunilha e perfume adocicado. Fechou os olhos enquanto inalava seu cheiro, e se surpreendeu ao se perguntar como seria acordar tendo o humano nos seus braços depois de uma noite juntos.

O inconfundível som de um gemido o trouxe de volta de seus devaneios. Parou de fantasiar cenários impossíveis (e desconcertantes) com o rapaz, e seguiu para a origem do som, encontrando um banheiro que não havia notado até aquele momento. Sem fazer barulho, para não assustar o rapaz, olhou para dentro do pequeno cômodo, encontrando o humano dentro de uma banheira repleta de espuma e vapor. O humano parecia estar completamente relaxado em contato com a água quente, enquanto esfregava sua pele clara com uma esponja.

Se antes já estava se sentindo culpado por invadir a privacidade do garoto, quando notou que as mãos dele decidiram focar sua atenção em outra coisa, não pôde deixar de se sentir ainda mais culpado... E excitado. Sentia seu membro pulsar dentro de suas calças, ansiando por mais do que apenas olhar pela porta, queria ver mais, queria participar.

Completamente hipnotizado, arriscou alguns passos para o banheiro, ainda sentindo seu corpo esquentando e o cheiro incrivelmente sexual que sentia no humano. Seu coração estava agitado, e a cada passo sentia seu pênis pulsando com mais vontade. Em pouco tempo, os gemidos começaram, mais fortes e mais intensos do que o que chamou sua atenção há poucos minutos.

E então, para sua surpresa, os olhos do humano se abriram, encarando-o com um olhar de desejo de extrema intensidade. Mas, antes que pudesse fazer alguma coisa, toda a energia do banheiro mudou de excitação e sexualidade para vergonha e surpresa. O humano rapidamente tentou cobrir seu corpo, e isso fez com que Gustavo se lembrasse do quão invasiva era a sua presença ali. A privacidade e intimidade que presenciara não eram para ele, e isso o deixou extremamente envergonhado e congelado.

Nunca antes havia se sentido daquela maneira, estava sem reação. Nem mesmo a acusação do policial, as algemas ou qualquer um dos xingamentos do homem que o conduzia para a prisão o faziam despertar daquele estado. Apenas aquela pequena frase teve poder sobre ele, fazendo com que seu coração voltasse a bater ainda mais rápido do que antes.