Enfrente seus Demônios (Romance Gay)

Capítulo 13 - Asco e Musgo

13. Asco e Musgo 

A mente do lobisomem corria em busca do que ele poderia fazer para resolver aquela situação, enquanto carregava o corpo de Stella de volta ao carro. A familiaridade daquela cena com a que viveu com Bruno fez seu coração pesar de tristeza, pois agora, a resposta não era tão simples como correr a um hospital, a causa do ferimento não era humana, não haveria bisturis e pontos cirúrgicos que pudessem resolver aquelas feridas, aquilo era sobrenatural e como ele havia aprendido apenas o sobrenatural podia resolver seus próprios problemas.

Suor e sangue cobriam o corpo da feiticeira, o ferimento profundo em seu peito vertia o líquido avermelhado livremente, agora que ela esta inconsciente para manter sua magia selando parte do sangramento. Tremores agitavam seu corpo, conforme ela ia perdendo o precioso calor enquanto frio ia se espalhando por seu corpo, deixando seus lábios azulados, agora que não havia o calor de sua chama mágica para aquecê-la.

- A-jar... – Suspirou a loira quando foi dada a ignição no carro – me leve... Ajar... –Sem titubear, Gustavo pisava fundo no acelerador e seguiu em direção à floresta enquanto Stella Clamare se entregava ao mundo dos sonhos.

Tão logo chegou a floresta, o lobo gritou para que Ajar aparecesse, seus gritos desesperados ficavam ainda mais altos conforme sentia que a pulsação de sua irmã ficava mais fraca. Em pouco tempo estava à beira das lágrimas, gritando para as árvores o nome daquele que poderia salvá-la. Ele não podia perdê-la, não conseguia imaginar viver sabendo que todos que amava estavam em outro plano e que ele tinha que continuar sozinho. Se a perdesse também, não estava certo se conseguiria aguentar.

- Traga-a para a clareira – Ordenou Ajar, sua voz vinda das costas do lobisomem sobressaltando-o.

Os passos da fada pela floresta eram tão leves que mesmo a audição aguçada do moreno não fora capaz de captar seu movimento, ou talvez ele fosse o fato de que ele estivesse focado demais no som cada vez mais fraco de seu coração. Sem contestar ou reclamar, correu todo o caminho que o separava da clareira, se apegando ao fiapo de esperança que era a chance de sobrevivência de Stella. Não olhou para trás em nenhum momento durante o caminho, pois sabia que Ajar estaria logo atrás dele.

- Você pode curá-la? – Perguntou enquanto depositava o corpo frio da feiticeira na grama macia da clareira.

- Isso vai depender de uma série de fatores... – Respondeu Ajar, sua voz seca e profissional enquanto ele já começava a libertar Stella da massa ensanguentada que era sua blusa, deixando seu tronco cada vez mais pálido nu. - Infelizmente não posso garantir que ela vá sobreviver.

- Ela não pode morrer! - Gritou Gustavo, expurgando toda tristeza e frustração na raiva implacável que ele conhecia não bem. Sentiu sua transformação vir a tona, onde os sentimentos eram mais brutais que melancólicos. – Ela não teria se machucado se não tivéssemos te ajudado, isso é tudo sua culpa! – Rosnou o lobisomem - E agora eu vou perdê-la, a única pessoa que me restou. Eu não...

- Você pode gritar o quanto quiser, – Interrompeu Ajar, começando a trabalhar, sua voz mantinha a calma irritante de antes, completamente alheio ao licantrope ai seu lado - mas sabe que isso não vai ajudar em nada. Não é como se eu tivesse obrigado ela a me ajudar, foi uma escolha dela, mas, é claro, se for melhor para você, pode me culpar. Faça o que desejar, contanto que não atrapalhe.

Suas mãos trabalhavam rapidamente, raspando uma espécie de musgo que crescia em um galho ao seu lado desde que chegara a clareira. O musgo cheirava a umidade e floresta, mas também possuía um cheiro que o lobo foi incapaz de identificar. A massa esverdeada foi adicionada em um recipiente junto com o que parecia ser uma porção de cascas de besouros, em suas mais diversas e brilhantes cores. Com o próprio galho que havia sido raspado, as duas substancias foram misturadas e maceradas até que se tornassem uma mistura levemente grudenta e brilhante.