O beijo ao qual Thomas me presenteava agora era totalmente diferente do que eu havia recebido do mesmo na biblioteca.

O beijo daquele dia havia sido casto e simples, havia apenas a quentura e textura macia de seus lábios nos meus, porém, agora, Thomas me beija como se tentasse arrancar tudo de mim.

Sua língua quente passou por meu lábio inferior e antes que pudesse raciocinar, o mesmo estava mordendo meu lábio, puxando-o para baixo, deixando minha boca aberta e desprotegida. A mão que estava ao lado do meu rosto foi parar no meu queixo, segurando, mantendo minha boca aberta para ele explorá-la livremente. Sua língua húmida e quente adentrou em minha boca, tocando minha língua e fazendo-me suspirar em deleite.

Segurei mais forte em seus fios dourados, enquanto tentava o fazer sentir tão bem quanto eu mesma naquele momento.

Eu estava com a mente enevoada.

Um som rouco saiu de sua garganta, cortando o silêncio mortal do corredor, enquanto o mesmo beijava-me com ainda mais fervor.

Seu beijo tinha gosto de chá doce e uma mistura de hortelã, seu hálito quente me fazia ter a certeza de que eu estava sendo enviada aos céus naquele momento.

Aquele homem fazia-me sentir tão bem.

Quando Thomas afastou seus lábios dos meus em busca de ar, foi inevitável não me sentir incompleta. Desci minhas mãos de seus fios dourados e macios para seu pescoço, arranhando e o puxando para ainda mais próximo de mim, como se aquilo fosse possível.

O mesmo descansou sua cabeça na curvatura do meu pescoço, seu hálito quente agora batendo ali, rápido, como se tivesse acabado de correr pelos arredores do palácio. Thomas deixou um beijo casto e molhado ali.

— Irei voltar para os meus aposentos, tenha uma boa noite, princesa — murmurou de repente, enquanto deixava outro beijo em minha testa. — Me escreva também, quero uma resposta à minha pequena declaração — falou enquanto olhava para o papel que me entregou mais cedo, agora totalmente amassado em minha mão.

Thomas estava prestes a se virar e sair, quando voltei a puxar sua blusa.

— Deite-se comigo — falei e consegui sentir meu rosto queimar e arder.

Thomas voltou a se virar na escuridão, em minha direção, novamente, olhando-me como se não acreditasse em minhas palavras. Mais uma vez surpreso.

Não houve resposta.

— Estou dizendo para me fazer sua, Thomas. Totalmente sua — voltei a falar.

Thomas então voltou a pentear os cabelos dourados para trás, enquanto se aproximava.

— Nós iremos nos casar logo menos, não precisamos nos deitar para sabermos que já nos pertencemos, não é assim? — perguntou com um sorriso carinhoso direcionado à mim.

Concordei com a cabeça.

— Se já sou sua e você é meu, vossa alteza, por quê esperar para consumar nosso amor? Me faça sua de corpo e alma agora, não vejo problema nisso.

Meus olhos o encaravam sem piscar. Sem querer perder qualquer reação que viesse dele. Seus olhos semicerrados, sua respiração que tornou-se densa e seus olhos que desceram para meu corpo coberto por uma camisola longa e branca.

— Eu lhe quero tanto — confessou.

Foi o que saiu de seus lábios e me fez arder em paixão. Seus olhos azuis encarando os meus em sinceridade.

— Estou aqui, Thomas.

A cada passo que o mesmo dava em minha direção agora, era como se faltasse o ar dentro de mim.

Havia nervosismo gritante em minhas veias e em minhas mãos trêmulas.

Thomas segurou em uma de minhas mãos trêmulas e gélidas, guiando-me para dentro de meus aposentos, fechando a porta às nossas costas e fazendo-me uma silenciosa promessa:

— Irei lhe amar e adorar essa noite.

Ele cumpriu com suas palavras, sendo gentil em cada um dos seus toques, explorando meu corpo, desvendando partes de mim que nem eu mesma conhecia. Retirando em formato de murmúrios e gemidos toda a vergonha em mim.

No meio daquela madrugada, Thomas plantou sua semente em mim e mesmo com ele deitado tão desarmado e inocente ao meu lado, meu coração ainda assim se encontrava no mais profundo tormento.

A imagem do mesmo nos meus lençóis rosados, despido e segurando-me forte em seus braços, como se temesse que eu sumisse a qualquer momento, a cena de paz diante dos meus olhos, era como um sonho, uma quimera, a carta que jazia na escrivaninha a nossa frente fazia tudo parecer momentâneo.

Thomas era como areia em minhas mãos, prestes a escapar por entre meus dedos.

Na manhã do dia seguinte, Thomas se despediu de mim com um beijo casto em meus lábios e outro em meus cabelos, mais tarde, quando Marjorie apareceu em meus aposentos, entreguei-lhe a carta e pedi para que deixasse nos aposentos de Thomas, sem que ninguém a visse entrar.

Eu quem deveria abraçá-lo e tentar não soltar nunca mais dali por diante.

QuimeraWhere stories live. Discover now