IX - O futuro é algo incerto, porém, ao mesmo tempo é algo cheio de certezas

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— LHE JURO, ELE REALMENTE havia dito isso! — e então, houveram explosão de risadas ao redor do jardim.

Estávamos todas — eu e a companhia de minhas damas — sentadas no Jardim de Inverno do palácio. Esse, que difere-se em tamanho do jardim de verão, se localiza logo ao lado da sala de visitas do castelo.

Aquele dia estava sendo tranquilo, tão quieto e cheio de tranquilidade que chegava a encher meu ser de inquietação.

As três mulheres riam e se divertiam ali, todas nós sentadas nos bancos de pedras, rodeadas por enormes árvores e flores. O cheiro fazia meu nariz coçar, também inquieto.

Não havia visto e nem ao menos me encontrado com Thomas hoje, pois, situações políticas nos separavam. Ele estava em reunião com o clero neste exato momento, enquanto eu me encontrava sentada no jardim rindo e degustando de um bom chá.

Não é para se levar a mal tais pensamentos meus, é só que... é extremamente estranho pensar que a menos de uma semana atrás, quando Thomas encontrava-se incapaz de se levantar de seu leito, eu era a pessoa que lidava com certas coisas mais importantes no palácio, claro que a maioria das pessoas desconheciam tais fatos, porém, agora, eu me sentia menor do que de fato sou.

É claro que não esperava participar em uma reunião com o clero ou algo parecido, porém, antes ao menos era capaz de responder cartas importantes destinadas a Thomas. Agora nem isso ao menos posso fazer.

— Está tudo bem, vossa alteza? — Marjorie perguntou, quando em meio a conversa, eu de repente apenas fiquei quieta.

— Estou bem — foi a única coisa que respondi, e agradeci imensamente quando a mesma não fez mais perguntas relacionadas, pois o último assunto no qual gostaria de tratar no exato momento seria esse.

Logo as mesmas voltaram a papear sobre coisas que haviam testemunhado nos últimos dias. Fofocas.

O que me incomodava, de fato, era a monotonia.

Tomar chá, mostrar meu rosto para ver os convidados e manter-me trancada lendo enquanto Thomas não está livre de suas tarefas para poder me ver.

Se repetia todos os dias, dessa mesma forma.

Quantas vezes nessa mesma semana eu já não havia vindo ao Jardim de Inverno para tomar chá com minhas damas?

Aquilo estava me cansando.

— Com licença, senhoritas, vossa alteza — um servo adentrou de repente nos jardins, cumprimentando a mim e as minhas damas com um floreio.

— Sim? — perguntei, por um momento sentindo-me animada pois, normalmente, quando vinham me chamar eram servos próximos de Thomas, dizendo-me que o mesmo estava à minha procura, porém, tão rápido quanto minha animação veio, ela se foi.

— A duquesa de Hampshire está aqui para uma visita formal — fui informada.

De certo, já deveria ser esperado, afinal, o rosto daquele servo não me era familiar em nada com os servos que Thomas sempre mandava para me chamar, então, já que o mesmo encontrava-se ocupado e eu havia dito que Izabele já não teria mais sua locomoção livre pelo castelo, era natural que minha presença fosse requisitada para o certo momento.

Quase soltei um suspiro por saber que estava sendo requisitada para algo. Bom, não era algo grandioso, porém, saia dos mesmo caminhos que vinha caminhando sempre nesses dias monótonos.

— Leve-nos até a mesma, não queremos deixar a duquesa de Hampshire em tedioso estado de espera.

Dito isto, o servo logo nos mostrou o caminho esperado para a entrada do palácio. Assim que chegamos às grandes portas, quando me vi prestes a descer as grandes escadas, lá estava Izabele, com uma carruagem às suas costas e duas damas de companhia logo ao seu lado, havia um cocheiro ainda acima da carruagem, porém, ele parecia alheio a tudo e todos.

QuimeraWhere stories live. Discover now