One more chance

Don't try

Eu precisava esfriar minha cabeça. Precisava esquecer Gerard de vez. Afinal, que chance eu teria com um cara casado? Com certeza a esp... Jen – melhor chamar pelo nome, me sinto mais confortável – é tão bonita quando Gerard. Ele merece alguém muito bonita e que o faça feliz e se ele está feliz, eu prefiro o esquecer e deixá-lo ser feliz como ele bem merece. Evidentemente ele é muito mais feliz longe de mim. Até nossos pais sabem disso.

Ah, mas quem eu quero enganar? Amar Gerard faz parte da minha existência e esquecê-lo talvez não fosse tão simples assim.

Desci as escadas, indo em direção ao sofá da sala, esse que agora estava ocupado pelo meu pai e minha mãe. Com certeza meu velho havia sido dispensado do trabalho mais cedo para curtir um pouco o seu fim de semana. Algo que me fazia feliz naquele momento. Fui até ele e quase gritei um: "Pai! Chegou agora?" e ele respondeu mais baixo do que o normal, mas ainda com aquela felicidade fora do normal que ele sempre carregava consigo: "Não, cheguei faz algumas horas. Já tomei meu banho e agora estou descansando um pouco, já que amanhã tenho que trabalhar também". E eu apenas disse um: "Que droga, hein?!" daquele meu jeito brincalhão de sempre. Percebendo que não teria espaço para mim naquele sofá, e com certeza não seria muito legal tentar sentar perto da minha mãe, já que ela parecia estar fingindo tanto que a tv era mais importante que minha imagem passando em frente a ela. Fui em direção à cozinha para ver se o almoço estava sendo preparado, e não... ela nem ao menos havia colocado as coisas em cima da pia, ou dado algum sinal de que faria comida. Grande maravilha! Já eram quase uma e meia e não tinha nada para almoçar naquela casa.

—Mãe! – chamei, enquanto batia o pé contra o chão e cruzava os braços. Bem infantil, pelo jeito.

—O que foi? – ela perguntou daquele jeito seco.

—Cadê o almoço? – perguntei indignada.

—Ah, esqueci de te falar que hoje iremos almoçar fora. Só estamos terminando de assistir esse programa, daqui a pouco vamos nos arrumar pra ir. – ela disse, e pela primeira vez desde que brigamos hoje de manhã, ela olhou em meus olhos e sorriu.

—Ok. – descruzei os braços e sorri de volta. —Vou me arrumar então. – falei, já subindo a escada e ouvindo um "ok. Coloque uma roupa bem bonita. E não aquelas coisas rasgadas" da minha mãe. Bufei, mas logo rindo por achar engraçado o jeito que ela sempre falava aquilo.

Vasculhei todo meu armário e tudo que achei foram minhas jaquetas, uma delas com tachas, minhas calças bem rasgadas, minhas blusas de bandas e as que eram normais estavam meio amarrotadas. Maravilha! O que eu usaria? Já que não tenho nada que agradar minha mãe.

Eu sei que iria me arrepender por isso, mas a única alternativa era pedir alguma roupa a ela. Ok, eu sei que poderia colocar as minhas roupas, afinal, eu tenho 19 anos e posso usar o que eu bem entender, mas entenda, supostamente minha mãe fez as pazes comigo e eu não quero brigar novamente.

Desci a escada – dessa vez com um pouco menos de ânimo – e fui até minha mãe, essa que estava aos beijos com meu pai – Argh, mas pelo menos estão juntos, diferente de mim e Gerard, enfim.

—Uhn... – pigarreei, tentando chamar a atenção deles. —Mãe, eu queria uma de suas calças emprestada... – pausei, esperando que ela falasse algo, mas ela também estava esperando que eu continuasse. —E quem sabe uma de suas blusas também, sabe... é que todas minhas roupas são do jeito que você não quer. – dei de ombro, a fazendo rir.

—Ah, beleza... – palavreado de adolescente, odiava quando ela fazia isso. Não me pergunte o porquê. —Vou pegar umas coisinhas para você. Fique aqui com seu pai. – ela falou, já levantando do sofá e indo até a escada, e eu apenas disse: "Ok, mas os sapatos eu uso os meus" e ela assentiu, sumindo da minha visão.