Capítulo 1 - Apresentação

41 2 1
                                    

É difícil ser você mesmo, não possuímos a liberdade para que possamos enfrentar essa dúvida que percorre todo nosso corpo e nossa mente. Queremos nos aceitar para que tudo deixe de ser uma tortura eterna, mas não podemos mentir para nós mesmos, não existe a necessidade de se criar uma guerra interna sem a promessa da vitória.
Eu nasci e vivi em um corpo feminino, eu usava roupas que a sociedade esperava que eu usasse, me comportava da forma que as pessoas queriam, usando uma máscara no qual era obrigado á usar e com um enorme sentimento de culpa me sentindo um mentiroso.
As vezes um simples espelho pode ser uma porta para um abismo no qual uma fuga seria uma luta que não queremos enfrentar. Nos fazemos de cegos, partes do corpo se tornaram intrusos no nosso espaço individual, é horrível se olhar no espelho e não se enxergar, parece que você está para outra pessoa, não é da maneira que gostaria de ser.
Acredito que ninguém queira fazer parte de um grupo rejeitado e detestado por grande parte da população, isso vai muito além de querer ser. Eu apenas quero ser aceito e amado por aquilo que sou, não por aquilo que finjo ser.
Eu sou Théo Andrey, tenho 23 anos, escritor, desenhista, compositor e muito mais do que posso descrever. Amo teatro, como sempre atuei na pele de alguém que nunca me pertenceu.
Não me sinto agradável quando me perguntam o meu nome de nascimento, nome de registro normalmente é uma coisa que as pessoas trans tentam esquecer. Esquecer aquilo que fui, e apenas construir aquilo que quero ser.
Uma falsa sensação de aceitação das pessoas, e algumas pessoas nem fazem questão de fingir ao menos que se importam com a existência e o bem-estar do próximo. Todos esperam que nada fuja daquilo aceito como “normal" por ele e aqueles que são próximos.
Ninguém quer ser rejeitado, desprezado ou sendo excluído por sua própria “Família”. Queremos apenas possuir o direito de viver como somos, amar quem queremos e podendo ter a certeza de que vamos respirar por mais um dia.
Um mundo para todos, onde todos podem ter a esperança que o amanhã chegará para iluminar o dia de todos independente de qualquer coisa, apenas por sermos humanos.
Viver é muito diferente de sobreviver, poder sentir o ar batendo no rosto na esperança de que algum dia possamos enxergar nossos corpos da mesma forma que enxergamos nossas almas cansadas.

Nem ele, nem elaWhere stories live. Discover now