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Tentara ligar para ela no celular, mas estava na caixa postal. Como sempre acontecia, pensou, decidindo que realmente os celulares eram algo que ele não conseguia entender.

Estava impaciente para vê-los em casa, seguras, e já discara o número da polícia, sem resultado. A linha estava ocupada, e com o furacão a caminho não iriam procurar uma mulher e uma criança perdidas. Sem pensar duas vezes, Taehyung pegou um casaco e saiu, pedindo a Jin que lhe emprestasse a picape. Entregando-lhe a chave, Jin ofereceu-se para acompanhá-lo, mas Taehyung recusou, pedindo-lhe que cuidasse da proteção da casa.

Minutos depois dirigia pela estrada principal, numa velocidade excessiva a chuva batendo forte no teto e no pára-brisa. Acendendo os faróis, tentou enxergar na escuridão. Areia e lama já tinham atolado alguns carros, e ele imaginou se aquilo teria acontecido com SunHee.

Então ele os viu. Aliviado, parou e desceu. Acima do ruído da chuva e do motor ouviu alguém cantando e aproximou-se da janela.

SunHee abaixou o vidro, surpresa.

— Taehyung!

O choque no rosto dela revelava que nunca imaginara que saísse do castelo para resgatá-la. Inclinando-se, beijou-a.

— Graças a Deus!

— Olá, papai.

— Vocês estão bem? — Ele abriu a porta do carro e fechou o vidro.

— Sim. O motor morreu e parou de vez — explicou ela, saindo e pegando Minseok. — Tentei ligar do celular, mas a bateria acabou.

Taehyung tirou Minseok dos braços dela, ajudando-os a entrar na picape aquecida, antes de voltar ao carro para pegar os pacotes.

— Puxa, SunHee — resmungou, arrumando os pacotes no chão, à volta dos pés deles. — Precisava de tudo isso?

— Ouvi a notícia sobre o furacão e achei melhor nós estarmos preparados.

Nós pensou ele. Será que ela também pensava neles como uma família?

— Talvez não chegue até aqui, como da última vez. — Furações eram um pesadelo para quem vivia no litoral, mas eram terríveis para quem morava na ilha. Era o preço da solidão e da linda paisagem, pensou ele.

Depois de fechar o carro, entrou na picape e olhou para os dois. Não queria nem pensar no que faria se algo acontecesse a elas. De repente, Minseok atirou-se em seus braços.

— Eu sabia que viria nos buscar, papai.

Ele abraçou-o, olhando para SunHee. O sorriso dela era cheio de ternura.

— Você saiu de casa por nossa causa. — SunHee ainda estava surpresa.

— Não podia deixar vocês enfrentarem essa tempestade sozinhos.

Ela estendeu a mão, acariciando os cabelos molhados. Estava orgulhosa dele, mas não precisava dizer. Ele sabia. Tinha dado mais um passo na direção do mundo exterior.

Segurando a mão dela, Taehyung beijou-a carinhosamente.

— Yeontan está bem, papai?

Taehyung soltou a mão de SunHee e sorriu para o filho. Só mesmo uma criança ficaria tão alheia ao perigo.

— Estava dormindo perto da lareira quando saí — respondeu, dirigindo para casa.

— Acho que vamos ter uma noite de chocolate quente, pipocas e desenhos animados — disse SunHee, enquanto Minseok batia palmas, sentado entre os dois adultos.

Mas a conversa daquela noite não aconteceu. A tempestade foi ficando cada vez pior e havia muito que fazer. Vestindo jeans e camiseta, SunHee ajudou Jin e Taehyung a proteger o pátio e os estábulos. Jin já rebocara o carro para a garagem, insistindo que iria consertá-lo, já que era responsável por sua manutenção.

a bela e a fera ;; kthWhere stories live. Discover now