Capítulo 9: Desculpas

149 10 0
                                    

          Transportam-se para a casa da praia. As Gems que habitam ali estavam entrando no local, sorrindo e conversando. As feições delas mudam de alegres para preocupadas quando vêem o menino ensanguentado nos braços de Espinela. Elas correm em direção às Gems, antes mesmo delas descerem da plataforma.
          — O que aconteceu? — Pérola pergunta, já com lágrimas nos olhos.
          — Ti. — Marinha diz, um pouco fria, mas ressentida. — Ela aconteceu.
          — Temos que levá-lo para a fonte de... Rose... — Garnet diz, hesitando ao pronunciar o nome da mãe de Steven. Elas sobem no transportador e vão para o local mencionado. Correm para a fonte, passando direto pelo jardim. A fonte estava cheia, do mesmo jeito que haviam deixado depois de descorremper as Gems a um pouco mais de dois anos.
          — Me dê ele. — Marinha diz, esticando os braços para quem segurava Steven. Pegando ele, pula e desce delicadamente até a água mágica. Seus pés tocam o líquido com as cores mistas das quatro Diamantes.
          Steven toca a água. Marinha deixa todo o corpo inconsciente do menino submerso, com exceção de sua boca e nariz. Ela olha para ele, com suas lágrimas escorrendo pelo rosto, juntando no queixo até cair na água. Todas observavam. Esperaram alguns segundos para a mágica acontecer.
          Nada.
          Os choros se tornam mais intensos. Agora, não era só Marinha e Pérola que choravam, mas todas, inclusive Pérola Azul e Cup. As três Crystal Gems se abraçam, mantendo seus rostos escorados em Garnet, que colocava a mão na cabeça de cada uma. As outras Gems, que estavam à cerca de um metro da direita de Garnet, também haviam se aglomerado para chorar. Marinha abraçava o corpo de Steven, sem força-lo. Apesar de não saber o que isso significava, ela não sentia os batimentos cardíacos dele.
          — Por favor... — Marinha começa a falar baixo, a ponto de nenhuma das Gems ouvir. — volte para nós... para mim. Eu... eu te amo. — ela repete as palavras que ouviu tantas vezes no passado. Ela sempre soube o significado dela, mas nem sempre sabia quando usá-la. Dessa vez, sabia que aquele era o momento de usar. Continua chorando. Ninguém olhava para eles quando Marinha faz algo: ela beija Steven. Os lábios dela tocam nos dele, que eram suaves e gelados, como neve. Depois do beijo, volta a abraça-lo.
          Quase no mesmo instante, a parte da água onde os dois estavam começa a brilhar. Todas ficam ofuscadas com isso e olham. Os ferimentos de Steven estavam se regenerando. Os batimentos cardíacos voltam gradualmente. Começa a respirar novamente. Abrindo os olhos lentamente, vê a lua brilhante sobre ele, logo ao lado, o rosto encharcado de lágrimas de Marinha, que começa a abrir um sorriso.
          — Ma... Marinha...? — ele fala.
          — STEVEN!!! — ela quase grita e o abraça com força. Ele geme de dor, seu corpo ainda não estava totalmente curado. — Desculpa... — todas as Gems que tinham ficado fora da água pulam. Vão até o menino e realizam um abraço coletivo, com Espinela o fechando esticando os braços.
          — O que aconteceu? — ele diz, mas nenhuma delas responde. Estavam felizes demais por ele estar bem agora. — Alguém pode me explicar o que aconteceu? — novamente pergunta, depois de todas largaram seu corpo. Ele gosta de abraços, mas queria uma explicação para esse.
          — Quando chegarmos em casa, eu te conto. — Marinha diz. Eles saem da água e voltam para a casa da praia. Pérola prepara chá para eles enquanto Steven, sentado no sofá, com Marinha à sua direta, Cup à direita dela, e Espinela à esquerda de Steven, ouvia a explicação de tudo que ocorrera depois que ele desmaiou.
          — Uau... a Ti... é pior que eu pensava. — era a única coisa que Steven podia dizer. Saber a verdade completa sobre Ti era perturbador. Como ela havia pufado, estilhaçado e rejuvenescido Gems no passado. Ter sido uma Gem cruel e impiedosa, e que tinha feito isso com quem dizia amar... — E onde ela está? O que fez com ela depois de pufar?
          — Está comigo. — diz Marinha, retirando a mesma bolha que havia feito no Recife, onde guardou a pedra de Ti.
          — Vai deixar ela aí para sempre? — ouvindo isso, Marinha fica cabisbaixa.
          — Não sei. Acho que eu seria tão ruim quanto ela se fizesse isso, ou se deixar ela ser estilhaçada. Mas não quero liberta-la e ela poder voltar a me atormentar ou atormentar outra Gem. — Marinha diz. — Não sei o correto a se fazer. — Steven segura a mão da Gem.
          — Podemos falar com ela. — diz Steven. — Talvez possa se redimir, de tudo que fez.
          — O quê? Não! — com um pouco de indignação, Marinha diz. — Ela é perigosa. Assim que voltar, vai atacar você e...
          — Não se preocupe. — Garnet diz. Ela estava de pé na frente deles, com os braços cruzados. — Vamos conseguir conversar com ela. Ficará tudo bem, com vocês duas. — a fusão abaixa o visor e pisca com o olho direito para ela. Marinha não entendia o que ela queria dizer com aquilo, mas Steven sim. Visão do futuro.
          — Já sei! — Pérola diz, erguendo o indicador. — Vamos para a arena da Bismuto. Tem uma área impenetrável. Podemos conversar com ela através dela.
          Todos acham uma boa ideia. Vão para o local mencionado. Chegando nele, vêem quem construiu a arena lutando com uma Gem azul com manchas no corpo, e uma franja que cobria seus olhos. Garnet explica para ela, depois Bismuto guia as Gems para onde desejavam, indo para um lugar mais escuro. Parecia um cativeiro, mesmo sendo só uma arena com um nível de treino mais avançado. Marinha entra, põe a bolha no chão, a desfaz, e sai rápido. Quando a porta ainda estava fechando, Ti começa a se regenerar. Ela não havia mudado sua roupa, ainda estava com o visual que Cup gostava.
          — Ah...? Marinha! — as primeiras palavras da Gem. Ela olhava ao redor, procurando quem a pufou.
          — Estamos aqui. — Steven diz. Ti olha em direção a ele. Estavam separados por um vidro na parte de cima da parede cinza azulada à frente dela. Marinha estava de um lado dele, Espinela do outro, e as demais Gems estavam logo atrás.
          — Me liberte. — ela grita. — Tudo que eu fiz foi pela Marinha.
          — Você causou sofrimento a ela. Fez isso por amor? — diz o menino. A última palavra dele foi como uma espada atravessando Ti. Realmente sentia amor por Marinha, mesmo que soubesse que não havia sido boa para ela. Desviando o olhar, Ti olha para a Gem com uma estrela na lateral da cabeça.
          — Marinha, por favor, me perdoa. — ela suplica, ajoelhando-se e unindo as mãos, como se fosse rezar. — Eu sei que fiz coisas erradas. Que te machucaram. Fisicamente e emocionalmente. — ouvindo isso, as lembranças delas discutindo vem à cabeça de Marinha. Eram intensas as brigas. Às vezes, Ti dava tapas nela, derrubando-a no chão. Ela chorava, Ti se arrependia de seu feito quase que na mesma hora que o fazia. Mesmo assim, ela repetia o ato quando elas discutiam novamente.
          — Ti, eu... — Marinha fala, afastando as memórias ruins de sua mente. — Você causou tantas coisas ruins pra mim. Me fez chorar, me deixou com marcas, mesmo não deixando de me amar... — ela sentia pontadas no peito enquanto falava, parecia mais uma dor psicológica do que física. — Não sei se devo, mas... eu te perdoou. — ouvindo isso, um leve sorriso surge na Gem presa. — Mas... eu não quero ver você nunca mais.
          — O quê?
          — No começo, éramos tão próximas, tão boas uma para a outra, tão íntimas. — Marinha recomeça, agora com memórias boas vindo em sua mente. — Lembro da primeira vez que formamos Ekanite, como eu gostava de deixar de ser apenas eu com você, e me tornar algo novo com você. — ouvindo isso, Ti enrubesce. Elas já haviam feito isso, mas escondidas. Ela estava acostumada com a Era em que fusões de tipos diferentes eram proibidas.
          — Isso... era algo só entre nós... se uma das Diamantes ouvir isso...
          — Exato. Você ficou furiosa quando descobriu sobre a Era 3. A pior coisa que fez a mim foi quando eu decide que queria conhecer o universo sozinha, e você não deixou, mesmo dizendo que voltaria por você.
          — Eu tinha medo de te perder. — Ti diz, agora cabisbaixa. — Tinha medo que conhecesse alguém melhor, e me deixasse. E você era tudo que eu tinha. Estamos juntas há 5002 anos, não saberia viver sem você...
          — Ti... — Marinha põe a mão no vidro, olhando para quem menciona.
          — Te rejuvenesci por que você não lembraria de tudo que fiz, que passamos de ruim. E você não iria querer se aventurar... sem mim...

ElaWhere stories live. Discover now