Capítulo VI - BIANCA, A MAGA.

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- Eu consigo vencer esta luta se vocês segurarem os capangas de Isaac.

- Nós lutamos em grupos de quatro aqui, como você é uma menina vão deixar eu, Bernardo e nossos dois amigos lutarem também, então pelo menos teremos uma pequena vantagem. - John disse, como se isso fosse me tranquilizar.

Chorei de tanto gargalhar.

- Não sabia que estava lidando com meninos machistas aqui!

- Ei, estamos tentando te ajudar... - Falou Bernardo.

- Quero uma revanche com Da-ni-el - Soletrei, devagar. -, apenas eu e ele. Não preciso ter nenhuma sombra na luta.

- Tudo bem, - Bernardo disse em tom debochado. - vou passar seus pedidos a Isaac, senhorita.

Ele saiu e bateu a porta.

- Que moral, hein! - Disse John, com os braços cruzados. - Mal chegou e um dos meninos mais cobiçados pelas garotas do outro bar está atendendo suas ordens.

Não sabia de que bar John estava falando, nem de que meninas, porém provavelmente elas só olharam para os músculos de Bernardo e não para o quão chato ele era ou as opções por ali eram bem baixas.

Bufei e comecei a analisar os mapas. Não eram estratégias de fugas da Ilha, e sim desenhos que me lembravam da sede principal do Governo, uma grande residência com teto abobadado, do lado de fora, tudo era branco e pálido. O relógio principal que ficava no alto da construção tinha um ponteiro de horas feito de diamante, o de minutos, de rubi e o de segundos, de ouro.

As estátuas de deuses que rondavam o jardim da frente mostravam o quanto erámos "mais interessantes que os Humanos", fala da minha professora da quinta série, porque os representávamos como seres mitológicos: Afrodite segurava a mão de um gnomo, enquanto o seu companheiro serrava o trono de Deus.

Nunca entendi muito bem a diferença dessas mitologias, só sei que algumas existem até hoje. Eu também acredito que há algo além da vida, nada pode ser tão curto, mas enfim, não sei o que pensar, pois nascemos acreditando que tudo que não fosse para colocar os Iluminados no centro, era bobagem.

- Gostou? - John me tirou do transe. - São desenhos meus, - Ele apontou para aquele amontoado de papéis. - quando você vencer Daniel, iremos nos dedicar mais a este plano. Por enquanto, só Bernardo se dispôs a ajudar, mas talvez se você for ao seu orfanato ganhará apoio das meninas também.

- Talvez eu até te ensine a desenhar direito. - Falei, em tom esnobe.

- Não preciso de uma Matéria para saber, diferente de você. - Respondeu, secamente.

Sempre odiei essa bobagem de Matéria. No começo ela foi criada para que todos pudessem ser bons em uma coisa, e assim dividir conhecimentos, mas essa rixa foi crescendo a cada ano, pessoas de Matemática odeiam as de Português e vice versa.

Elas são: Matemática, Português, Artes, História, Geografia, Ciências e Educação Física. Eu, por exemplo, sou de Artes e tento não odiar nenhuma matéria, mas o pessoal de Educação Física às vezes perturba. Minha especialidade é a Pintura, posso criar objetos reais apenas desenhando, cada pessoa nasce com um dom principal. Em Ciências, por exemplo, existem físicos, biólogos, químicos, e mais uma infinidade de subcategorias.

- E o que está pensando em fazer? - Sorri, enquanto via aquele planejamento utópico mal desenhado e tentava mudar de assunto.

- Não sei, se tudo der errado, organizamos uma manifestação. - John deu de ombros.

Enruguei a testa, não havia compreendido o que ele tinha falado.

- Você não sabe o que isso significa, né? - Perguntou. Balancei a cabeça, negando. - Desculpa, todo o meu tempo de menino de rua é gasto estudando os Humanos. Manifestação é uma forma de protesto. De acordo com o dicionário: "Expressão pública de opiniões ou sentimentos coletivos".

Os Iluminados - O Encontro dos SeteWhere stories live. Discover now