Capítulo VI - BIANCA, A MAGA.

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(Bianca)

Eu estava tão machucada que mal percebi para onde havia sido levada, John me segurava, carregando-me por corredores escuros, enquanto o menino que havia dirigido o carro ia na frente, abrindo caminho pelos rostos curiosos.

Eu não me sentia segura, mas quando cheguei em uma sala mal iluminada e John me deu algumas gotas de Iluminaremo, não consegui ser forte e acabei caindo em um sono profundo, segurando com força o cabo da minha faca.

Não tive sonhos, mas tive a sensação que havia se passado bastante tempo, porque quando acordei os meninos não estavam mais ali.

Era uma sala iluminada e suja, o chão estava frio e só um lençol fino me separava dele. Ao meu lado, vi uma sombra imensa e sem conseguir enxergar bem, deduzi ser Daniel, já que havia um curativo enxurrado de sangue em sua mão, tirando isso, ele parecia bem.

Sentia-me uma idiota, enquanto ele só deveria estar descansando naquela poltrona esburacada, eu perdi um tempo para me recuperar, não deveria o ter desafiado na noite anterior, mas fiz exatamente o que Isaac queria que eu fizesse. Eu era apenas um animal, e meu oponente, outro.

Tentei me levantar, mas estava fraca demais para conseguir isso sem nenhum apoio. Em uma maca ao meu lado, um menino loiro e pequeno dormia profundamente, com certeza ia demorar bastante para acordar. Olhei com mais atenção e percebi que tinha um curativo no joelho, onde acabava sua perna.

Estremeci, pensando se ele a havia perdido durante uma luta como a que tive contra Daniel. Me senti pior ainda, pois precisava sair dali, e só aquela muleta que estava ao seu lado poderia me ajudar.

Peguei-a e botei todo o meu peso. Aos poucos consegui me erguer, mas continuava muito tonta. Estando de pé, pude ver a quantidade de garotos naquelas macas, alguns estavam acordados e conversavam baixinho, outros choravam de dor, entretanto, ninguém se importou comigo.

Fui para a porta ainda mancando um pouco e, quando a atravessei, me deparei com um corredor cimentado e escuro, de três em três metros um candelabro fraco iluminava a passagem. Milhares de portas iguais - de madeira escura e suja - ficavam no caminho.

Andei alguns metros e finalmente encontrei uma porta aberta, ia entrar para perguntar onde era a saída, porém ouvi duas vozes conhecidas.

- Eu estou falando, nós precisamos dela, em um dia conseguiu se recuperar daquela luta. Isso não é para qualquer Iluminado... - A voz de John ecoou pelo cômodo.

Parei atrás da entrada.

- Bianca é forte, mas precisamos falar com ela o caminho que irá seguir se aceitar isso...- Falou o menino que havia me sequestrado.

Segurei com mais força a minha adaga e sai do meu esconderijo, apontei a para os dois.

- O que vocês querem fazer comigo? Eu nem conheço vocês, seus malucos! - Gritei.

Os garotos pareceram surpresos e percebi que atrapalhei o clima tenso entre eles. Estávamos em um dormitório com dois beliches, então provavelmente era ali que eles dormiam, no meio do quarto havia uma mesa redonda cheia de energéticos e mapas traçados. As paredes eram pintadas de um tom azul e quase ri pela forma como eles haviam sido desleixados colorindo-as, deixando marcas no teto branco.

John levantou os braços como se estivesse se rendendo e disse:

- Bianca, senta aqui, precisamos te falar uma coisa.

Sentei-me em uma das cinco cadeiras que rodeavam a mesa, estava curiosa para saber porque queriam tanto me ter ali. Eles me acompanharam, sabia que estavam tensos, mas não apontaram nenhuma arma para mim. Tentando ser casual, o menino que eu não sabia o nome jogou uma latinha de energético para mim.

Os Iluminados - O Encontro dos SeteWhere stories live. Discover now