14 - A alcateia

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Esmeralda estava com muito medo. Seu rosto estava coberto por um capuz preto, não conseguia ver nada a sua frente, nem conseguia ver Alan, ou até mesmo Danuta. Apesar disso, sentia que seu amigo estava próximo dela, pois o rapaz tentara por diversas vezes se encostar nela como se estivesse tentando lhe dizer que continuava ao seu lado.

A van seguia em velocidade absurda, sem exitar. Dava para ouvir alguns murmúrios dos tripulantes a sua volta, mas nada concreto. Esmeralda estava com muito medo para pensar sobre o que aquelas pessoas falavam. Tentou entender o que levou a sequestrarem eles do nada. Com certeza era um engano. Só poderia ter sido um engano.

Houve um solavanco.

— Calma, Peixe! — gritou um deles. — Estamos com carga delicada aqui. — finalizou com malícia.

Os outros rapazes riram.

— A merda da estrada nunca é consertada. Nem vi a porra do buraco. — respondeu o possível homem chamado Peixe.  


Esmeralda continuava com o coração acelerado. Imaginou por um instante que tudo só poderia ser um sonho. Ela não ouviu aquilo da mãe, não tinha sido sequestrada como se fosse a filha do prefeito. Tudo só poderia ser alucinação. Mas não era.

 — Os canalhas desses políticos só sabem roubar, mas com certeza a porra de uma estrada, nada! — continuou a discutir um dos capangas. 

 — Que se fodam! — disse um. — Nois é quem manda nessa porra, caralho!

 Houve uma algazarra, batucadas no teto da van, além de cheiro de cigarro. Esmeralda tentava entender o que teria acontecido com Danuta. Sua força era avassaladora. Com certeza teria poder suficiente para liberta-los. Algo muito errado tinha acontecido para que ela não reagisse até o momento. 

 — A Alpha vai ficar satisfeita com o anjinho da guarda, hein. 

 Eles sabiam.

— Quero ver agora ela chamar a gente de imprestáveis!

Eles soltaram gargalhadas, novamente.

— É isso, aê! Nós somo foda!

O coração de Esmeralda acelerou. Como eles poderiam saber que Danuta era um anjo? Que tipo pessoas seriam aquelas? Quem é essa tal de Alpha? Eram tantas perguntas sem respostas em sua mente... Mais uma vez estava em perigo. Será que passaria o resto da sua existência assim? Ela queria que Rafael estivesse com ela naquele momento. Ele saberia o que fazer.

A imprudência é descrita no dicionário como ato de precipitação, falta de cuidado, perca de cautela. Quando estamos assustados, quando sentimos nossas vidas escorrendo de nossas mãos, costumamos utilizar uma boa dose de imprudência. Ela é viciante como a bebida para o alcoólatra, é tentadora como comida para o obeso, é uma amiga como a anorexia para quem sofre da doença falta de apetite. Alan, em meio ao caos, decidiu ser valente. Imaginou que poderia salvar sua donzela. Não deixaria que ninguém a machucasse.

 — O que vocês querem conosco? — questionou. — Nós somos pessoas de bem...

Ouve outra gargalhada vinda dos bandidos.

— Vejam só, galera! O cidadão de bem.

Mais risadas.

Isso ofendeu Alan profundamente. Percebeu que não haveria conversa. Aqueles caras estavam focados em algo que não entendia. Alan não sabia de nada. Não sabia sobre Danuta, nem sobre anjos, ou até mesmo vampiros. Alan era cristão, mas apesar disso tinha seu lado cético. Tudo que passava em sua mente era que aquela confusão só poderia ser um grande mal entendido. Contudo, Esmeralda sabia que tinha mais, e ela era a chave de toda a confusão.

Sangue & Cristais ( 2° Livro da série S&E)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora