Prólogo - Revelando a verdade

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A fúria estava em seu rosto. Queria de toda a forma vingança. Nunca desafie um demônio, pois ele fará de tudo para vingar-se.

O tempo em que saiu do Brasil até a Europa não foi muito. Chegou alguns dias de antecedência na Transilvânia. Aníbal teria agendado uma reunião com os lordes vampiros — logicamente eles aceitaram o pedido. Nenhum vampiro que se preze, diz não á um demônio.

Em um dos castelos mais visitados e antigos do país, o jovem demônio se encontraria com os tais lordes. Era um dia tranquilo na capital de Bucareste, com direito a feira livre — típica naquele lugar — e céu azul. Aníbal passeava por esses lugares, indo em direção ao castelo. As pessoas eram amistosas e gentis, suas vestes eram de um tom medieval, parecia que aquelas pessoas estavam paradas no tempo ou simplesmente a modernidade não os alcançou. Mulheres usavam vestidos longos com uma espécie de lenço na cabeça, já os homens usavam calças de lã e um grande número de blusas para um dia ensolarado como aquele. Todavia eram felizes.
Aníbal passara por uma banca de bijuterias, quando viu uma imitação de esmeraldas, logo pensou em que realmente veio fazer ali. Estava pronto para começar uma batalha covardia contra seus rivais. Eles não deveriam tê-lo subestimado.

— Deseja alguma coisa rapaz? — Perguntou o dono da banca.

Aníbal sorriu maliciosamente e não respondeu, apenas saiu e seguiu seu caminho.

Já estava se afastando da feira livre, quando percebeu uma linda e misteriosa mulher o observando. Ela usava um lenço vermelho na cabeça, escondendo o rosto pálido e observador. A mulher usava também um vestido típico do lugar, semelhava-se a uma cigana, mas na verdade Aníbal já desconfiara de quem se tratava. O jovem demônio entrou em uma esquina deserta e deu alguns passos mais longos para ver se a tal mulher o seguia. Dito e feito. A mulher o seguia lenta e disfarçadamente... Parecia não temer, ou sabia muito bem o que fazia.

Em um ponto escuro da esquina sombria, Aníbal para, fazendo a mulher parar com ele. Ela estava logo atrás do rapaz diabólico, seu lenço já não cobria seu rosto. Algo sua mão tinha ganhado forma, parecia dentes de algum animal com penas de aves... Ela continuava imóvel e Aníbal também. O clima ficou quieto e intenso.

— O que você quer, bruxa?! — Berrou Aníbal ainda quieto.

Então aquela misteriosa mulher seria uma bruxa? Como Aníbal saberia? O que aquela bruxa queria com ele...?

— Pensei que não viria me visitar mais...? — Disse a bruxa ainda parada com seu objeto nas mãos.

Ele virou-se e riu sinistramente. O típico sorriso que deixava qualquer presa fêmea desnorteada. O demônio sabia seduzir... Sabia conquistar, contudo seus efeitos colaterais eram destruidores.

— Pensei que tinha me esquecido... — Falou ele serenamente.

— Não esqueceria o homem que acabou com minha vida. — Falou ela rindo cinicamente.

— Ainda leva rancor nesse seu coraçãozinho? — Aníbal debocha fazendo biquinho.

— Desgraçado... Maldito... — Ela fica seria e balança a cabeça negativamente, como se estivesse recordando das diversas vezes que Aníbal a fizera sofrer.

Ele riu histericamente.

— Tarde demais... Já sou um maldito...

Em uma fração de segundos ela ergue o objeto que estava na sua mão, apontando em direção a Aníbal. Seria uma espécie de varinha ou algo do tipo. Sua fisionomia era desafiadora.

— Não vai fazer isso, certo? — Indagou ele ficando sério.

— Deveria. — Retrucou ela aproximando-se dele ainda com a varinha erguida na direção do rapaz.

— Você não é burra, Prindela. — Continuou ele erguendo a sobrancelha.

Ela aponta a varinha na direção da face de Aníbal. O objeto mágico estava encostando-se ao nariz do demônio. O clima estava tenso e ao mesmo tempo sedutor. Prindela e Aníbal eram amantes há anos, mas como ele não é de apaixonar-se a abandonou sem explicações, sumindo no planeta, deixando-a perdida e apaixonada. Desde então, Prindela disse a si mesma que se vingaria, matando-o, todavia ninguém resiste ao olhar convincente de Aníbal.

— Não... Sorte sua que ainda te amo, seu desgraçado. — Ela pula nos braços dele beijando-o intensamente. Seus braços o apertam fortemente, como se fosse uma tigresa atacando sua presa.

Aníbal ria maliciosamente, deixando-a ainda mais apaixonada. Ele retribuía o beijo segurando o quadril dela, passando suas mãos sobre a região da espinha óssea dela, massageando a região das costelas junto de um beijo avassalador.

— Bom saber que ainda me ama — Sussurrou ele em seu ouvido. — Preciso de sua ajuda. — Nesse momento eles apenas se olhavam e acariciavam-se entre seus rostos.

— Novidade... — Ela debochou, revirando os olhos. — Você sempre precisa da minha ajuda...

— Sabe que é minha preferida... — Ele a puxou para si ainda mais.

Ela o afastou de si e se recompôs discretamente virando-se para trás.

— Chega de rodeios, me diz o que você quer. — Bufou ela ficando mais rígida. — Na verdade me diga por que veio até a Romênia, tenho certeza de que não era para me ver... — Disparou ela pondo seu lenço vermelho em seu cabelo.

— Não seja tão dura... Sabe que ainda gosto de você.

— Demônios não gostam de ninguém, apenas fingem... Mentem como ninguém. — Prindela parecia estar furiosa, talvez fosse por perceber o que tinha feito. Tinha caído nos braços de Aníbal novamente, estava se odiando por isso.

— Magoou — Ele fez beicinho.

— Desculpe... Mas minha língua não parou de afiada esses anos todos. Mas me conte logo do que precisa...

— Vou me encontrar com os lordes vampiros na Transilvânia e quero que depois das quatro da tarde você esteja pronta. Vou te levar comigo ao Brasil.

— Como é que é?! — Perguntou ela surpresa.

— Viu como subestima um demônio. — Ele sorriu maliciosamente. — Eu também sei retribuir amor, mas aqueles que merecem. Você já me provou que merece meu amor.

— Serio que vai me levar com você? — Ela não acreditava nessa hipótese. Foram tantos anos de rancor e raiva por abandoná-la...

— E como minha namorada. — Sorriu ele. — Preciso de sua ajuda em um plano... Seremos uma bela dupla.

— Que plano?

— Preciso pegar uma joia em um vale cercado de seguranças e você me fará entrar nesse vale, assim ficaremos livres para sempre... Eu, você e a nossa joia.

Sangue & Cristais ( 2° Livro da série S&E)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora