My Sexy Boss.

Noivos.

Já faz aproximadamente uns dois meses desde a festa. Liam não me importuna querendo conversar sobre nós - me solicita na sala para reuniões e coisas ligadas ao trabalho, especialmente agora que estamos entrando no inverno e na época natalina. Ou seja, os pedidos aumentam, ocupados com detalhes das coleções, novas contratações de modelos, estilistas. A empresa tem crescido e os negócios estão indo de vento em popa.


Estou morando em minha casa, mas visito as garotas e vice-e-versa. Meu salário melhorou pela melhoria na empresa, então estou super estável financeiramente. Minha amizade com Meredith e Oliver está se fortificando ainda mais, ambos são pessoas incríveis.


E tem o Luke. Nós temos nos aproximado, saímos juntos para parques, jogos, praia, jantares. Às vezes ele até almoça com Meredith, Oliver e eu. E, bem... Às vezes trocamos beijinhos, mas nenhum de nós cobra algo do outro ou enche o saco por causa disso. As meninas dizem que é a melhor forma de amizade colorida, eu apenas tento ignorar os rótulos das malucas.


Estava em minha sala, batucando a borracha do lápis em minha bochecha, totalmente absorta em meus pensamentos, quando ouço batidas na porta. Retiro os óculos do rosto e pouso o lápis na mesa, ajeitando a postura.


— Pode entrar, por favor.


Pela porta passa Lauren como um raio, fazendo-me sorrir instantaneamente. Também temos nos aproximado e às vezes Luke e eu a levamos para sair. Até com as meninas, já fizemos algumas festas do pijama, ela é como nosso mascotinho. É como uma irmã mais nova pra mim.


— Hey, girl, o que está fazendo aqui? Não que eu não aprecie a sua visita, é óbvio. - Falo enquanto ela me amarrota em seu abraço caloroso, o qual retribuo.


— Estou aqui em uma missão especial. - Diz, se desvencilhando de meus braços.


— Que seria...?


— Um convite para jantar conosco lá em casa hoje.


Quando ela termina de falar, Luke adentra a sala, com sua expressão mais límpida de cara de pau.


— Relatório da missão, sargento Lauren?


— Eu fiz o pedido, senhor, estou aguardando a resposta. - Falou a menor, fingindo bater continência.


— Você mandou uma pré-adolescente fazer o seu trabalho? Que coisa feia.


— É que é importante! - Exclamou a garota. — É pra falar sobre o meu aniversário de 15 anos e é claro que eu quero que você vá.


— Como dizer não pra esse olhinhos, hein? - Apertei a ponta do nariz dela. — Eu vou, ok?


— Lauren, você me espera na sala? Daqui a pouco eu te deixo em casa.


— Claro.


A menor o respondeu e saiu da sala tão rápido quanto entrou. Luke, então, sentou-se na cadeira em frente à minha, bordando um sorriso ladino.


— Você sabe que não precisa ir se não quiser, se tiver algum compromisso. É que ela insistiu em fazer o pedido e você a conhece.


— É, eu sei bem. Ela tem a sua petulância. - Falei, rindo baixinho. — Mas quero, sim. Gosto dos seus pais.


— Ótimo, te busco às 19:00.


Ele lançou sua típica piscadela e levantou-se, seguindo para a porta e a fechando ao sair. Só então me toquei de que se o jantar é na casa dos pais dele, há uma grande probabilidade que Liam esteja lá com Lindsay. Ela não desgruda dele, andam pra cima e pra baixo como um chaveirinho, aos eventos da revista e afins. É um pouco desconfortável, eu assumo, ainda me sinto incomodada pela cena a qual vi àquela manhã, mas eu disfarço incrivelmente bem, coloco um sorriso indiferente no rosto e finjo que aquilo não me atinge. A propósito, estou ficando muito boa em mascarar esse tipo de coisa. Ele é um panaca mas não quero arriscar o meu emprego, é ótimo para o meu reconhecimento e entrada no mercado da moda. Tenho o desejo de lançar a minha própria coleção de forma independente, mas preciso de paciência. E de contatos. Por isso a Payne's é tão importante.


Resolvi relaxar a cabeça e focar no jantar ao invés de Liam. Daqui a alguns minutos é o horário de saída, então tenho de focar nisso.


(...)


Mantive o olhar voltado para a folha a qual desenhava e aguardei pacientemente os ponteiros darem 18h. Levantei da cadeira praticamente em um pulo, catei minha bolsa e saí quase correndo ao elevador. Adentrei-o, mas para o meu azar, Liam entrou nele também. Calma, Megan. Mantém a calma e finge que não está o vendo. Fingi conferir o ponteiro de meu relógio como se fosse a coisa mais interessante do mundo.


— Vi Lauren na empresa hoje mais cedo correndo para a sua sala, então ela lhe chamou para o jantar? - Ele indagou e comprimi os lábios, afirmando com a cabeça.


— Ahan.


— Que variedade de vocabulário, você progrediu do "uhun, uhn-uhn" para o "ahan". Um avanço. - Ele tentou falar de forma brincalhona, mas há algo estranho em seu tom de voz.


— Escuta, Li-, senhor Payne. - Suspirei, esfregando os dedos em minha têmpora. Ser indiferente com ele é incrivelmente exaustivo. — Não falo assim por mal, é só cansaço e estresse. Tenho andado cansada e atarefada por causa das novas parcerias e a coleção de inverno.


— Não cansada o suficiente para impedi-la de sair com o meu irmão.


Virei o rosto em sua direção, com uma expressão totalmente ofendida. Como ele se acha no direito de me julgar por isso sendo que ele é o cara que no dia seguinte estava de atracando com Lindsay em sua sala? Ugh!


— Perdão? - Indaguei com as sobrancelhas franzidas, me esforçando para não xingá-lo.


— Nada, não é nada.


— O que seus funcionários fazem não é da sua conta, sabia? Eu tenho todo o direito de sair com qualquer outra pessoa, você foi o primeiro de nós a mostrar a falta de exclusividade em seja lá o que que estávamos iniciando. Não pode me julgar por fazer o mesmo que você.


Agradeci mentalmente quando o elevador abriu no saguão e saí quase correndo em direção ao estacionamento, adentrando o veículo e dando partida de forma rápida. Liguei a música alta para não ficar pensando na conversa do elevador e quando estacionei em frente de minha casa, adentrei-a rapidamente.

Depois do banho, enquanto me arrumava no closet, liguei para as meninas e deixei o telefone no auto-falante, lhes contando sobre o encontro nada agradável.


— Não acredito que o safado insinuou isso! - Exclamou Lola.


— Eu realmente estou muito afim de apresentar a minha esquerda e a minha direita pra ele. - Resmungou Nina.


— Acredite, eu mesma estou com vontade de afundar um salto na cara dele.


Murmurei, ajustando o vestido bege em meu corpo. Ele é justo, vai até a altura dos joelhos, mangas finas sobre os ombros e tem duas fendas acima dos quadris.


— E você vai ao jantar mesmo assim? - Perguntou Deborah com a voz engraçada de quem estava mastigando comida.


— Lauren me convidou pessoalmente. Eu gosto dela e de Luke. E dos pais deles. Liam e a oxigenada podem ser ignorados. Vou desligar e continuar a me arrumar, depois conto a vocês como foi o jantar, beijinho.


— Beijinho! - Responderam as três em uníssono e desliguei o celular.


Fiz uma maquiagem leve, uma sombra cor de cobre mesclada a um marrom e batom rosado. Coloquei um par de brincos de pedrinhas brilhantes, e a gargantilha do conjunto de tais. Calcei o par de salto alto e borrifei um pouco de perfume em mim. Decidi deixar o celular em casa, carregando, então saí do quarto sem a bolsa.


Desci as escadas e quando cheguei à sala, ouvi a campainha. Não tardei em me encaminhar para a porta e bordei um sorriso ao ver Luke trajado em uma camiseta social de linho de cor cinza, e um blazer azul marinho e despojado por cima.


— Uou, Megan, você está... Uou.


— Belíssimo homens que sabem se expressar. - Falei de forma brincalhona, rindo baixinho. — Você também está lindo.


Caminhamos até o lado de fora, tranquei a porta e adentramos o carro. Conversamos coisas triviais até chegar à sua casa e após descer do carro, nos apressamos em entrar porque estava parecendo que iria chover. E não posso negar estar nervosa pra caramba.


Na sala estava o pai deles, que se aproximou e segurou minha mão, beijando o dorso de minha mão.


— Senhorita Megan, você está deslumbrante.


— O senhor também está belíssimo, Albert.


Lhe lancei uma piscadela brincalhona, sorrindo em direção à Martha, que se aproxima com Lauren.


— Nossa, Megan, você está tãããão gata. - Falou, de forma exagerada, praticamente se jogando em mim para me abraçar.


— Lauren, querida, assim você derruba a Megan.


Falou Martha, me cumprimentando com um beijo na bochecha, o qual retribuí.


— Por que você não me cumprimenta com tanto calor, cunhadinha?


A voz de Lindsay soou na sala enquanto ela entrava com Liam. O pior é que ele está lindo usando calça, camiseta e um blazer preto. Ai, Megan, cria vergonha na cara.


— Talvez porque é chata demais.


Sussurrou Lauren e comprimi os lábios para não rir. Tentei desviar o olhar de Liam, mas notei que o mesmo me encarava. Luke sorri despreocupado, não tem nem noção da tensão instalada no ambiente. Por sorte, Albert chamou todos para a sala de jantar e os seguimos.

Lauren sentou-se ao meu lado e Luke se sentou do outro. Decidi me manter calada e respondendo o necessário, já que não sabia exatamente o que dizer, e nesses casos é melhor ficar em silêncio.


— Então, vocês dois podem dizer pra gente o que vocês são? - Perguntou Liam de forma um tanto afetada. Estava demorando ele ser inconveniente.


— Luke e eu somos amigos. - Falei, sorvendo de um gole do vinho.


— Porque ela quer, na menor chance de investida eu roubo ela. - O mais novo falou e quase engasguei com o líquido doce. Liam estava sorrindo, mas a expressão em seu rosto é um tanto esquisita.


— Luke!

Exclamei, pousando a taça na mesa. Minhas bochechas estavam queimando de vergonha. E o sem vergonha está rindo do meu lado com sua cara dissimulada.


— Então esse é um bom momento para dizer que eu e meu Liamzinho estamos noivos? - Fala Lindsay, atracando o braço ao do maior.


— Noivos?!


Literalmente todos na mesa exclamaram, Lauren deixou o garfo cair no prato, fazendo um baruho estridente, combinado aos trovões lá fora. Um silêncio se instalou no ambiente, sendo possível ouvir as gotículas de chuva começando a cair lá fora.


— Nós iríamos falar disso depois. - Murmurou Liam e me forcei a levar mais uma garfada de comida à boca para disfarçar o desconforto.


— Sendo assim... Parabéns, meu filho.


Disse Albert. Martha disse o mesmo e todos engajaram falando sobre qualquer outra coisa, enquanto os pratos eram trocados pela sobremesa. Mantive o olhar voltado ao petit gateau, mas saí de meus devaneios quando Lauren tocou meu ombro.


— Meg, meu aniversário está chegando e comemoraremos no rancho da família e eu quero muito que você vá.


— Uau, a senhorita já vai fazer 15 anos? Está crescendo pra caramba. - Brinquei, tocando a pontinha de seu nariz. — Eu vou, sim.


Lhe lancei uma piscadela e terminei a minha sobremesa, apoiando as mãos na superfície da mesa. Precisava de um pretexto pra sair dali um pouquinho e relaxar. Essa história de noivado repentino do Liam está fazendo o meu estômago revirar.


— Se me dão licença, eu preciso ir ao banheiro. - Falei, me levantando.


— Claro, querida, terceira porta à direita, subindo as escadas.


Martha respondeu e murmurei um agradecimento, seguindo o trajeto que ela indicou. Quando adentrei o banheiro e fechei a porta, alguém a abriu, entrou e trancou com a chave. Se disse Liam, está correto. O que caralhos esse cara veio fazer aqui.


— Não me dá privacidade para fazer xixi? - Ergui a sobrancelha de forma questionadora.


— Olhe nos meus olhos e diga que não me ama. - Ele falou, segurando os meus ombros. Em seu olhar havia algo semelhante a desespero.


— Você perdeu o juízo?


— Diga. Não tem noção de como preciso dessa confirmação.


— E você não tem noção de como está sendo ridículo agora, Liam. Você me acusa no elevador, me interroga na frente dos seus pais pela sua crise de testosterona e me encurrala? Você acha que eu sou o que? Um brinquedo?


— Não, Meg, você não entende.


— Se alguém aqui não entende algo, é você. - Rebati. — Seus irmãos estão lá em baixo, seus pais, sua noiva e os funcionários da casa. Eu não sou uma peça no seu joguinho de tabuleiro, não sou sua concubina ou sua bonequinha que você pode usar e deixar de lado conforme as suas vontades e conforme te convém. Você não tem noção de como isso machuca. Então aproveite a droga do seu noivado e me dê licença para usar a porra do banheiro.


Ele abriu e fechou a boca algumas vezes, mas soltou meus ombros. Agora notei como ele parece cansado. Suas olheiras estão enormes e os ombros um tanto caídos. O que está acontecendo para ele estar tão cansado e agitado?


— Desculpe. Subi para avisar que todos estão indo pra salar de estar tomar chá, então pode seguir pra lá quando sair do banheiro.


Ele destrancou a porta, a abriu e saiu. Resisti a vontade de enfiar a cabeça na água fria da pia. As coisas estão uma loucura, ele beija ela e dois meses depois já estão noivos? Há algo de muito errado nessa história. Pressionei as mãos, fincando as unhas nas palmas e saí também, descendo as escadas em direção à sala. Todos estavam lá, inclusive Liam.


— Acho que vou pra casa. - Falei enquanto me aproximo.


— A chuva lá fora está terrível, por que não dorme aqui essa noite? Amanhã cedo toma café com a gente, Luke te leva pra casa pra se trocar e depois você vai pra casa. - Ofereceu Albert, com um olhar idêntico ao Luke.


— Já sei de quem você puxou esse olhar! - Falei de forma acusadora ao moreno. — Ok, ok. Fico.


— Eu a levo pra subir e lhe empresto algo pra vestir.


Falou Luke e afirmei com a cabeça em concordância. Dissemos um boa noite e subimos as escadas em direção ao cômodo que descobri ser o seu quarto. Ele me emprestou um conjunto de moletom e me troquei em seu banheiro, deixando o vestido e o salto ali. Em seguida, adentrei o quarto novamente.


— Está enorme! - Exclamei.


— Melhor em você que em mim. Bom, você pode dormir no quarto de hóspedes ou aqui, eu sou um bom garoto, me comporto. - Falou, erguendo as mãos enquanto deitava na cama.


— Comportado, puff.


Ri baixinho e me aproximei, deitando ao seu lado. Mas isso é verdade, Luke é comportado nesse quesito em relação ao irmão. Costumamos dormir juntos depois de assistir e ele não se aproveita da situação. Seus dedos começam a fazer carinho em meu cabelo, mas dormiu primeiro que eu. Me inclinei, depositei um beijinho em seu queixo e logo adormeci também.