Capítulo 4 - Fidélité.

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Perdão pela demora.

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Olhando agora, tudo parecia normal. As pessoas pareciam normais, o barulho, agitação e euforia parecia normal, o acolchoado na cabine que escolhi parecia normal, e enquanto esperava, ansioso, por em breve reencontrar meus amigos, o trem parecia normal.

Mas não encaixava. Talvez a intensa ansiedade presente em mim alimentava, com volúpia, o pessimismo que não podia controlar, ou, talvez, algo realmente iria acontecer. Eu conseguia sentir.

Inquieto, levei as mãos até meus cabelos despenteados, talvez de tanto que esse ato se repetiu, mas não me importei em bagunça-los um pouco mais. Estava tão nervoso…

Consigo sentir antecipadamente a negação de todas as pessoas. Não que eu me importe, é claro, não desse jeito, mas me deixava possesso saber que aos olhos de outros, a situação a qual me encontro seja motivo de impotência e fraqueza.

Sem contar que ainda teria que explicar minha nova situação aos meus amigos e, porra, Pansy vai me matar. O que se pensar bem não seria uma má ideia já que morrerei antes de ver no que vai dar quando Hermione e os garotos de ouro, que, minha nossa, eu sequer gostava, aparecessem. Garotos estes que — caso minha amiga não me mate — com certeza farão parte da minha vida – já que agora Hermione faz parte da minha – e consequentemente da deles, o que sem dúvidas não dará certo.

Minha nossa, nossa, nossa…

Minha linha de raciocínio foi quebrada quando a porta da cabine foi empurrada para o lado, deslizando e aos poucos revelando quem desejava entrar. E meu sorriso foi um dos maiores quando pousei meu olhar no moreno alto, sorrindo de lado e com os braços cruzados, encostado na parede que separava as cabines, vestindo uma blusa branca, calça jeans preta e uma jaqueta de cor lavagem por cima. Parecia tão poderoso.

— Não mereço um abraço, Dray? — Sorriu largo.

Levantei, meio desnorteado, reparando agora no tamanho do meu amigo que, minha nossa, parece ter dois metros de altura.

— Você não para de crescer? — Retruquei, o abraçando com força, sendo envolvido por seus braços fortes e sentido as vibrações de seu riso, com a lateral do meu rosto encostada em seu peito.

— É ser meloso demais eu dizer que senti sua falta?

Sorri feliz. — Sim. Meloso demais. — ri ainda mais, imaginando sua careta. Me afastei, agora o encarando quando respondi, sincero. — É recíproco.

Ele sorriu ainda mais largo e focou mais seu olhar em mim, enquanto ocupava o banco em minha frente. Agora parecia me encarar de verdade, franziu o cenho, analisando minha mudança óbvia, sem dúvida. Eu vestia um moletom verde claro, uma calça moletom da cor preta e botas de cano alto, mas tenho certeza de que não era isso que lhe chamou a atenção. Me senti desconfortável com seu olhar, tendo quase certeza de que ele iria comentar sobre o quão frágil pareço, mas para minha surpresa, a única pergunta que saiu de seus lábios foi:

— Cara… — apontou — você tá de brinco?

Eu ri. Ri porque ele conhecia meus trejeitos e minha personalidade como ninguém.

— E tatuagem? — perguntou antes que eu pudesse responder — Puta merda, Draco!

— Majestoso, assim como eu, não concorda? — Sorri olhando por todo meu braço e depois falei o óbvio. — Claro que concorda.

O encarei novamente e ele tinha um sorriso discreto no canto da boca. — Vejo que o narcisismo você ainda possui. — arqueou uma de suas sobrancelhas.

H.O.P.EOnde histórias criam vida. Descubra agora