Capítulo 2

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Olá, Quarenteners!

Por favor, se gostar, deixe sua estrelinha e comentários!

🎼Boa leitura!🎻

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O arco segurado pela mão direita deslizava sobre as cordas, arrancando do pequeno instrumento uma melodia um tanto triste, cheia de intensidade. Os dedos da mão esquerda se mexiam com destreza e suavidade, como se estivessem em um balé bem coreografado.

Eu não podia ver seu rosto, mas conseguia perceber que o rapaz estava completamente absorto em sua música, seu corpo se movendo levemente em sincronia, acompanhando os gestos bonitos de ambas as mãos.

Eu fiquei ali, em silêncio, inebriado com aquela cena. Não era só a música, podia-se sentir a paixão e a conexão entre o violino de madeira escura e aquele que o tocava. Confesso que senti um pequeno nó na garganta e meus olhos se umedeceram.

Não sei explicar, mas aquilo mexeu comigo. Não sabia se era por causa de tudo o que pandemia estava causando no mundo, se era por causa dos meus dias solitários naquele pequeno apartamento ou simplesmente porque aquela música me agradava, me acalentava, de alguma maneira. Talvez fosse a junção de tudo isso.

Fechei meus olhos para aproveitar aquele momento, tentando registrar na memória cada nota que saía do violino. Me senti leve, como quando alguém querido te dá um braço apertado depois de algum tempo de ausência, matando a saudade.

Minha meditação só foi interrompida quando sons de aplausos soaram. Abri meus olhos e percebi que várias pessoas estavam aplaudindo de suas varandas e janelas. Pelo jeito, eu não era o único que estava assistindo aquele espetáculo encantador. De impulso, comecei a aplaudir também. Foi involuntário, mas eu queria me juntar àquelas palmas para, de alguma forma, agradecer por aquele momento.

Acho que pela proximidade, chamei a atenção dele, que após tirar o violino de seu ombro, virou-se na minha direção.

Não entendi, mas meu coração disparou ou vê-lo a alguns metros de mim, agora com os olhos encarando os meus com curiosidade. Os cabelos castanhos caíam em parte sobre sua testa e o rosto estava encoberto por uma máscara preta, mas dava para perceber que ele, provavelmente, estava sorrindo.

— Ah... Oi... — Disse um tanto acanhado.

— Oi... — Ele devolveu, a voz um pouco abafada por causa da máscara.

— É... bom... — Meu Deus, por que as palavras me faltavam? — É... Ah... — Fale de uma vez. — Parabéns... você toca muito bem. — Ufa, saiu.

— Obrigado... — Ele abaixou a cabeça, parecia meio envergonhado agora.

— Faz tempo que você mora aqui? Acho que nunca te vi... — Pronto, voltei a falar normalmente.

— Desde o ano passado. Acho que também nunca te vi aqui no prédio.

— Eu fico pouco em casa... acho que não conheço ninguém, para falar a verdade.

— Nem a senhora Choi? — Vi ele levantar as sobrancelhas.

— Aquela fofoqueira do segundo andar? — Bufei. — Como não conhecer. Ela só fica lá na portaria observando quem entra e sai. Deveriam contratar ela de porteiro, já que ela não sai de lá.

— Tem razão. — Ele riu. E que risada gostosa.

— Ela faz questão de sempre comentar que eu estou com a mesma roupa do dia anterior quando eu chego aqui pela manhã.

— Ah... então você é desses...

— Como assim "desses"? — Ele estava desdenhando de mim?

— Não, não! Por favor, não me entenda errado. — Ele gesticulou com uma das mãos. — Não quis te ofender. Eu só me referia às pessoas que gostam de noitadas.

— Ah... bom... Sim, eu gosto de sair. — Ele acenou com a cabeça. — E você?

— Prefiro ficar em casa. Acho que não sou uma pessoa do tipo sociável, sou meio... tímido — Ele desviou o olhar.

— Tímido? Mas você estava tocando na varanda da sua casa para dezenas de pessoas desconhecidas.

— É diferente... — Ele olhou para o violino em sua mão esquerda. — A música é a minha melhor forma de comunicação, é a forma que eu tenho de me aproximar um pouco das pessoas. Esses dias de quarentena tem sido muito difíceis, acredito que para todos. Então, eu só quero trazer um pouquinho de paz nesse cenário caótico.

— Puxa, que bonito da sua parte. — Ele abaixou a cabeça de novo, olhando para seus pés. — Obrigado por isso.

— Você gostou mesmo? — Ele pareceu interessado de novo, me olhando, ainda com a cabeça meio baixa.

— Sim, acho que nunca tinha visto alguém tocar violino de tão perto. E a forma que você tocava me fez viajar um pouquinho, sem sair dessa varanda.

— Ah... que bom que gostou.

— Qual é o nome da música que você tocava? — Dei um passo para frente, encostando no parapeito mais próximo do apartamento dele, mas ele se afastou, dando um passo para trás.

— Se chama "Meditação de Thais", do compositor francês chamado Massenet. É um interlúdio de uma ópera.

— É linda! — Exclamei, admirando o jeito que ele segurava o violino e o arco em uma mão só, como se tivesse uma jóia preciosa em seu poder.

— Sim.. é uma das minhas músicas preferidas. — Ele jogou o cabelo para trás, que balançava com o vento, atrapalhando um pouco a visão. —Você gosta de ópera?

— Bom, eu nunca vi ou escutei uma.

— Ah... tá... — Os ombros dele caíram um pouco. — Pouca gente gosta mesmo.

Um pequeno silêncio se instaurou, me deixando um pouco desconfortável. Eu queria conversar mais, mas não sabia o que dizer. Talvez eu devesse pedir para ele me falar mais sobre ópera?

— Bom... — Ele disse antes que eu pudesse puxar o assunto. — Eu preciso ir, tenho que trabalhar.

— Ah... — Fiquei meio decepcionado. — Claro, vá em frente. Ah! — Chamei a sua atenção antes dele entrar no apartamento. — Me chamo Park Jimin.

— Prazer, Jimin. Meu nome é Jeon Jungkook.

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Espero que estejam gostando!

Como vcs podem ter reparado, os capítulos vão ser mais curtos do que eu costumo fazer, mas assim eu consigo fazer atualizações com um pouco mais de frequência.

Para quem quiser saber o que Jungkook estava tocando, assistam esse vídeo!

Muito obrigado por me acompanharem nessa nova fanfic!

Nos vemos no Twitter!

Beijinhos e usem máscara!

QU4RENTENA || JIKOOK || Concluída Where stories live. Discover now