"Oi..." — Rafaella disse baixinho.

"Rafa...?" — Bianca temeu que seu coração parasse naquele instante.

"Como você tá?" — não conseguia esconder a tristeza na voz.

"Você sabe..."

"Eu li o seus bilhetes... Eu acredito em você." — disse sem delongas.

"Se acredita em mim porque você não tá comigo agora?"

"Porque eu percebi que preciso curar algumas coisas dentro de mim. Não foi normal o jeito agressivo que eu reagi e nem o jeito que eu tratei toda a situação depois de presumir que você tinha transando com ela."

"A gente se magoou mas a gente se cura." — tentou contornar os rumos da conversa.

"O tempo que eu te pedi eu reconsidero agora. Eu to magoada, você tá magoada. Não quero voltar e ficar jogando coisas na sua cara ou viver em desconfiança por deficiências minhas."

"Jogar o quê na minha cara Rafa? A gente ajeita as coisas cara..."

"Eu vou começar a terapia na segunda. Quero resolver isso com a minha família e todo o resto. Só me dê o tempo de resolver as coisas..."

"Tudo bem." — concordou com pesar, imaginando que duraria no máximo mais uma semana. — "Eu realmente amo você e eu realmente só me vejo com você."

"Eu também Bia. Eu te procuro quando tudo estiver melhor. Mas não me espere. Fique bem."

        As últimas palavras de Rafaella foram como uma lança no peito de Bianca que já sangrava. Mas independentemente dos corações machucados, a vida nunca para.

        E o tempo passou...

2 meses depois...

       Após a última conversa com Rafaella, Bianca passou por algumas fases. No primeiro mês, ela fez o que a Bia de até um ano atrás faria para tirar alguém da cabeça: foi para milhões de festas e baladas e popularmente falando: "passou o rodo". No segundo mês ela sentiu como se estivesse dando murro em ponta de faca pois percebeu que aquilo já não fazia parte dela e odiou um pouco ter se sentido tão preenchida e realizada com alguém a ponto de sentir que os buracos que estava tentando tapar vivendo dessa maneira, eram parecidos com buracos de perfurações de petróleo, fundos demais. Então ela focou em outras coisas...

         Ela se reaproximou de B2, evitou sair com Flayslane e planejou novos projetos. Sempre desviando das curvas de saudade que a tentavam a "desrespeitar" o tempo que Rafaella havia pedido pra se reorganizar. Ela e B2 estavam esperando a equipe da Globo chegar em seu jardim para gravar um depoimento de Bianca para o Fantástico sobre o que havia acontecido em Nova Iorque. Seria a primeira vez que Bianca tocaria no assunto desde o ocorrido e ela estava nervosa:

— Como você tá se sentindo. — Bianca Venturotti perguntou para Bia.

— To bem... Eu nunca tinha falado sobre isso mas se é pra fortalecer outras pessoas acho que é necessário tocar na ferida.

— Você vai conseguir. — B2 sorriu. — Mas aí, mudando de assunto, você não vai mesmo não pra Farofa da Gkay?

— Depois de mais de um mês enchendo a cara e acordando com uma mina diferente na minha cama a cada dia pra todas as vezes me sentir o lixo do lixo, posso dizer com convicção que entrei na era clean.

HOPE [Rabia]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora