Capítulo 29 - Em casa

Começar do início
                                    

  - Você está aqui! - ele sussurrou colando sua testa na minha.

  - Estou! - fechei meus olhos inspirando, deixando seu cheiro invadir meus sentidos. Eu estava finalmente em casa. - Desculpe ter demorado tanto. Mas acreditaria se eu te dissesse que levei dois séculos para conseguir voltar?

  Ele levantou a cabeça e me encarou.

  - Como? - o sorriso não deixava seus lábios.

  - É uma longa história. - sorri, incapaz de não corresponder a seu sorriso.

  Ele alcançou a porta e a fechou, me puxando para dentro de meu quarto. Vi com satisfação que tudo ainda estava como deveria estar. Apenas meu retrato com o terno preto estava ali já terminado e uma garrafa quase vazia com um líquido âmbar fora colocada ao lado do vinho. Suspirei de alívio. Eu iria mudar o futuro. Ele não se acabaria em tristeza, eu não deixaria isso acontecer. Iria amá-lo tanto que o sufocaria de felicidade, seríamos felizes para sempre. Ficaríamos juntos para sempre.

  - Não estou com pressa. - disse ele.

  - Ele me procurou esta noite. Consertou as coisas. - falei apressado. Eu estava com pressa! Queria começar de onde paramos de uma vez por todas. Entretanto, ele fechou os olhos e suspirou.

  - Quanto tempo desta vez? - a voz embargada. Toquei seu rosto.

  - Não tem tempo. É definitivo desta vez.
  Ele abriu os olhos e eu sorri, seu rosto aos poucos se transformou. Um sorriso imenso apareceu ali enquanto ele entendia a nova situação.

  - Ficará aqui? - perguntou, parecendo não acreditar no que tinha ouvido. - Ficará comigo para sempre?

  - Essa é a ideia! Ele me deixou escolher onde eu queria viver. E escolhi viver aqui. Não poderei voltar nunca mais. - nenhuma gota de arrependimento em minha voz.

  Sua testa vincou.

  - Você abandonou toda sua vida por mim? - indagou, apavorado.

  - Não! Eu abandonei todo o resto para ficar com a minha vida! - eu o corrigi. - Você não entende? Não dá pra suportar viver longe de você.

  Ele assentiu, provavelmente sentia o mesmo.

  - Tem certeza do que fez? Que escolheu corretamente?

  - Jungkook, eu não tenho vida se você não estiver por perto. Simplesmente não rola! - sacudi a cabeça. - Sabia que isso deveria acontecer? Você e eu quero dizer?

  Suas sobrancelhas arquearam.

  - Deveria?

  - Sim, ele me disse que estávamos predestinados. E que, por engano, fui colocado na época errada. - eu ri. Era a minha cara estragar tudo me perdendo para variar. - Então ele me mostrou como deveria ter sido, quando estive aqui da primeira vez. E hoje me deu a escolha de viver onde eu quisesse. Então, Jungkook, vou precisar de sua ajuda outra vez.

  Seus olhos se arregalaram e seu rosto ficou tenso.

  - Ajuda? - ele repetiu com a voz instável.

  - É. Olha só, eu tô sem emprego, sem casa pra morar e os únicos amigos que eu tenho aqui são Hyuna, Gomes, Madalena e você. Talvez SooHyun também. Estava pensando se poderia me emprestar este quarto e me dar um pouco de comida até que eu arrume um jeito de ganhar dinheiro.

  Seu rosto se iluminou, o brilho prateado que senti tanta falta nos últimos dois meses apareceu em seus olhos.

  - Creio que posso lhe emprestar este quarto. Talvez possamos fazer um acordo quanto ao pagamento. - ele deslizou os dedos por meu braço e eu estremeci com o toque quente e suave.

ESPELHO // Jikook VersionOnde as histórias ganham vida. Descobre agora