Capítulo 1

30.1K 2K 308
                                    

A porta do escritório se abriu e por ela passou um jovem, um jovem alto e magro, ele usava um terno com uma gravata vermelha, o cabelo castanho estava absolutamente bagunçado, o que fazia com que sua aparência arrumada fosse arruinada. Ele também tinha uma bengala em sua a mão, e a batia levemente no chão ao andar, e em seu rosto, usava óculos escuros.

O recinto era grande demais para um escritório, havia uma grande estante com livros, muitos deles em braile, uma grande janela que mostrava toda a cidade de Hollywood. Havia também uma grande poltrona, virada para uma mesa de madeira escura polida, atrás desta mesa estavam duas cadeiras sofisticadas.

A poltrona era ocupada por nada menos que o reitor da melhor escola de cinema do estado, Fred Harrinson. E em uma das cadeiras estava seu caçula, Trevor, que jogava um jogo em seu celular.

O empresário levantou seu olhar do jornal que estava lendo ao ouvir as batidas no chão:

-Arthur - disse ele - Como vai?

- Como sempre. - disse o filho mais velho, que tateava a mesa para encontrar a cadeira.

Trevor olhou para o irmão, levantou - se e puxou a cadeira ao lado, guiando Arthur até ele se sentar, então voltou para o seu jogo.

-Obrigado- agradeceu Arthur.

Fred se levantou e foi andando em direção a porta.

-Temos um assunto sério para discutir - disse ele antes de sair do escritório - esperem aqui.

O pai saiu e o silêncio caiu na sala, um silêncio que logo foi quebrado pelo som do jogo no celular de Trevor.

Arthur tinha certeza que o irmão havia se esquecido da audição aguçada dos cegos, o barulho estava começando a lhe dar dor de cabeça.

-Trevor, pode desligar o volume? - ele pediu.

-Ah sim, desculpe.

Arthur ouviu o som de uma tela de celular sendo desligada e sentiu seu irmão se endireitar na cadeira.

-Então... O que fez no ultimo ano em que esteve fora? - Trevor perguntou.

-Viajei pelos primeiros dois meses, então percebi que não valia a pena e fiquei morando pelos arredores.

-E não nos contatou. - observou o caçula.

Arthur sentiu um peso na consciência. Ele não havia mandado sinais de vida por um ano inteiro, provavelmente deixando sua mãe de cabelos em pé. Porém, no fim do ano, seu pai havia conseguido o seu contato e o chamara para a reunião em que ele estava agora.

Mas não foi por isso que sentiu esse peso. Arthur se sentiu culpado porque ele não ligava.

No momento seguinte, seu pai entrou no escritório com alguns papéis sentou-se em sua poltrona novamente.

-Bom, meninos, eu realmente não sei como dizer isso para vocês, mas... - começou - Bem, há duas semanas comecei a sentir muitas dores de cabeças, mais frequentes do que o normal, náuseas e até esqueci algumas... Palavras. Sua mãe decidiu me levar ao hospital e eu fiz muitos exames, e o médico disse que eu tinha um tipo de tumor, no meu cérebro e...

-O QUE?! - Trevor se manifestou - Isso não pode estar acontecendo, por favor, me diga que é mentira.

-... Que ele já estava bem desenvolvido. - continuou Fred - O dr. Rodnway me deu seis meses.

Naquele momento, Arthur havia se esquecido de como respirar. Ele ouvia o que o pai estava falando, mas não captava. Sabia que seu irmão Trevor estava do mesmo jeito, pois ouvira sua respiração acelerar.

Ele não é tão Cego AssimOnde as histórias ganham vida. Descobre agora