Capítulo VIII

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Cancelei a ligação rapidamente. Nem percebi se mamãe iria continuar a falar ou não. O que ela me disse está ecoando em meus pensamentos.

Outra garota sumiu.

Me sinto zonza, parece que meu coração vai saltar do meu peito como nos desenhos. Pisco os olhos algumas vezes, até que saio do transe em que me encontrava. Preciso chamar o meu amigo, temos que ir embora.

Corro para dentro da lanchonete e abro a porta com rapidez, o que faz um barulho alto ecoar pelo ambiente, atraindo olhares para mim. Peter me olha e logo vê que tem algo errado, pois vem correndo até onde estou. Ele segura meus braços, e vejo a preocupação estampada em seu rosto.

— O que aconteceu, Úrsula? Por que você está chorando?

Levo minhas mãos ao meu rosto, e só então percebo que lágrimas estão escorrendo por ele.

— Precisamos ir, agora, por favor.

Ele assente, e me puxa para fora. Entramos de volta no carro e colocamos o cinto. Peter não disse nada, e nem pergunta o que aconteceu, acho que eu nem conseguiria dizer. Tento respirar fundo e controlar minhas emoções.

Que droga está acontecendo nessa cidade? Eu nunca imaginei que essa confusão toda poderia acontecer comigo, e aqui. Isto é tão bizarro! Eu só consigo pensar no que a pobre garota está passando. Se Susan apareceu com tantas marcas de tortura, e foi o mesmo cara quem sequestrou a outra, ela deve estar sofrendo o mesmo, ou pior.

— E então, vai me dizer o que aconteceu? Você entrou lá do nada, e chorando. — ouço a voz de Peter me perguntar.

Olho para ele, e o vejo concentrado na rua. Mexo em minhas mãos tentando pensar em como direi a ele.

— Outra garota, Peter. Mais uma... — ele me olha confuso, e engulo em seco antes de continuar. — Mais uma garota desapareceu.

Acho que minha voz sai quase inaudível, mas percebo que ele conseguiu entender. Peter freia bruscamente, o cinto me faz permanecer em meu lugar. Ele estaciona o carro, e o desliga. Seu olhar está fixo na rua, até que ele bate no volante em um sinal de frustração.

— Que droga! Ninguém está conseguindo fazer nada para impedir isso. Já é a segunda garota que some. E se acontecer a mesma coisa? Úrsula, todos nós estamos caminhando em círculos sem achar nada de importante. — ele diz me olhando preocupado e inconformado.

— Eu sei, Peter. É agoniante. Todos sabem como a história de Susan acabou, e é óbvio que seus últimos dias não foram dos melhores. E essa outra garota deve estar sofrendo da mesma forma. E nós não podemos fazer nada!

Passei a mão entre meus cabelos. Eu me sinto tão impotente.

— Vai ficar tudo bem. Isso vai acabar, logo. — Peter me puxou para um abraço. — Agora, é melhor irmos. Sua mãe deve está nos esperando chegar para ir para a delegacia.

Assenti e me ajeitei no banco. O caminho até minha casa não foi muito longo, e agradeci mentalmente por isso. Eu só queria me jogar no sofá, assistir um filme, e tentar esquecer de tudo isso. Nem que seja por um instante.

Quando entrei dentro de casa, pude ver mamãe vestida com seu uniforme. Ela estava sentada no sofá, e vi em seus olhos o quanto tudo aquilo estava a deixando preocupada. Corri até ela, e a abracei.

— Mamãe, eu... Sinto muito.

— Eu também sinto. Me sinto uma péssima xerife! Mais uma garota pode ter sua vida arrancada de si, e eu não consegui impedir isso. Mas, ainda tenho chances de conseguir, e é isso que farei. Dessa vez nós iremos encontrá-la antes de que algo de pior aconteça. — ela diz encerrando o abraço. — Peter, querido. Você poderia passar a noite aqui? Não quero que Úrsula fique sozinha.

Mistério em Forest VillageWhere stories live. Discover now