Inimigos De Infância

Capítulo Cinquenta e Um

Jade:

— Você já não bebeu demais?— Escuto Nicholas falando em meu ouvido, fazendo com que eu me vire pra ele com um sorriso brincando em meu rosto.

— Eu não acho não. Eu ainda nem comecei direito

Pra ser sincera, acho que ainda bebi bem pouco. Mas felizmente, eu tenho meu alto controle e apenas bebo até onde eu sei que irei aguentar. Não passo disso.

Olho em volta a procura de Mia e Brian, e meus olhos repousam neles dois se beijando no canto do bar, no escuro. Esses dois são tão imprevisíveis, mas eu não me importaria de estar assim também.

— Vou no banheiro. — Falo, vendo Nicholas me olhando de braços cruzados. 

Me desapoio do balcão, dando uma pequena cambaleada mas me recompondo. Ando calmamente em direção ao banheiro, ficando um pouco tonta por conta das luzes fortes e coloridas, se movimentando de forma rápidas.

Olho em volta da multidão, com meus olhos pairando em uma pessoa que pareço conhecer. Mas talvez eu só esteja vendo coisas ou seja alguém parecido.

Entro no banheiro, lotado de diversas meninas. Apenas me direciono até o espelho, ajeitando meu cabelo e retocando meu batom.

Levo minha atenção a um grupo de garotas que conversam alto. Coincidentemente, duas dessas garotas são as que estavam dando em cima de Nicholas e de Brian.

— Meninas, vocês tinham que ver. Dois gostosos. Se as namoradas não tivessem chegado, com certeza já teríamos pescado os peixes. — Ela fala rindo. — Mas quem sabe a gente tenta mais tarde, não é, Alisson?

Dou uma baixa risada enquanto me olho no espelho. Adoraria ver elas tentando novamente, minha noite está tão sem graça mesmo.

Abro a porta do banheiro, e saio caminhando pelo pequeno corredor que leva de volta para a boate. Mas antes que eu possa voltar, sinto meu corpo sendo puxado e pressionado fortemente contra a parede.

— Mas que porr... Pedro?

— Posso falar um segundo com você? — Ele pegunta, ainda segurando meu corpo contra a parede.

— Não. — Respondo, tentando me movimentar mas ele me segura mais forte. — Se você não me soltar agora, eu vou gritar.

— Eu te solto, se você me prometer que vai me escutar.

Ele afrouxa o meu braço, me soltando aos poucos e me olhando com cautela.

Depois de tanto tempo, ver ele assim na minha frente é no mínimo, muito estranho. Ainda mais porque ele ainda teve a coragem de me prender contra a parede, querendo que o
ouça, como se eu devesse.

Estou muito surpresa de ver ele. Além do que, ele continua literalmente a mesma pessoa desde que terminamos.
Várias coisa me fazem lembrar, mas ver ele cara a cara comigo, me fazem lembrar de tudo ainda mais.

Apesar de eu não ter nenhum tipo de ressentimento, não significa que eu precise escutar ele. Acho que nenhum de nós dois temos nada de muito importante pra conversar.

— Não temos nada pra conversar. — Digo, puxando meu braço bruscamente e me viro andando de volta para o bar. Escuto ele chamar meu nome, mas não dou atenção.

Assim que chego perto de Nicholas, vejo ele debruçado sobre o balcão, mexendo em sua bebida azul. Abraço ele por trás, sentindo seu corpo ficar tenso mas relaxando em seguida, após ver que sou.

— Você demorou. — Ele diz se virando de frente pra mim.

— É, encontrei alguns imprevistos no caminho. — Digo rindo. — Mas nada muito importante.

Acho que se eu não estivesse com álcool no sangue, estaria no mínimo surtando ou chorando por ter encontrado Pedro, cara a cara. Mas, eu não tenho vontade de fazer nada a não ser rir. Eu deveria passar a beber mais vezes.

Vou para pista de dança, enquanto puxo Mia pela braço após ouvir algumas reclamações de Brian.
Começamos a dançar loucamente no meio de outras pessoas, fazendo com que eu perca de vista onde Nicholas está.

(...)

Continuamos dançando por sabe se lá quanto tempo. Não vi o tempo passar. Só vi quando meus pés começaram a doer e um enjôo repentino tomar contar de mim. A esse altura, eu já nem seu mais aonde Mia está.

Me sento perto do balcão, procurando Nicholas com os olhos, percebendo só depois de alguns minutos que ele estava ao meu lado, com um semblante sério.

— Está passando mal?

— Sim. — Digo fazendo uma careta, sentindo meu estômago todo revirando.

Ele balança a cabeça negativamente, enquanto se aproxima de mim e segura meu rosto entre suas mãos.

— Você é tão difícil, sabia? — Ele deposita um beijo em minha testa. — Vamos pra casa.

— E Brian e Mia?

— Depois eu mando uma mensagem pra ele.

Me levanto, enquanto me apoio nele e seguimos de mãos dadas até o seu carro. Me deito no banco de trás, tirando meus saltos e pondo minha mão na barriga.

Sem demorar muito, meus olhos vão se fechando lentamente a cada movimento que o carro faz, até eu perder toda minha consciência.