Capítulo 7

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         Com o cair da noite a chuva foi passando. Aproveitei para dormir um pouco durante a tarde... Eu queria estar disposta para o jantar. Já passava das seis quando eu acordei. Tomei um banho relaxante. Por alguma razão eu estava nervosa. Hidratei minha pele com o meu creme favorito e fiz uma maquiagem sem muitas estravagancias apenas para que ressaltasse a minha beleza. Fiz algumas ondas no meu cabelo preto com a ajuda de uma chapinha e por fim usei o vestido e um salto que combinasse já que ele deixava minhas pernas a mostra. Eu só precisava da ajuda do Noah para fazer o último ajuste.
_ Noah? _ Chamei batendo suavemente na porta e ele abriu.
          Me surpreendi ao vê-lo com aquelas roupas. A calça social preta era justa o bastante para desenhar suas pernas fortes sem parecer pequena para o seu tamanho. Os cabelos loiros estavam penteados perfeitamente para o lado. Eu simplesmente amava aquele corte de cabelo moderno mais aparado nas laterais e na parte de trás. A camisa branca ainda estava abotoada pela metade. Ele estava lindo e eu hipnotizada. Ergui a cabeça para encarar seus olhos. Ele era bem mais alto do que eu e mesmo usando salto alto ainda faltava pelo menos uns vinte centímetros para que eu pudesse alcançá-lo e ficar da mesma altura. O corredor estava mal iluminado, mas apesar disso os olhos verdes dele cintilavam para mim de um jeito que talvez não fosse tão dócil quanto parecia.
_ Você está linda, Caroline. _ Disse e sua voz saiu quase em um sussurro por causa da nossa proximidade.
_ O-Obrigada, Noah... Eu queria saber se você pode amarrar a parte de cima do meu vestido... Eu gostaria que ele ficasse bem justo.
_ Sim... É claro... Entre.
          Fiquei parada perto da cama esperando que ele apertasse o corpete do vestido. Arfei silenciosamente quando senti sua proximidade nas minhas costas. Não consegui conter o arrepio que percorreu minha pele quando ele afastou delicadamente o cabelo das minhas costas jogando as mechas por cima do meu ombro.
_ Você está com frio? _ Perguntou enquanto afastava as últimas mechas do meu pescoço, o que me fez arrepiar ainda mais.
_ N-Não. _ Enfatizei as palavras balançando a cabeça negativamente, mas pensei que talvez ele estivesse fazendo aquilo de propósito.
          Enquanto ele ia amarrando o corpete atrás eu arrumava na frente para ficar bem posicionado. Não demorou muito e ele terminou. Dei um passo a frente para me virar, mas mesmo assim ainda estávamos próximos demais. Ele me analisou por completo em silêncio absoluto corando um pouco ao descer o olhar para o meu decote onde os meus seios pequenos saltavam delicadamente por causa da estrutura da roupa.
_ Você está linda. _ Disse me olhando nos olhos. _ Incrivelmente linda.
_ Obrigada... Você também está lindo e ainda nem terminou de se arru... _ Me calei quando ele ergueu os braços e colocou meu cabelo todo para trás, onde estava anteriormente. Senti o mesmo calor da última vez, mas agora um pouco mais intenso.
_ Eu poderia nem sair hj e ficar aqui te admirando pelo resto da noite. _ Sorriu, um sorriso que eu nunca vira em seu rosto antes, mas gostei.
_ Não seja idiota. _ Rimos. _ Eu estou faminta.
_ Quero ver como vai conseguir comer com esse vestido apertando a sua barriga. _ Brincou.
_ Vejamos... Termine logo. Eu já estou pronta. Precisa de ajuda com alguma coisa?
_ Você poderia pegar o meu blazer, por favor?
_ Sim. Onde ele está?
_ É um preto que está dentro do closet. É o primeiro.
_ Está bem. _Abri uma das portas e lá estava. Quando me virei ele já estava terminando o último botão e já colocava o excesso da camisa dentro da calça. _ Aqui está.
_ Obrigado.
_ Não por isso.
_ Agora sim eu estou pronto. _ disse pegando a carteira e o celular sobre a cama e depois na minha mão. _ Vamos.

          O restaurante era lindo. Eu nunca tinha ido nele antes e o Noah também não, mas ele disse que as referências eram boas. Foi um jantar agradavel. Renderam boas gargalhadas em meio às garfadas na comida que estava simplesmente incrível. E ao final saímos de lá satisfeitos. A rua estava fria e o chão molhado, mas não estava chovendo. Não havia lua e nem estrelas no céu... As nuvens estava cobrindo todas elas... Era uma pena. O vento gélido tocava meu rosto sutilmente e eu estava gostando daquele passeio. Senti Noah pegar minha mão e o encarei, mas ele não disse nada apenas me puxou para uma praça que passava despercebida próximo ao restaurante.
_ Porque estamos aqui? _ Perguntei para quebrar o silêncio estranho.
_ Aqui podemos nos sentar e apreciar um pouco a tranquilidade da noite._ explicou se sentando no banco.
          Sentei-me ao seu lado. Próxima o bastante para dois amigos, mas com uma estranha sensação de querer estar mais perto. Meu coração saltitante já estava me tirando do sério. Um vento frio chegou até nós e dessa vez não pude evitar passar as mãos pelos braços para me aquecer.
_ Aqui. Use isso, está ficando cada vez mais frio aqui. _ Disse colocando o seu blazer sobre os meus ombros nus.
_ Obrigada. _ Sorri_ As vezes você é tão clichê.
_ Eu tenho certeza que no fundo você gosta disso também.
_ Como assim também? _ Franzi a testa e ele parecia estar se divertindo.
_ Você está sempre sendo bem durona, mas no fundo você quer um pouco de clichê.
_ É porque você tem tanta certeza?
_ Porque toda menina má precisa também de um pouco de carinho. _ Dei uma risada baixa.
_ Menina má? O que você esta pensando? Eu até que gosto de ser mimada isso é verdade, mas muito clichê também é chato. Você sabe que eu gosto de um pouco de maldade também.
_ Sei... Eu sei. _ Ele riu, provavelmente se lembrando das nossas antigas conversas. _ Eu adoraria ser um pouco mal com você também...
_ o quê?! _ Interrompi sua reflexão baixa mas audível.
_ Oi!? _ Usou sua expressão mais cínica.
_ Eu ouvi, Noah. _ Dei risada.
_ Eu não disse nada. _ Defendeu-se e olhou para o céu quando sentiu algumas gotas de chuva começarem a cair. _ Vomos logo. Vai chover._ Se levantou me pegando pela mão.
          Chegamos a tempo no carro entre risadas e algumas leves insinuações. Será que ele queria o mesmo que eu. Minhas vontades começavam a ficar cada vez mais claras conforme nos aproximavamos de casa, mas ainda assim eu não tinha certeza. Éramos amigos há tantos anos.
          Finalmente chegamos e entramos em casa as pressas para não nos molharmos tanto. Foi divertido estar com ele. Será que ele estava tão feliz quanto eu? Parecia que sim. Sorriu por quase a noite toda.
_ Quase fomos pegos. _ Ele disse me acompanhando escada a cima.
_ É verdade. Temos que nos trocar logo ou pode ser que fiquemos doentes e amanhã é o seu primeiro dia de trabalho.
_ Sim... Caroline? Você gostou do jantar?
_ Foi perfeito. Fazia muito tempo que eu não me divertia tanto... Obrigada. _ Vi um sorriso se formar em seus lábios lindos novamente.
          Paramos no corredor mal iluminado em frente a porta dos quartos.
_ Noah... Você pode desfazer os nós do vestido para mim, por favor?_ Pedi me virando de costas e já puxando meu cabelo para a frente.
_ C-claro que sim.
            A cada nó desatado eu sentia o toque de seus dedos frios nas minhas costas. Era bom, excitante. Me perguntei se ele sentia o mesmo calor que eu sentia quando estávamos juntos. Acho que não, mas ao mesmo tempo algo me dizia que sim.
_ Você me beijaria? _ A pergunta dele me surpreendeu. Ele já havia desatado todos os nós. O corpete do vestido já estava frouxo, preso apenas pelas alças.
_ O quê? _ Perguntei mesmo já tendo entendido a pergunta. Segurando o corpete para não cair me virei para encará-lo.
_ Não vou negar que queria beijá-la agora, mas sei que nada poderei fazer sem o seu consentimento.
_ Eu... Eu não sei.
_ Quer descobrir?
_ Eu acho que eu sim.
         

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