Capítulo 6

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         A semana terminou rápido apesar das horas demorarem a passar durante os meus expedientes no jornal. Estava tudo indo muito bem e até melhor do que eu imaginava. Não esbarrei com o Noah pelado pela casa e ele nunca mais entrou no meu quarto para fazer surpresas, mas quase todas as noites ele se deitava comigo e conversávamos até eu pegar no sono. Estávamos cada vez mais próximos novamente e até mais do que antes. O domingo se anunciava com um lindo e caloroso dia de sol perfeito para lavar as minhas roupas. Eu estava com preguiça, mas precisava fazer isso logo. Tomei um banho para despertar e usei uma camiseta branca e grande para mim que ficou como um vestido largo e fui para o quintal. A lavanderia da casa era bem organizada e logo a pilha de roupas que eu peguei no meu quarto estavam lavadas e estendidas sob o sol. Noah ainda não saira do quarto e eu me sentia um pouco ansiosa sem nenhum motivo aparente.
         Já era perto da hora do almoço quando decidi fazer os pedidos e escutei ele descer as escadas sonolento. "Como ele podia ser ainda mais lindo pela manhã?" Perguntei em pensamento ao vê-lo naquela bermuda de dormir e uma camiseta de malha preta que marcava todos os seus músculos. O cabelo loiro dele estava incrivelmente lindo e selvagem daquele jeito.
_ Bom dia. _ Sorriu ao me ver.
_ B-Bom dia, Noah. _ Mas o que estava acontecendo comigo? _ Eu pedi o nosso almoço, está quase chegando.
_ Obrigado. _ Bocejou e eu também logo em seguida.
          Ele foi até a cozinha tomar um copo de água e depois sentou-se no sofá ao meu lado.
_ Passei a noite inteira a corda do ontem. Eu tive um problema com os meus projeto e quase perdi todos eles do meu computador. _ Explicou. _ Agora perdi a manhã inteira dormindo.
_ O importante é que você conseguiu encontrar os arquivos. Apenas aproveite o resto do dia. Você começará amanhã.
_ É verdade. Por incrível que possa parecer eu já estava sentindo falta, mas não vou negar que estou um pouco nervoso com isso.
_ Acho que você não precisa ficar. Não é nada novo para você e vai ficar tudo bem._ Assegurei.
_ Vai sim. E no seu trabalho como as coisas estão indo? Ontem não conversamos.
_  Estranho... Como tem sido todos os dias._ Suspirei. _ Principalmente o meu chefe. Ele tem ido me monitorar no meu cubículo e quase sempre fica atrás da minha cadeira observando o que eu estou fazendo. Me sinto pressionada.
_ Talvez ele só queira ver como você trabalha.
_ Ele é estranho, mas acho que não preciso me preocupar com isso. Estão me pagando para trabalhar e se é isso que ele quer ver, então verá.
_ Isso mesmo!_ Rimos e a campainha tocou.
          Corri para atender e voltei com as sacolas.
_ Espero que não se importe por eu ter escolhido para você.
_ Claro que não. Está ótimo. Obrigado._ Disse ao se acomodar na cadeira e começar a comer. _ Está muito bom. É do restaurante da sua prima?
_ Sim.
_ Muito bom... Caroline?
_ O quê? _ Pergunto, mas continuo encarando o prato.
_ Você não costuma sair muito não é mesmo?
_ Sim. Eu não tenho muitos amigos aqui. As pessoas do meu trabalho são muito mais velhas do que eu então isso dificulta as coisas. Além disso eu não gosto de conhecer pessoas estranhas na rua. Isso é meio perigoso, você não acha? _ Ri concentrada na comida.
_ Faz sentido... Então... Você está com alguém ou conhecendo alguém? _ O encaro um pouco confusa. _ Você não me fala sobre a sua vida amorosa desde que terminou com o Jonh e isso já tem um pouco mais de tempo do que o tempo que você mora aqui... Arrisco dizer que você não fala nada já tem quase três anos.
_ Ahhh eu... Não estou com ninguém... Eu não falo sobre isso porque não tenho o que falar sobre esse assunto. Você que é o pegador aqui e não eu.
_ Eu? _ Dou risada porque ele realmente não era assim. _ dificilmente eu saio com alguém. Você sabe que eu não gosto de coisas superficiais. E você só não pega geral porque você não quer.
_ Até parece. Mas mesmo que fosse eu não iria querer fazer isso... Mas... Porque você está me perguntando isso agora?
_ É que... Eu estava pensando ontem a noite se... Então... Você quer jantar em algum lugar hoje? _ Senti meu rosto esquentar e percebi que as orelhas dele estavam vermelhas apesar de ele estar tentando ao máximo fazer aquele convite com sua peculiar cara de tédio. As pausas em suas palavras era apenas a prova de sua falsa calma.
_ Sim, eu adoraria. _ Ele me abre um sorriso em resposta.
_ Ótimo, então a gente saí as nove está bem?
_ Claro.
_ Está bem. _ Disse um pouco sem graça. _ Você está ouvindo isso?
_ O quê?
_ Eu acho que está chovendo.
_ Se você preferir podemos sair outro... Minhas roupas! _ Levante correndo para o quintal.
         O barulho da chuva estava abafado dentro da casa, mas quando cheguei do lado de fora me deparei com o temporal que se iniciava. Ainda dava tempo de salvar as minhas roupas. Encarei a chuva e arranquei cada peça do varal. Noah também correu para me ajudar. Duas voltas depois e tudo estava acabado. O temporal continuou, mas algumas roupas estavam mais secas do que outras que não tiveram a mesma sorte. Suspirei pesadamente pensando em qual roupa eu iria usar no jantar porque as que eu mais gostava estavam ensopadas. Coloquei a última blusa que peguei em cima da cadeira junto com as outras e me virei para agradecer ao Noah, que me encarou extremamente envergonhado.
_ O quê foi? _ Indaguei sem entender e ele virou o rosto para o lado oposto.
_ Desculpe... Sua roupa está toda molhada também. _ Olhei para mim mesma. Não estava só molhada, estava transparente e para piorar eu estava sem sutiã. Cobri colocando meus braços na frente. _ Acho melhor você trocar de...
_ Com licença. _ Fui caminhando antes que ele pudesse terminar.
           Que vergonha.  Já não bastava ter me visto nua e agora isso. Tomei um banho rápido e vesti uma calça moletom e um casaco. Estava frio mesmo e depois daquilo eu só queria me esconder. Olhei para o meu guarda roupa e pensei que poderia ter algo ali que eu pudesse vestir. Tudo parecia tão formal. Realmente eu não saia muito. Ouvi batidas na porta do meu quarto e fui até lá.
_ Oi, Noah. _ Falei um pouco constrangida.
_ Não precisa ficar com vergonha daquilo. _ Foi direto. _ Acontece... Sei que não foi a sua intenção se for o que você acha que eu estou pensando.
_ Não é nada disso. Desculpe. Eu estava pensando no que usar hoje a noite.
_ Você ainda que sair comigo? _ Questionou surpreso.
_ Claro que sim. Quer me ajudar a escolher a roupa? _ Sorri.
_ Vamos lá.
          Tudo o que eu tinha eram roupas formais de trabalho ou roupas para ficar em casa dormindo em um domingo de manhã. Nada animador. Noah já estava quase cochilando na minha cama porque no final das contas os homens não gostam de ficar escolhendo roupas por horas. Eu estava sem opções até que o Noah se apoiou nos cotovelos para falar.
_ Caroline...
_ O quê?
_ Você se lembra daquela apresentação de dança contemporânea que você participou?
_ sim, mas porque está perguntando isso?
_ Você ainda tem aquele vestido?_ Fiquei pensativa por alguns segundos.
_ Tenho, mas eu acho que ele não cabe mais em mim.
_ Caroline, você continua da mesma altura.
_ Sim, mas eu era mais magra. Meu corpo mudou muito.
_ O que mais mudou foram suas perna e... Você sabe. Pelo que me lembro o vestido era soltinho na parte de baixo entao eu acho que cabe e ainda arrisco dizer que vai ficar ainda mais bonito hoje.
_ É... Pode ser. Eu vou pegar.
         Abri a última gaveta e lá no fundo peguei uma sacola. Tirei o vestido branco de lá. Estava do mesmo jeito. Só precisava ser passado para tirar um pouco do cheiro de mofo. Sorri com a lembrança daquele dia. Quase ganhei o primeiro lugar. Minha medalha também estava na sacola. Não valia nada, apenas a recordação.
_ Você não acha que ele é um pouco diferente não?
_ Claro que não! Ele é lindo.
_ Ele parece um espartilho._ Sorri. _ Eu vou provar e tirar a dúvida.
_ É até melhor que seja um espartilho porque você vai conseguir ajustar o quanto quiser nas costas.
_ É verdade.
          Fui até o banheiro e me vesti. Precisei mesmo ajustar um pouco, mas com a ajuda do Noah para dar o último laço finalmente terminou.
_ Está perfeito. _ Ele disse e eu fui até o espelho me olhar.
_ Você estava certo... É com esse mesmo que eu vou.
_ Eu sempre estou certo. _ Deu um sorriso travesso.
_ Não seja tão convencido... Me ajude a tirar-lo. Ainda é cedo e eu preciso passar ele antes.
_ Está bem.

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