Prólogo.

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"Lord forgive me for the things i've done. I was never meant to hurt no one."

- Amém! - o padre proclamou, inclinando a cabeça em um ato de agradecimento enquanto ouvia os fiéis repetindo a prece e levantando-se de seus lugares, esperando até que ele saísse de dentro da igreja.

Assim que o padre virou as costas, o príncipe levou a mão até o crucifixo pendurado em seu pescoço e em seguida, até sua boca, depositando um beijo rápido nele antes de curvar-se para a imagem de Deus pregado na cruz e fechar os olhos, murmurando uma breve prece.

- Vamos, filho. - o príncipe sentiu a mão grande do rei em seu ombro e voltou a sua posição original, respirando fundo antes de encarar o pai. - Vamos. - o rei repetiu.

Harry assentiu, estendendo a mão em sinal para que o pai fosse a frente e o seguindo em passos lentos. Todos os ômegas e betas inclinaram levemente o pescoço em saudação, enquanto o rei e o príncipe se retiravam da igreja. Já em lugar aberto, o príncipe ajeitou seu traje real devido ao intenso frio que circulava no início do inverno.

- Está sendo um inverno rigoroso esse ano. - o rei comentou, enquanto ambos andavam em direção a seu carro. Harry assentiu, ainda silencioso. - Lembre-me de falar com Liam para que ele cheque com Josh e Ed se as coisas no sul melhoraram assim que chegarmos. Um carro saíra de casa ás 4 em ponto rumo ao pequeno vilarejo onde aquela criança morreu na semana passada.

Harry mostrou-se atento ao monólogo do pai, sem questionar que só estava sabendo daquilo agora. Claro, ele era apenas o príncipe e Des, como rei e autoridade máxima não precisava de sua permissão para absolutamente nada, porém aquilo incomodava o alpha. Como sucessor do trono, Harry achava-se no direito de ficar a par, em primeira mão e que se fosse possível, fosse consultado de qualquer decisão tomada pelo rei.

Não que ele não desconfiasse de que aquela atitude seria tomada. Desde que a pequena Tomlinson havia morrido na última quarta-feira em decorrência ao extremo frio que fazia, toda a Inglaterra estava mobilizada com o pequeno vilarejo e ás pessoas que lá moravam. Era um lugar humilde e com cerca de cinquenta famílias de grande porte. O inverno era bastante selvagem por ali, devido a proximidade com o mar e com a situação financeira dos habitantes beirando a pobreza extrema, muitos casos de pneumonia eram registrados com a chegada do inverno.

Mas aquela foi a primeira morte por hipotermia em 30 anos.

E Harry se sentia culpado porque embora não fosse o rei, estava totalmente ligado as questões do seu povo e havia falhado em protegê-lo. Especialmente porque a pequena era uma recém-descoberta ômega e o lobo interior de Harry, se sentia decepcionado consigo mesmo por não ter sido capaz de protegê-la.

- Lembrarei, pai. - o príncipe murmurou, abrindo a porta do carro para que o rei entrasse primeiro e em seguida, acomodou-se ao lado. - Pode ir, Yasser.

Assim que o motorista deu partida no carro, o alpha mais novo recostou-se no banco e fechou os olhos duramente. Era mais um domingo qualquer para qualquer outro cidadão inglês, um domingo de paz. Apenas alguns anos após o fim da Guerra, os ingleses ainda achavam estranho o fato de poderem circular livremente pelo país sem nenhum remorso ou receio. Eles podiam ir a missa, ou ao mercado em paz. Fazer qualquer coisa que queiram sabendo que estavam sendo protegidos. Enquanto para a realeza, era apenas um domingo de mais uma batalha para ser enfrentada.

Assim que chegaram ao Palácio Styles, Harry cumprimentou seu pai e rumou para seu quarto, fechando a porta a chaves e retirando da sua biblioteca particular um exemplo de O apanhador no campo de centeio. De dentro do livro preferido, o príncipe retirou a foto em preto e branco da pequena jovem que havia morrido de forma trágica.

AFFECTION | l.s aboUnde poveștirile trăiesc. Descoperă acum