–Julga as pessoas sem provas! – Nícolas complementa.

–E abandona os que ama quando eles mais precisam! – Davi termina as acusações.

–Ela é inútil!

–Fraca!

–Desprezível!

–Merece mesmo estar morta.

–Sua perdedora deplorável.

Continuo correndo sem parar.

–Eu deveria estar vivo nesse momento, se não fosse por você. – Nícolas grita na minha cabeça.

–Eu também! – Katarina diz.

–Davi também! – a voz de Thaís é estrondosa e quase quebra as paredes ao meu redor.

Estou tão cansada.

Freio o meu corpo, não tenho oxigênio nos meus pulmões e estou suando mais do que deveria. Coloco minhas duas mãos no joelho e puxo o ar tentando me colocar de volta na ativa.

–Ele está vindo e vai te devorar. – Katarina gargalha sem parar, Davi, Nícolas e Thaís a acompanha.

–Acha mesmo que consegue sozinha?

–Você é vergonhosa.

–Seu medo vai te consumir até não sobrar nada. – eles gritam.

–Covarde!

–Egoísta!

–Traidora!

–CALEM A BOCA. ME DEIXEM EM PAZ. – grito tampando meus ouvidos.

O mundo volta a ficar mudo.

Silêncio.

Silêncio.

Limpo as lagrimas que estão rolando pelo o meu rosto, não tinha noção de que estava chorando. Olho ao redor e me encontro só em outro corredor vazio e mal iluminado. Os escritórios estão longe e não sei como cheguei aqui tão rápido. As paredes são escuras e geladas e parece ser de um material bastante resistente. Não paro, agora que as vozes sumiram da minha cabeça talvez consiga chegar em algum lugar mais rápido, e torço para que ele seja seguro. Sigo na direção que estava indo, mas agora caminhando enquanto uso a parede como apoio. Minha boca está seca e meu braço dói imensamente, minha visão apaga e eu despenco no chão. Prossigo me arrastando, puxando meu corpo, lutando contra todos os fatores. É isso que Davi e Katarina desejaria que eu tivesse feito, que eu lutasse até o último segundo. Vou honrá-los.

Minha visão apaga, dessa vez por muito tempo. Não tenho forças para subir minhas pálpebras e já sei que isso é o fim. Eu falhei.

–Mariana, você conseguiu! – a voz de Thaís surge e é a melhor coisa que eu consigo escutar. –Conseguiu! A saída está aí. – isso me dá forças.

Olho para a parede que estava usando como guia antes de cair e a alguns centímetros de mim consigo enxergar uma porta de isolamento prateada, ela está lacrada e possui um círculo de aço no meio que serve como maçaneta. Eu só preciso girar aquilo e estou fora daqui.

Chego rápido nela e começo a colocar toda a força do meu corpo contra o aro de ferro que a tranca. Só tenho que movimentá-lo para baixo e tudo isso acaba. Uso tudo o que ainda me sobrou, todas as memorias, os momentos, a esperança e a coragem. Coloco tudo isso nos meus braços e magicamente consigo girá-lo, até o fim, até a porta começar a se abrir lentamente, de forma robótica e automática. Em cima dela, uma sirene, vermelha, que antes imperceptível para mim, começa a soar bem alta com a cor girando.

Apreciados A Ascendência do Traidor [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora