Capítulo 1

5 1 0
                                    

Vivemos em um reformatório, estamos aqui porque eles dizem que somos delinquentes, porém não fazemos nada que qualquer adolescente faria, ok admito que às vezes somos uma pouco extremos, como daquela vez em que explodimos o carro do meu vizinho que me chamou de "Sapatão". Quando digo nós, me refiro a mim e meu grupo de amigos Richard, Henrique, Kevin, Diego, Rubi, eu me chamo Alana e esse foi só um dos inúmeros delitos que eu cometi para estar aqui.

Eu cresci em um bairro pobre da zona sul de SP, nunca cheguei a passar fome pois, me alimentava na escola, minha mãe me criou sozinha, dava duro mas era insuficiente para nos manter. Quando eu tinha 15 anos meu pai nos procurou, dizia se importar conosco e que queria construir uma família, então o aceitamos de braços abertos mesmo após os anos de abandono, aquela frase "Tudo que é bom dura pouco" nunca fez tanto sentido, após alguns meses meu pai chegava embriagado em casa e para alimentar seu vício roubava o pouco dinheiro que minha mãe possuía, quando não havia dinheiro ele agredia minha mãe, devido às agressões minha mãe ficou paraplégica e nem sequer tínhamos dinheiro para lhe comprar uma cadeira de rodas. Graças a estes fatores larguei a escola e comecei a trabalhar em um asilo de gente rica como auxiliar de enfermagem, por causa da minha cor eu era discriminada e maltratada, aqueles velhos babacas ousavam me dizer coisas horríveis, pelo menos eu tinha alguém que me amava e faria tudo por ela, fiquei um ano com esse trabalho de merda, ganhando pouco e trabalhando muito, mas estava valendo a pena, consegui comprar tudo o que minha mãe necessitava.

E mesmo depois disso tudo minha mãe concordou em continuar deixando meu pai morar conosco, ela é minha mãe porém ou é muito boa ou muito burra, não demorou muito tempo para meu pai não só começar a roubar meu dinheiro como a me agredir também. Fui até a delegacia contei tudo o que havia acontecido, e sabe o que a polícia fez? DROGA NENHUMA, estava iludida se achei que esses bostas fariam alguma coisa, eu mesma iria dar meu jeito. Cheguei em casa e o desgraçado estava como sempre bêbado, eu não iria aguentar mais uma agressão, então o agredi primeiro com a primeira coisa que vi que foi a vassoura, foi fácil derrubá-lo, então peguei uma faca e lhe acertei, aquele inútil fez uma baita sujeira, e colocá-lo para fora foi ainda mais difícil, o joguei em um córrego perto de casa (fui burra ao fazer isso).

O estado da minha mãe piorou e eu nada podia fazer, por morarmos em uma lugar carente de saneamento básico, ela contraiu uma infecção, quando a levei ao médico não adiantou, a única razão pela qual eu vivia morreu. Perdi o emprego, fui despejada, passei a viver na rua com a ajuda de esmolas e pequenos furtos.

Uma vez estava no centro e vi um asiático com cara de besta, logo pensei que seria fácil furtá-lo, só que ele nem carteira possuía, e me pegou com a mão dentro de sua bolsa, pensei que iria chamar a polícia, mas ele se apresentou e foi assim que eu conheci o Kevin. 

You've reached the end of published parts.

⏰ Last updated: Jun 28, 2020 ⏰

Add this story to your Library to get notified about new parts!

Do outro ladoWhere stories live. Discover now