Sair da cidade foi mais tranquilo do que entrar. Nadja tirou os sapatos em algum momento da cavalgada e bateu eles algumas vezes até que o pó na sola saísse. Khalil pensou em questionar essa atitude, mas decidiu ficar quieto no momento que ela jogou a droga na boca.
- Como pretende matar aqueles homens?
- São apenas três estrangeiros. - ela deu de ombros - Imagino que os outros homens são Viajantes, os quais não vão querer entrar na nossa briga.
- Conseguiu ver o tamanho deles?
- Não. - Nadja parou o cavalo de uma vez e torceu o nariz.
Khalil parou um pouco mais para frente viu os olhos âmbar da menina para areia onde uma cobra abria a boca. O cavalo dela assustou e levantou, Nadja segurou as rédeas com mais força e fez o animal dar vários passos para trás e dar uma volta comprida ao redor do animal.
- Temos que tomar cuidado com elas. - Nadja olhou para cobra mais uma vez - Principalmente com essa.
Khalil percebeu que a cobra era quase da mesma cor da areia e se mantinha em posição de ataque. Além dos grandes dentes projetados para os dois, no topo da sua cabeça dois chifres cresciam. Nadja cuspiu na areia e voltou a correr, parecia um pouco mais distante.
- Já tinha visto essa cobra?
- Já! Elas antigamente ficavam por todo o deserto, mas depois das cidades e da caça, elas decidiram vim para as partes inabitadas. Espertas. - ela torceu a boca - Matam em uma velocidade considerável. Não é a mais letal, mas atacam por qualquer motivo.
- Conhece alguém que foi picado por essa cobra?
Nadja hesitou por alguns momentos, puxou da bolsa algo para aquecer seu corpo. Khalil chegou a conclusão que ela não responderia, mas a voz dela soou baixinha e o barulho dos cavalos quase que abafou totalmente a confissão.
- Meus pais.
🔪
Nadja estava deitada e resmungou a medida que se levantava e via o Sol terminar de descer no horizonte. Tirou o lenço ao redor do rosto e sentiu as partes que havia ficado a mostra por descuido ardendo.
O corpo dela reclamava depois de muito tempo calvagando, sentia dificuldade em andar, sentar e pensar em outra coisa que não o desconforto. O deserto ao redor deles parecia se manter, mas os ventos faziam as dunas se movimentar, o Sol descendo rapidamente mudava o reflexo dourado da areia aumentar e diminuir em seus olhos.
- Acorda! - Nadja balançou Khalil.
Pegou no meio das bolsas seu cantil de água e sentiu o calor que ele tinha adquirido nesse meio tempo. Engasgou e suspirou subindo no cavalo com uma careta.
- Eles já devem ter começado a andar. - puxou da bolsa a ração seca e deu uma parte para o macaco.
- A última coisa que eu sei que existe nessa direção é um oásis. - ele espichou o corpo e pegou a sua parte de água e comida do dia - Depois areia sem fim.
- Deve ter tanta areia nas minhas roupas que eu consigo fazer outro deserto. - ela bufou - Vai ser bom parar em um oásis.
- Só nas roupas? - Khalil subiu no cavalo rindo - Sinto na minha pele, cabelo, até no olho.
Nadja fez o cavalo correr e refez a careta a medida que o cavalo tentava subir a duna e seu corpo era jogado de um lado para o outro, assim com ela se esforçava para ficar em cima do animal. Bufou e tirou o último lenço da cabeça, o qual caia sobre os olhos, até chegar no seu topo. No horizonte a caravana estava começando a sumir.
YOU ARE READING
Caos e Areia
FantasyNadja sabe que ela tem problemas, mais do que as pessoas são capazes de apontar. Para começar, ela não consegue largar o ópio, por mais que afirme ser apenas uma atividade para relaxar, depois o álcool não é uma opção melhor, assim como os jogos de...