Capítulo 8 - "Nadja tinha que arrumanr um jeito de tirar vantagem daquilo."

12 4 0
                                    

Sair da cidade foi mais tranquilo do que entrar. Nadja tirou os sapatos em algum momento da cavalgada e bateu eles algumas vezes até que o pó na sola saísse. Khalil pensou em questionar essa atitude, mas decidiu ficar quieto no momento que ela jogou a droga na boca.

- Como pretende matar aqueles homens?

- São apenas três estrangeiros. - ela deu de ombros - Imagino que os outros homens são Viajantes, os quais não vão querer entrar na nossa briga.

- Conseguiu ver o tamanho deles?

- Não. - Nadja parou o cavalo de uma vez e torceu o nariz.

Khalil parou um pouco mais para frente viu os olhos âmbar da menina para areia onde uma cobra abria a boca. O cavalo dela assustou e levantou, Nadja segurou as rédeas com mais força e fez o animal dar vários passos para trás e dar uma volta comprida ao redor do animal.

- Temos que tomar cuidado com elas. - Nadja olhou para cobra mais uma vez - Principalmente com essa.

Khalil percebeu que a cobra era quase da mesma cor da areia e se mantinha em posição de ataque. Além dos grandes dentes projetados para os dois, no topo da sua cabeça dois chifres cresciam. Nadja cuspiu na areia e voltou a correr, parecia um pouco mais distante.

- Já tinha visto essa cobra?

- Já! Elas antigamente ficavam por todo o deserto, mas depois das cidades e da caça, elas decidiram vim para as partes inabitadas. Espertas. - ela torceu a boca - Matam em uma velocidade considerável. Não é a mais letal, mas atacam por qualquer motivo.

- Conhece alguém que foi picado por essa cobra?

Nadja hesitou por alguns momentos, puxou da bolsa algo para aquecer seu corpo. Khalil chegou a conclusão que ela não responderia, mas a voz dela soou baixinha e o barulho dos cavalos quase que abafou totalmente a confissão.

- Meus pais.

🔪

Nadja estava deitada e resmungou a medida que se levantava e via o Sol terminar de descer no horizonte. Tirou o lenço ao redor do rosto e sentiu as partes que havia ficado a mostra por descuido ardendo.

O corpo dela reclamava depois de muito tempo calvagando, sentia dificuldade em andar, sentar e pensar em outra coisa que não o desconforto. O deserto ao redor deles parecia se manter, mas os ventos faziam as dunas se movimentar, o Sol descendo rapidamente mudava o reflexo dourado da areia aumentar e diminuir em seus olhos.

- Acorda! - Nadja balançou Khalil.

Pegou no meio das bolsas seu cantil de água e sentiu o calor que ele tinha adquirido nesse meio tempo. Engasgou e suspirou subindo no cavalo com uma careta.

- Eles já devem ter começado a andar. - puxou da bolsa a ração seca e deu uma parte para o macaco.

- A última coisa que eu sei que existe nessa direção é um oásis. - ele espichou o corpo e pegou a sua parte de água e comida do dia - Depois areia sem fim.

- Deve ter tanta areia nas minhas roupas que eu consigo fazer outro deserto. - ela bufou - Vai ser bom parar em um oásis.

- Só nas roupas? - Khalil subiu no cavalo rindo - Sinto na minha pele, cabelo, até no olho.

Nadja fez o cavalo correr e refez a careta a medida que o cavalo tentava subir a duna e seu corpo era jogado de um lado para o outro, assim com ela se esforçava para ficar em cima do animal. Bufou e tirou o último lenço da cabeça, o qual caia sobre os olhos, até chegar no seu topo. No horizonte a caravana estava começando a sumir.

Caos e Areia Where stories live. Discover now