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Não era eu o objeto de suas afeições. Não era ela, aquela Maiara, o objeto das minhas.

Aquela ainda era a Maiara dele. E, se isso tudo não bastasse, ela não tinha a menor consciência do que estava fazendo.

Não era real, e com certeza não era certo.

– Não – falei com seriedade, desvencilhando-me dela e segurando-a pelos pulsos – Chega.

– Por favor... – ela pediu, tentando se aproximar novamente, mas eu a impedi – Me deixe compensar tudo isso. Prometo que vou me esforçar.

Franzi a testa, enojado com o que ela dizia. Ela estava se sentindo culpada por ter ido à casa de Kelly (provavelmente sem contar a Matheus, o que era bem a sua cara) e agora que supostamente, em sua cabeça, ele havia descoberto tudo, ela queria se desculpar com sexo?

Aquela definitivamente não era a Maiara que eu conhecia.

– Pelo amor de Deus, pare com isso – pedi, horrorizado com sua total ausência de senso. Ainda bem que eu estava naquela maldita festa, ou então sabe-se lá o que teria sido dela naquela noite. As possibilidades que surgiram em minha mente causaram calafrios.

Ela apenas riu, desistindo de me tocar, e eu mal tive tempo de soltar um suspiro aliviado antes que ela levasse suas mãos até os botões de seu vestido e começasse a abri-los, um por um, bem na minha frente.

Minha determinação falhou por um instante, atordoada pela hipnose que cada novo botão aberto exercia sobre mim. Maiara deixou o vestido cair a seus pés, espiando minha reação (ou falta de) com um sorrisinho vitorioso.

Se ela soubesse quantas vezes eu já havia imaginado o que ela escondia debaixo de suas roupas... Quantas vezes eu havia desenhado cada contorno que agora se revelava diante de mim, exceto os que suas roupas íntimas ainda cobriam. Minhas mãos ardiam para explorá-los, minha boca salivava para beijá-los, minha mente enlouquecia só de pensar que eu realmente a estava vendo seminua.

Se ela soubesse o quanto doeu ter que desgrudar meus olhos de seu corpo e deixar a razão governar minhas ações, me fazendo conduzi-la até o interior do box logo atrás de si e ligar o chuveiro, para que a água fria com a qual eu estava tão acostumado nas horas difíceis a atingisse em cheio e, quem sabe, a fizesse retomar parte do controle...

Ela protestou, pega totalmente de surpresa, mas logo se conformou em bater o queixo sob o jato gelado, recusando-se a me olhar. Ela já me odiava mesmo, e me odiaria ainda mais na manhã seguinte... Não custava nada dar a ela mais um motivo pra detestar minha existência.

O fato de me forçar a suportar a visão dela tremendo de frio em meu banheiro, encharcada, só de calcinha e sutiã, sem sequer conseguir pensar em curtir a situação, não a tornava exatamente minha pessoa favorita naquele momento.

Quando seus lábios já adquiriam um leve tom arroxeado, desliguei o chuveiro e hesitei, testando sua reação. Ela apenas ergueu os olhos até os meus, e como uma criança arrependida da travessura que havia feito, esperou, com os ombros curvados e os braços firmemente agarrados ao próprio corpo, até que eu pegasse uma toalha e a estendesse em sua frente. Ela rapidamente veio até mim e se encolheu quando o tecido felpudo entrou em contato com sua pele gélida; sem conseguir ignorar a cara de cãozinho perdido dela, esfreguei seus braços com as palmas de minhas mãos, numa tentativa desajeitada de aquecê-la.

Sem dizer mais uma palavra sequer, ela permitiu que eu a levasse até o quarto de hóspedes, e se sentou sobre a cama com a expressão sonolenta.

– Está com sono? – perguntei, sem saber ao certo de que outra forma agir. Ela assentiu, cabisbaixa. O banho forçado pareceu ter surtido efeito. Pelo menos ela não estava mais tirando a roupa; o pouco de juízo que ainda me restava agradecia profundamente.

BIOLOGY - SEASON 2Where stories live. Discover now