3. Uma festa

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Uami

E mais tarde acontece a nossa festa, estava tudo no ponto, não tinha como não estar, nos divertimos todos.

"Daisy, tu estás maravilhosa essa noite". Digo beijando a sua mão e ela põe o cabelo atrás da sua orelha e cora.

"Obrigada, Uami, essa é a minha irmã Halsey, Halsey, esse é o Uami, o menino de quem eu te falei". Ela apresenta tímida e eu sorriu para a sua irmã, mas ela parece acanhada, então não dou corda para aborrecimentos, mostro onde tem as bebidas e a comida e as deixo por um bocado, depois eu dou uma vista de olhos e vejo que a irmã da Daisy já está entrosada com o resto, mas a mesma está sentada apenas observando todo mundo, os nossos olhos se cruzam e eu sorriu para ela, então decido a fazer um pouco de companhia. 

"Porque você estaria sozinha? Logo em uma festa desse porte?". Eu pergunto sorrindo e ela sorri envergonhada e insisti em pôr o cabelo por detrás da orelha, um hábito talvez.

"Festas não são muito a minha praia". Ela diz e eu aceno.

"Então te vais dar muito bem com a minha irmã, mas por enquanto ela não sai do seu buraco, eu posso te fazer companhia". Digo solícito. 

"Não precisa disso, você pode ir se divertir, eu estou bem aqui, obrigada". Ela diz sorrindo, simpática como sempre.

"Quê isso? Aqui contigo também é divertido". A asseguro.

"Que nada". Ela faz um movimento com a mão.

"Está bem, então eu vou provar". Digo decidido, pego em sua mão e a obrigo a levantar, a levo onde a maioria das pessoas dançam e nos infiltramos no meio e a induzo a dançar. 

"Eu não sei dançar". Ela põe as mãos em suas bochechas, na tentativa de esconder o seu embaraço.

"Então somos dois". A faço dar uma roda e os meus olhos caem na chata da Sarah, que parecia me procurar, ela é grudenta demais para os meus gostos, mas eu sou salvo pela minha gémea de outra gravidez. 

Kiessy é minha gémea, mesmo sendo um ano mais velha, além de termos os olhos iguais, nós pensamos igual, só que ela é mais maluca que eu, então eu estou safo. Agradeço eternamente por isso, após dar mais uns giros com a Daisy e ela já estar mais leve e solta, a levo para o meu lugar preferido.

"Uau!". Admirada, olha em volta, e mais especificamente para a enorme janela panorâmica que dá para o quintal, onde acontece toda a actividade, estamos no andar de cima especificamente, não considero isso uma janela, pois ela não abre, à não ser nos cantos. Sentamo-nos no chão de fronte a janela. 

"Porque aqui é o seu lugar preferido?". Ela pergunta olhando para todos lá em baixo, aqui a música se ouve abafada.

"Para além de ser quase que uma sala de jogos, a noite, daqui vejo as estrelas com aquele telescópio e é o melhor local para ver todo o quintal e o céu". Digo reparando em cada detalhe.

"Eu gostei daqui". Ela diz feliz e isso me deixa feliz também.

"Na verdade, eu já sabia quem tu eras antes de te apresentares, eu lembro de quando fiz a primeira classe, mas na época falavas mais com a minha irmã, e ela me falava sempre de ti". Ela explica depois de um tempo em silêncio, e apoia a sua cabeça em meu ombro, deve ser daí que eu conheço a Halsey, mas nada me vem a mente, provavelmente não.

"Então, eu sou um idiota, por ter estado esse tempo todo ao seu lado e nunca ter te notado". Digo sincero e a sinto sorrir, depois de alguns minutos ela se volta para mim e fixa o seu olhar em mim.

"Pode fazer uma promessa para mim?"

"Isso vai depender do grau de dificuldade da promessa". Ela ri e fico feliz por a fazer rir.

"Está bem, a promessa: Você não pode me esquecer, e vais ficar a me dever algo, que depois eu irei cobrar"

"Isso?". Ela ri acanhada e empurra o meu ombro de leve.

"É isso mesmo, leve a promessa a sério"

"Eu estou sempre em acção, diria super acção, não sei se posso prometer que não vou te esquecer". Digo na brincadeira e ela ri mais ainda.

"Prometa Uami". Ela levanta o seu dedo mindinho e o agarro com o meu.

"Tudo bem, eu prometo, também, não tem como esquecer esse seu rostinho, principalmente os seus olhinhos bonitinhos". A acenar com a cabeça, ela volta a olhar para baixo.

"Obrigada". Ela agradece, ficamos mais por um bocado e depois descemos novamente e nos misturamos com o resto, depois me despedi de todos quando a festa chega ao fim.

"Então, você beijou a menina?". Kiessy pergunta entusiasmada.

"Não, credo! Eu sou apenas uma criança". Digo rindo e ela me dá um tapa na nuca.

"Seu idiota, você me fez aguentar aquela pastilha da Sarah para não dar nem um beijo de misericórdia, te odeio para a vida inteira maninho". Ela diz e eu sorriu.

"Eu vou cortar o cabelo só para que tu me batas melhor e eu possa sentir a dor"

"Você mexe no seu cabelo e a mamã vai te matar". Ricardo avisa e sorri, o bom é que ele a Laura ficaram longe dos olhos de todo mundo.

"A cabeça é minha, eu é quem sei o que faço com ela ou não, quando você cortou, ela não disse nada". Reclamo e cruzo os braços.

"Não adianta, para nós malucos que não temos salvação na humanidade é assim, não podemos extrapolar, é sinónimo de estar a virar bandido, Ricardo é certinho, não consegues ver que ele não consegue largar a entojada da Laura #projectodendoki, por achar que ela vai ser a esposa certa, mas te digo, eu vou bater nela um dia, você não perde por esperar". Kiessy fala tudo e eu foco no projecto de ndoki, essa é doida, versão rainha mestra na loucura 2, hashtag minha mãe 2.

"Kiessy, fica quieta". Ricardo avisa e Kiessy mostra a língua para ele.

"Você é muito adulta". Eu digo e levo com a sua ira mais uma vez no dia.

"Kiessy, eu consigo sentir tudo o que fazes nesse desmiolado, sentido de gémeos". Utima sai em minha defesa.

"Eu não vou cair nessa". Kiessy diz.

"Melhor acreditar"

"Eu não acredito que ainda estão acordados e se aterrorizando, vão cada um para o seu inferno, e só me chateiam amanhã às 15h". Minha mãe diz entrando na sala e parece cansada.

"Sinceramente senhora Lay, toma vergonha na sua cara, você hoje não moveu nem um dedinho". Ricardo diz, o que põe todos a rir.

"Eu sou mãe dessa desgraça aí, você não sabe pelo que passo". Aponta para mim e depois fica dividida entre mim e a Kiessy.

"Espero que o papá ouça o que você acabou de dizer". Kiessy provoca.

"O cérebro dele envelheceu primeiro que o seu corpo, ele já deve estar a dormir, mentalmente, ele é um velho de 70 anos, só reclama de tudo o que eu faço". Senhora Tchico revira os olhos e senta em um banco perto do balcão.

"Mamã, você já não tem 20 anos wé!" Kiessy diz e todos nos rimos mais ainda.

"Lay". Ouvimos a voz de nosso pai que está bem na trás de Lay.

"Sim digníssimo marido". Ela tenta fazer uma voz angelical e bate os seus cílios mais rápido. 

"Corta essa mamã, papá, ela falou cá umas coisas, mas o principal, me chamou de desgraça". Digo metendo lenha na fogueira.

"Você é o pior filho do mundo, nunca mais irei ludibriar o vosso pai a fazer algo por vocês". Ela aponta o dedo para nós. 

"Quem nos garante que não é o inverso?". Utima rebate inteligente.

"Filhos ingratos, vocês verão". Ela se levanta e vai embora com raiva, e nós nos divertimos com isso.

Super(Acção)Where stories live. Discover now