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▪︎ MARIA LUIZA ▪︎

Paguei o homem do Uber e desci do carro, indo até a contenção e pedindo que um dos moto táxis que estavam ali me levassem pro alto do morro.

A cada quilômetro que eu me aproximava mais, meu estômago se revirava e a ânsia de vômito se intensificava.

Parei em frente à boca principal e paguei o menino descendo da moto.

Acerola: Eita que a patroa voltou e vai botar a cachorra pra correr - Balancei a cabeça rindo e fiz toque com ele.

Malu: William tá aí?

Acerola: Quem?

Malu: Rato, Acerola... ele tá aí?

Acerola: Se tu subiu de moto e não viu ele nos bares, então não sei onde o doidão tá não - Fiz careta e sentei do lado dele suspirando. - tu tá gordinha né? - Me olhou. - Tá prenha é?

Malu: Não - Respondi rápido olhando pra frente. Ele deu risada e concordou começando a fumar um cigarro. - Sabe se Ricardo tá por aí?

Acerola: Deve tá rondando a igreja - Riu. - A mina que ele tá pegando é enteada do pastor.

Malu: Vocês arrumam cada uma em - Ele deu de ombros e empurrei ele e fui me saindo dali.

O morro tava a mesma coisa, só algumas pessoas novas que tinham se mudado.

Fui descendo a rua e de cara vi Flávia com o filho nos braços. Corri pra lá e ela deu um grito fazendo Bruno começar a chorar.

Flávia: Porra! Vou tirar força do cu pra fazer esse menino dormir de novo cara - Choramingou. Peguei ele no colo e fiquei balançando ele com ela me olhando. - Tá fazendo oque aqui nojenta?

Malu: Posso ver meu afilhado mais não é? - Ela fez cara de deboche e colocou as mãos na cintura. - Vim falar com ele né! Mas nem sei onde tá o bonito.

Flávia: Foi na casa dele?

Malu: Tava querendo dar de cara com Brenda não... fui na principal mas ele não tava lá.

Flávia: Viu se ele tava pelos bares não? - Neguei. - Esse menino tá foda!

Malu: Como assim?

Flávia: William é um merda mas agora ele está na merda - Negou. - Só sabe beber, cheirar, fumar e não vou nem tocar no assunto dos banhos que ele não tá tomando.

Malu: Você é podre, Flávia!

Flávia: Podre por que? Euem - Me olhou. - Já escolheu o nome? Já pensou se viesse gêmeos?

Rato: Oque você tá fazendo aqui? - Me virei e vi ele. Achei que sentiria alguma coisa quando o visse mas não. Nenhuma borboleta no estômago ou batimentos acelerados, nada. - Não lembra oque falei da última vez que passou aqui?

Flávia: Se manca, cara. Ela tá na minha casa.

Rato: Que fica no meu morro - Falou impaciente. William tava magro, meio abatido, com muitas olheiras e com um puta cheiro de álcool. - Eu te fiz uma pergunta, Maria Luiza.

Malu: A gente precisa conversar - Ele cruzou os braços e eu entreguei Bruno pra Flávia. - É importante.

Rato: Só soltar a voz - Fechei o portão e saí dali, parando na frente dele. Naquele momento sim senti o caralho das borboletas no estômago. Me senti uma idiota por ainda sentir algo por ele. - Tá com dificuldade?

Malu: Eu tô grávida - Ele descruzou os braços e colocou as mãos na cintura me olhando com o semblante fechado. A gente ficou se encarando e eu fui ficando cada vez mais nervosa. - William...

Rato: Tá brincando com a minha cara? - Olhei ele sem entender. - Tu some pra casa do caralho por meses, volta dizendo que tá grávida e quer que eu faça oque? Te assuma?

Malu: Isso saiu da minha boca? Tô grávida de você sim! E como não fiz sozinha achei que você merecia saber disso.

Rato: Quem me garante que essa porra é minha? - Abri a boca pra falar mas me liguei que bater boca com ele não ia adiantar nada, então respirei fundo, ajeitei minha bolsa e dei as costas pra ele. - Tá maluca? Tô falando sozinho?

Malu: Só vim dizer que tô grávida e que se quiser acompanhar tudo é só me ligar - Tirei sua mão do meu braço e dei um passo pra trás. - Apartir do momento em que você altera a sua voz comigo, você tá sim falando sozinho... cansei de tentar resolver as coisas com você e levar na cara.

Rato: Maria...

Malu: Tchau, William.

Dei as costas de novo e andei o mais rápido possível pra fora daquele morro. Fiz sinal pro táxi e entrei, soltando as lágrimas que insistiam em sair.

155 [Morro]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora