Capítulo XV

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Há verdades que dividem a alma. Há verdades pelo qual se terá que viver toda uma vida. E há verdades que chega a nós para ver o que nos negamos a enxergar.

A vida continua.
E o passado fica pra trás...

Quem uma vez amamos, já não estão mais presentes mas sempre desejarão a  nossa felicidade.

Mas, porque é tão difícil para Alexander ver isso?

- "Você gosta de rosas?" - Amberly perguntou a Stephanie ao se sentar do seu lado perto do jardim de rosas. O lugar onde às vezes a encontrava pensativa, olhando para as cópulas que lentamente se abria e para as rosas que ali se encontrava. - "Posso ficar aqui com você?"

- "Sim..."

- "É um bonito jardim..."

- "Meu pai me contou que aqui era o lugar favorito da minha mãe...Ela amava as rosas brancas... Você gosta das rosas brancas?"

Como negar que ela também gostava? Ela sentiu mal ao ver que até mesmo nisso ela sobrava. Aquele lugar continuava sendo em memória de alguém. E jamais seria por ela... Embora ela também amasse as rosas.

- "Sim... Elas também são as minhas rosas favoritas."

- "Meu pai disse que enquanto ele viver, aqui sempre haverá rosas brancas... em memória da minha mãe."

- "Isso me parece um gesto muito bonito..."

- "Você acha?" - Stephanie disse pensativa olhando para Amberly com certa curiosidade. - "Você gostaria de ir até a casinha de chá?"

- "Casinha de chá?"

- "É uma casinha que fica do outro lado do lago... Minha tia Anne costuma me levar até lá. É o meu lugar favorito. Lá eu tenho um jogo de chá para brincar... Às vezes levamos uma pequena cesta de guloseimas e comemos lá... Quer que eu te leve lá?"

- "Eu adoraria... Se você também me convidar pra tomar chá." - Amberly sorriu com doçura, olhando para aquela menina pequena.

<<Ela é uma menina bonita. Tão bonita como sua mãe deveria ter sido... Não é difícil de entender como ela ainda continua em seu coração. Elas foi alguém muito especial para o seu pai e continuará em seu coração sempre...>>

- "Você se sente bem?" - a menina pergunta para Amberly com certa preocupação, ao perceber que ela tinha olhar perdido.

- "Sim..."

(...)

Os dias se passaram e Anne começou a observar como sua pequena sobrinha buscava cada vez mais a companhia de Amberly. Ao mesmo tempo que também observava o quão distante o seu irmão havia se tornado.

Definitivamente, Alexander e Andrew podia dar as mãos, já que eram dois homens que não viam o que tinham na frente de si mesmo.

Não era à toa, o manual que guiavam suas vidas, que lhes levava a ignorar a possível felicidade que estava na frente deles. E não se equivocava, já que ela havia percebido que seu irmão preferia se trancar em seu escritório com a mesma desculpa de sempre, que ele precisava se ocupar dos deveres que ele havia adquirido ao se tornar Duque de Somersham. Mas às vezes, o pegava olhando para o jardim, observando sua filha feliz com aquela mãe que ela havia encontrado para ela.

Uma mulher que a cada vez lhe enchia de surpresas. Fazendo com que às vezes, não entendesse a si mesmo. Não era correto se sentir como se sentia. Sabendo que aquela união jamais estaria baseada naquele sentimento chamado amor. Então, porque a olhava por tanto tempo?

<<O que você está fazenda comigo, Amberly? O que acontece comigo cada vez que te vejo junto com minha filha?>> - ele perguntou se sentindo diferente de quem devia ser.

Estava claro que o amor jamais estaria no meio daquele casamento. Ele nunca havia estado disposto a se apaixonar por Amberly.

E embora podia se odiar pelo o que estava fazendo. Sentia que jamais havia mentido. Sempre havia dito a verdade, que ele esperava não dar mais do que ela esperava dele. E ela, pelo que parece, havia entendido. Já que aquele casamento era baseado na confiança e naquela conveniência que ambos haviam achado vantajosa.

Alexander só esperava que ela concebesse logo um filho seu. Um filho homem. Um filho que esperava que ela já estivesse carregando em seu ventre. Por que se ele continuasse cumprindo os seus deveres conjugais, ele acabaria perdendo a cabeça.

Havia dias que se sentia tão dividido. Uma parte desejava acordar tendo ela em seus braços. Comtemplá- la ao amanhecer naquela cama sendo uma parte dele. Mas outras vezes, desejava sair fugindo. Como se estivesse traindo a si mesmo se continuasse um minuto mais.

Por isso ele havia buscado refúgio na solidão do seu escritório ou  trabalhando sem parar em companhia de seu administrador. Ainda não sabia como definir esse aspecto de sua vida. Era mais fácil tratar dos assuntos de sua propriedade e os negócios que adquiria por meios de suas terras. Tudo aquilo para não pensar naquilo que não desejava pensar.

Mas na verdade, há coisas em nossas vidas que não podemos evitar.

(...)

Dias mais tarde...

- "Pode ler uma história pra mim, mamãe?" - Stephanie disse surpreendendo não apenas Amberly e Anne que estavam naquele quarto, mas também Alexander que se aproximava do quarto de sua filha para lhe dar um beijo de e boa noite em sua pequena filha.

Amberly ficou muda. Era a primeira vez que a menina a chamava de mamãe, mesmo ela tendo percebido que a menina a olhava e se aproximava cada vez mais dela.

Por isso, o coração de Amberly começou a se encher de um profundo sentimento de abnegação e amor. Ela não era a sua filha, mas uma parte do seu coração desejava que ela fosse.

- "Mas é claro... querida." - Amberly se dedicou a procurar aquele conto que Stephanie havia lhe dito que era o seu favorito.

Mas de repente ela se encontrou com o olhar inexpressivo de Alexander no marco da porta. Seus olhares se encontraram. Ela se sentiu incômoda, porque ele a olhava como se ela fosse uma intruso naquele lugar. Para depois sorrir com certa aceitação distante.

Por acaso não era isso que ele havia buscado nela? Uma mãe para sua pequena filha?

AMBERLY - A NOVA DUQUESA DE SOMERSHAM Where stories live. Discover now