Capítulo 8 - A apresentação

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— DULCE MARIA!

Ela prendeu a respiração. Como foi que não tinha se preparado para encontrar algum artista ali dentro? Nem ao menos havia pensado na possibilidade, estava preparada para o público em geral reconhecê-la de longe. Mas Anahí era muito mais que apenas outra artista. Elas conviveram desde pequenas no mesmo ambiente, tinham muitas histórias juntas e anos de amizade.

Recebeu em volta do pescoço um par de braços, porém não sabia o que fazer. Pensou que podia abraçar de volta, mas estava muito incômoda; podia afastá-la, mas seria muito mal educado de sua parte; passou ainda em sua cabeça como explicar isso para aqueles que tinham vindo com ela. E como explicar para Anahí, que conhecia praticamente tudo de sua vida, que veio com um coral?

— Você desapareceu! — Anahí comentou, visivelmente animada com o reecontro. — Por onde esteve? Me conta tudo!

— Oi, Any. — Dulce tentou ser cordial, apesar do susto. — Depois a gente conversa sobre isso, pode ser?

Deu uma espécie de sorriso torto, o que fez com que Jorge viesse salvá-la.

— Nós viemos acompanhar esse incrível grupo de cantores mirins, precisamos ajudá-los a se arrumar, ou não nos aprontaremos nunca a tempo para a apresentação. Prazer, sou Jorge.

Anahí olhou para ele com um sorriso no rosto, olhou para Dulce logo após, e para as crianças — que também estavam confusas. Dulce teve esperanças de que ela não perguntaria mais nada, mas logo desistiu dessa possibilidade, porque ela conhecia a amiga em algum lugar escondido de sua mente.

— Certo. Vou deixar vocês se arrumarem, porque afinal é um grande dia, não é, crianças? Mas essa senhorita aqui — disse Anahí, apontando Dulce — eu vou levar comigo.

Dito isso, agarrou o pulso da amiga, arrastando-a para o camarim feminino e fechando a porta atrás de si.

— Dulce, o que está acontecendo? Na hora que eu te vi, eu pensei que a organização tinha conseguido entrar em contato com você, mas depois disso de coral, eu não sei mais nada!

— Dul?

As duas olharam atrás de si, onde estavam ainda reunidos os outros colegas de grupo: Maite, Poncho, Christian e Christopher. Dulce fechou os olhos respirando fundo. Não era para ser assim. Era para ser uma viagem tranquila, sem grandes emoções: chegar, apresentar e voltar. Mas eles cinco sabiam sobre boa parte da vida dela e com certeza estranharam quando ela do nada desapareceu. Minimamente devia uma explicação, pelo menos para acalmá-los.

— Certo, precisamos conversar — ela começou, encaminhando-se para os sofás que haviam ali, com medo de que suas pernas falhassem. — Não vou ter tempo de explicar tudo agora...

— Está tudo bem? Onde você esteve? — Perguntou Christian. — Foi até falado que você tinha sido sequestrada, que tinha sido morta...

— Ficamos assustados, porque não tinha nem pista de você! — continuou Poncho.

— Calma — Dulce pediu, esfregando o rosto com as duas mãos. — Vejam, aconteceu sim muita coisa. Mas é muita coisa mesmo, não dá para contar agora. Mas está tudo bem. Eu estou bem.

— Dul, você parece estar assustada — Maite comentou, segurando a mão de Dulce.

— Eu estou. Faz muito tempo que não venho para o México, que ninguém sabe de mim, e eu tenho medo sim do que possam falar, do que pode ser inventado. Enfim, agora não é hora de contar tudo, nós vamos conversar em um outro momento, tudo bem?

Os cinco companheiros concordaram.

— Certo... Mas que história é essa de estar acompanhando um coral? — Anahí questionou, mudando de assunto como pedido.

Uma chance para recomeçarWhere stories live. Discover now