O pensamento, porém, começou a se misturar com outros conteúdos, até que ela finalmente dormiu.

***

Vozes baixinhas misturadas aos apitos dos equipamentos de saúde zelavam o sono de Dulce quando ela acordou e novamente se sentiu como se tivesse sido atropelada por um ônibus. Percebeu que alguém se aproximava e se assustou. Não era possível que esse homem tinha voltado!

— Amiga, tudo bem? Como você está se sentindo? Teve algum pesadelo? — Jorge perguntava, sem nem ao menos dar chance para que ela compreendesse que era ele. — Calma, sou eu...

Dulce respirou fundo, tentando se acalmar.

— Tudo bem — conseguiu responder lentamente, sentindo que os remédios já estavam oferecendo uma reação um pouco melhor. — Eu preciso falar com vocês.

Ela se sentou na cama, com ajuda de Jorge, e esperou que ele e Paola se aproximassem, sentados nas cadeiras que antes estava o repórter.

— Eu acordei em algum momento mais cedo, mas estava dopada pelos remédios... Ele estava aqui no quarto.

— Ele quem, amada? — Paola questionou, confusa.

— O cara das cartas?! — dessa vez, era Jorge quem perguntava.

— Ele mesmo. — Dulce tentou não se afetar pelas expressões assustadas dos amigos, mas era difícil não sentir medo agora que conseguia entender tudo o que tinha acontecido. Organizou os pensamentos o melhor que pode e começou a narrar o acontecido. — Eu acordei e ele estava sentado numa cadeira aqui do lado. Disse que sabe tudo o que aconteceu antes do acidente, e que quer dinheiro para ficar quieto. Quer mais coisas também. E eu preciso ir encontrá-lo sozinha.

— Amiga, tem certeza que não foi um delírio? — Jorge sabia que não era possível que o homem tivesse entrado no quarto sem ser visto. — Não pode ser que ninguém tenha achado diferente esse cara vindo te visitar...

— Ele estava aqui, eu tenho certeza.

— Bem, então quem é? — Paola quis saber, curiosa com a identidade do homem. — Se você souber, fica muito mais fácil de a gente encontrar esse cara antes de você ter que encontrar com ele, não é?

— Então, temos um problema... Eu não sei quem é ele. Ele disse que me conhece desde muito tempo, que trabalhou comigo, digamos. Mas ele não disse o nome. E eu não consegui enxergar direito, porque esses remédios me deixam com a visão turva.

— Ou seja, você ficou cara-a-cara com ele, e não conseguiu vê-lo?! Ai, amiga...

— Eu sei, Jorgito...

— Mas você não vai nesse encontro sozinha, jamais nessa vida! Nós vamos com você. É perigoso, a gente não sabe na real qual é o intuito desse cara. — Jorge parou de falar, de repente, e emendou em seguida — quanto dinheiro exatamente ele pediu?

— Quinhentos mil pesos...

— Nem f***endo você vai ter essa quantia! — Exclamou Paola.

— Pior que eu tenho. Até mais. — Dulce quis rir com as caras dos amigos quando ela revelou que realmente tinha o dinheiro. — Eu disse para vocês que eu comecei a trabalhar cedo. E meu trabalho realmente sempre pagou muito bem. Mas o fato não é esse. O fato é que eu não posso ser difamada assim por algo que nunca aconteceu. Ou se aconteceu, eu não lembro, mas é essa a ameaça dele. Ele quer me fazer passar por traidora, mentirosa e não sei que outras coisas mais... E por um lado, eu sou tudo isso, mesmo...

— E como você chegou nessa conclusão, Dul? — Paola perguntou.

— Bem, eu estou aqui e ninguém sabe de mim. E de repente vão saber pela boca de alguém e por palavras tortas.

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