— Respondo isso mais tarde — Henry riu.
— Tudo bem, eu vou primeiro. Você me fez acreditar em coisas boas, Ane. Despertou a minha fé na humanidade e no... amor — sua voz estava muito baixa e rouca quando pronunciou a última palavra. — Eu sei que você sonha em mudar esse mundo, mas se serve de alguma coisa, saiba que você mudou o meu.
Entorpecida com as palavras, Anabele só percebeu que não estava sonhando quando sentiu os lábios dele tocarem os seus. Eram grossos, quentes e macios. Sua mente rapidamente esvaziou-se, enquanto seu corpo era inundado por uma deliciosa tensão. Sentia o frio percorrer sua espinha, ao mesmo tempo em que sentia seu coração ser aquecido. Não pensava. Apenas sentia.
Após algum tempo que Anabele não sabia definir, separaram-se.
Ele sorria carinhosamente e sussurrou:
— Lembre-me de onde paramos quando voltarmos para cá.
Anabele sorriu, tímida.
— Vou tentar não esquecer.
Henry agora a puxava pela mão.
— Vamos, a aniversariante não deveria chegar tão atrasada.
Ela riu, nervosa.
— Espero que você tenha um ótimo plano.
— Descobriremos em breve!
*
Caminhavam por um túnel muito escuro e estreito, pelo que podiam perceber. Anabele e Henry tinham as mãos dadas e ele ia à frente, tentando tatear as paredes.
Caminharam em silêncio, concentrados por longos minutos, até que, já ofegante, Henry parou.
— É aqui — sussurrou ele.
À frente deles, não havia mais para onde ir. Foi somente quando Henry soltou sua mão para agarrar algo a sua frente que Anabele percebeu uma pequena escada presa à parede. Voltariam à superfície por ela, concluiu.
Ela subiu logo atrás dele, que já empurrava uma pequena porta de pedra. O espaço era minúsculo, suficiente para que coubessem apenas os dois espremidos.
— Venha, precisamos ser rápidos agora.
Tiveram que engatinhar para passar por ela. Anabele percebeu que saíam de dentro da própria muralha.
Quando alcançaram o outro lado, ela não pôde evitar prender a respiração. Quanta luz e quanta beleza havia naquele lugar. Ela queria apreciar tudo, mas sabia que não poderia.
Estavam arriscando-se incrivelmente, e, portanto, precisaria fazer exatamente o que Henry dissesse.
Ele fechou a porta e observou por alguns instantes o local. Não viam uma única alma. Ergueram-se e correram silenciosamente em direção ao imenso palácio.
Estavam na parte de trás dele. Tudo o que podiam ver era ele de um lado e a muralha de outro. Aparentemente, ninguém passava por ali.
Henry puxou Anabele para perto de si.
— Está vendo aquele bosque além dos soldados? — Ele apontava para oeste de onde estavam. Com o corpo colado em um dos cantos do palácio, e esforçando-se para enxergar ao longe, podia ver um aglomerado de árvores.
— Sim — respondeu.
— Acha que consegue chegar até lá?
Anabele sentiu os ombros tencionarem.
— Talvez, mas teria que passar em frente aos soldados.
— Você está vestida como os ordinários que estão trabalhando no banquete. Se caminhar de cabeça baixa e apressada, não vão te parar. Do outro lado, é a entrada de serviço do palácio.
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Sombras do Medo
General FictionEm um futuro pós destruição em massa, provocada pelas guerras humanas e desastres naturais - para os quais os humanos também contribuíram grandemente - o mundo é dividido em 5 grandes regiões. Em cada uma delas vivem ordinários e singulares, pessoas...
Capítulo 17
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