Caminhando entre os outros túmulos, foi rápido deixar o cemitério. Não levei flores, na verdade, acho que nunca trouxe flores para visitar o túmulo da minha mãe. O diálogo sempre foi um ponto forte entre mim e ela então, apenas converso e instantaneamente, consigo ouvir o som da sua voz na minha cabeça. Na saída, avistei Noah. Ele estava sentado no capô do carro e com as mãos nos bolsos da blusa de mangas cumpridas. Seu sorriso singelo ao me ver, era bastante meigo. Andei até o carro, despreocupadamente.

— Como foi? — Noah perguntou, atencioso.

— Você sabe, um diálogo muito intenso com uma lápide que está recebendo as marcas do tempo. — tentei descontrair, juntando os dedos das duas mãos.

— Gostaria muito de ter conhecido a sua mãe. Já possuo uma grande admiração por ela, sem nem mesmo tê-la visto uma vez sequer. — comentou, sendo bastante sincero e cauteloso com as palavras.

— Ela teria amado você. — relatei, isso era um fato que poderia garantir.

— A julgar pelas nossas características físicas, ela se passaria facilmente pela minha mãe. Então, seria muito fácil me infiltrar na família. — brincou, sendo bastante complexo. Como sempre.

— Noah — segurei em uma das suas mãos, que havia abandonado o bolso da sua blusa — , que se dane os laços sanguíneos. Você é meu irmão. Você é a minha família. Sabe disso, não sabe?

— Eu sei. — sorriu, terno — Você me demonstra o seu amor de mil maneiras todos os dias e é por ele, que estou aqui. Vivo e respirando. — pensou um pouco — O que dá no mesmo.

  Eu o puxei para um abraço, o qual o loiro retribuiu carinhosamente. Amava Noah como um irmão. Noah me viu nos meus piores momentos, enxugou as minhas lágrimas e sempre foi o meu apoio, o meu amparo. Sinto como se ele fosse a minha alma gêmea, a minha outra metade. E ele era.

— Está com fome? — o loiro me perguntou assim que nos afastamos e escancarando o seu sorriso branco e maravilhoso, a curva mais linda.

— Na verdade, estou. — admiti, também sorrindo. Estar ali em Beaufort novamente e ao lado de Noah, era nostálgico e um sentimento esquentava o meu peito.

— Que tal irmos a Port Laker? — sugeriu, com um olhar bastante arteiro e o sorriso se esboçando de lado, bem pentelho.

— Faz um bom tempo fomos nesse lugar. — ri da sua expressão.

Port Laker era um dos meus lugares favoritos em Beaufort. Obviamente tinha as lembranças ruins, as quais eram obra do meu chefe atrevido e assediador, mas foi ali que conheci Noah e por isso, se tornou especial. Aliás, foi no dia da minha demissão.

— Então vamos. — decidiu, contente. Ele passou o braço em volta dos meus ombros e me guiou até o lado do carro, onde abriu a porta para que pudesse entrar. Geralmente não tínhamos disso, mas desde que engravidei, Noah tem sido tão cuidadoso comigo. Ele praticamente me proibiu de subir escadas, não entramos em nenhum estabelecimento que não tenha elevador e na minha casa, ele quase me carrega. Ele e Christopher me mandam flores e chocolates quase todos os dias e também, tudo o que tenho desejo de comer. Estou sendo muito mimada ultimamente. Christopher tem me levado para jantar em quase todos os restaurantes de Los Angeles, cada noite em um lugar diferente. De manhã, leva café na cama. Massagens nos pés e nas costas no final do dia. Presentinhos aparecem por toda a parte. Em cima da cama, na penteadeira, na sacada e na cozinha. Enfim, cada dia é uma surpresa diferente.

Se passaram vários dias desde que Noah retornou do seu coma. Um mês e meio mais ou menos. Os pais dele vieram procurá-lo, mas Noah os mandou embora. Ele e Ethan foram ao orfanato, um dos mais pobres de Los Angeles e começaram a conhecer as crianças. Noah havia se encantado por uma delas e Ethan também. Tinham praticamente certeza de que seria um garoto, que não era tão novo.

Esse Garoto é o Caos Vol.2 [CONCLUÍDO] Where stories live. Discover now