Capítulo 33

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KRISTEN

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KRISTEN

Katherine Lawrence
1980-2013
"Mãe amada e guerreira"

Sentada no chão e com o sol aquecendo a minha melanina, o som do fundo era apenas o barulho das folhas das árvores balançando e os pássaros cantando, o que é meio estranho em um cemitério. Quando penso em uma ave para esse tipo de lugar, geralmente me vem em mente um corvo preto e não pássaros coloridos e cantantes. Encarar uma lápide poderia ser mais mórbido do que normalmente é.

— Você me faz falta, mãe. — contraí os lábios em um sorriso, mesmo que fosse doloroso estar ali. — A senhora vai ser avó — toquei a lápide, um pouco emocionada — Ah, mamãe! Tantas coisas aconteceram na minha vida! Queria que estivesse aqui comigo. A nossa vida seria muito diferente. Não teria que trabalhar tanto, teria tempo para si e continuaríamos a assistir séries até tarde da noite.

  Fechei os olhos levemente e me reconectei com a dor, com a saudade e com as lembranças dela. Minha mãe, era querida e amada, dona de um coração enorme. Voltar a Beaufort foi ideia de Noah. E acho que foi uma excelente ideia.

— Eu disse que mudanças viriam — engoli seco, as vezes, paralisada, encarando o nome dela escrito naquela pedra. — Hoje, em Los Angeles, não existe mais a empresa Hayes, agora existe a empresa Lawrence. Em sua homenagem, mamãe.

  Retirei a minha mão da lápide e a coloquei em meu colo, olhando para o túmulo e pensando que, ela está ali, seus restos materiais estão ali e não são mais nada. Lembro do dia que ela foi enterrada, não tinha dor mais horrível do que saber que ela não ia voltar. Nunca mais.

— Eu fui para Los Angeles e muitas coisas aconteceram. Conheci o amor da minha vida, o pai do meu bebê. — sorri, encantada — No início, acho que você não teria aprovado o nosso namoro pela péssima fama dele, mas ele mudou e é um homem maravilhoso e que faz de tudo por mim. Vamos nos casar em breve.

As lembranças são o maior presente para o ser humano. Lembrar de momentos que foram únicos e com pessoas que não estão mais aqui. Porém, também podem ser a maior fraqueza. Nem todas as lembranças são boas e é a maior prova de que aquele momento existiu e ele te transformou de alguma maneira.

— Crescer sem você foi tão difícil, mamãe. — umedeci os lábios, que estavam um pouco secos. — Não tem um só dia que não pense em você. Está presente em todos os momentos, mesmo que apenas na memória. Gostaria muito que tivesse conhecido o Noah. — ri ao pensar em como ela teria gostado dele — Ele é o meu maior presente e agora, meu filho.

Conversei com essa lápide milhares de vezes. Já cheguei a me sentar perto dela, desesperada e chorando quando não sabia o que fazer e quando estava perdida, sem rumo e com um namorado obsessivo que praticamente me obrigava a namorá-lo. Conversar com a minha mãe sempre me fez bem, mesmo sabendo que a alma dela não habita mais... o que quer que ainda exista dela nesse túmulo. Me agarrei a essa lápide, com essa data e esse nome, com todo o meu coração quando a saudade bateu e estremeceu o meu mundo. A saudade dói, fragiliza e machuca, mas é a essência dos sentimentos.

Esse Garoto é o Caos Vol.2 [CONCLUÍDO] Where stories live. Discover now