Esse Garoto é o Caos Vol.2 [CONCLUÍDO]

Capítulo 31

KRISTEN

Com certeza, o estado que estou agora está longe de ser o ideal para mim, mas não tinha como reagir de outra forma. Não depois de todos esses meses de agonia e tortura psicológica, de preces, de esperança... Não. O ar era me devolvido como uma descarga elétrica e qualquer coordenação motora do meu corpo não funcionava direito. A felicidade, o alívio e a saudade sendo morta em um só instante me consumiam. Tudo o que desejei e almejei por meses, estava acontecendo e de todas as formas que pensei que me sentiria, foi ainda mais intenso.

— Ah, meu Deus! — levei a mão na boca ao ficar de pé abruptamente, permitindo o choro e olhando para Noah sem ao menos piscar. Ele estava de olhos abertos. Não dá para acreditar. — Noah! Você voltou!

— Você está de volta! — Ethan segurou a mão dele, aos prantos.

  Ele nos olhava, um tanto confuso e a julgar pelos traços se formando, parecia se esforçar para sorrir e não parava de engolir seco, devia estar com muita sede.

— Noah... — peguei a sua mão carinhosamente, apreciando a forma como o universo parecia ter parado naquele instante. — Não consigo acreditar. — o choro estava me consumindo e comecei a soluçar. Foram tantos dias e agora, ele está aqui. — Você está aqui.

— Você está aqui... — Com os lábios curvados e com o rosto molhado, Ethan não saiu do lado dele e nem deixou de olhá-lo, mesmo que estivesse com bastante dificuldade em dizer qualquer palavra que fosse.

— Kristen... — o loiro recém-acordado, disse o meu nome com uma dificuldade aparente. — O que está acontecendo? — senti sua mão apertar a minha.

— Você não tem noção... — usei a minha mão livre para limpar o rosto e tentar ter a mínima estabilidade emocional para poder conversar com ele. — Você ficou em coma por quatro meses.

— O quê? — ele enrugou a testa e fez uma careta, com uma voz um pouco mais firme. — Em coma?

— É. — Ethan confirmou — Não se lembra de quando foi atropelado?

— Atropelado? — repetiu, engolindo seco novamente e com o olhar perdido, como se tentasse lembrar.

— É muita informação. — olhei para Ethan, o alertando. — Não deveríamos chamar uma enfermeira ou o médico?

   Ainda não conseguia pensar com clareza, tudo estava misturado e a razão da minha sanidade e felicidade estava bem ali, finalmente de olhos abertos e fazendo perguntas.

— Eu vou chamar. — Ethan se afastou e saiu correndo do quarto, gritando pelas enfermeiras, desesperado, emocionado e aliviado. Conseguia escutar a sua voz, chamando por elas.

  Me concentrei em Noah e fiz o possível para manter as lágrimas trancadas, não era para estar chorando. Precisava deixá-lo calmo. Me inclinei em sua direção e passei os dedos pelo seu cabelo, enquanto os seus olhos curiosos me analisavam.